5 fatos sobre o racismo na educação brasileira
Confira sugestões de leitura e outros conteúdos para se aprofundar nesse debate necessário
O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, na véspera da comemoração do Dia da Consciência Negra no Brasil, escancarou, mais uma vez, a necessidade de falar sobre racismo.
Apesar de casos como esse, que não são exceção no país, além de tristes números que comprovam a desigualdade racial, uma parcela da sociedade ainda compra a ideia de que existe uma democracia racial no Brasil.
Se, por um lado, a educação é um caminho promissor para reduzir desigualdades e fortalecer a luta antirracista, por outro, o ensino no país reflete o preconceito enraizado, sendo mais uma esfera que precisa de mudanças para ajudar a construir uma sociedade mais justa.
Para entender o cenário e ampliar o debate sobre o tema, separamos 5 fatos sobre o racismo na educação brasileira. Confira também sugestões de leitura e outros conteúdos para se aprofundar na discussão.
1) Apenas 1 em cada 10 alunos de escolas privadas na cidade de São Paulo é negro
O jornal Folha de S.Paulo, com base no Censo Escolar de 2019, levantou o número de negros estudantes em escolas particulares. Os dados mostram que o desequilíbrio ocorre mesmo em distritos onde a fatia de estudantes pretos e pardos é alta. É o caso do Itaim Paulista, onde crianças e jovens negros são 49% dos estudantes, mas representam apenas 24% dos alunos das instituições particulares locais.
“A exclusão dos negros resultante dessa separação é um importante fator por trás da perpetuação da iniquidade de oportunidades que prejudica a população negra no país”, aponta a reportagem do jornal.
Confira mais dados do levantamento neste link.
2) Analfabetismo entre negros é quase o triplo que entre brancos
De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua Educação 2019, no ano passado, 3,6% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas. Já entre pessoas de cor preta ou parda, a taxa chega a 8,9%.
Reportagem do Uol falou mais sobre os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e conversou com os especialistas sobre o que os números indicam. Confira aqui.
3) Personagens negros são apagados dos currículos escolares
Em entrevista à BBC News Brasil, Heloise Costa, mestre em relações étnico-raciais e professora de Língua Portuguesa, afirma que o Brasil ainda se apresenta ao mundo como “o resultado de uma mistura harmoniosa de raças”, fazendo com que o combate ao racismo não seja uma prioridade no país.
Segundo a especialista, a educação formal brasileira “fortalece a ideia de uma humanidade branca universal, que nada mais é do que o olhar europeu sobre o mundo”. Um desses aspectos é a omissão de personagens negros relevantes para a história nacional dos currículos escolares. Heloise exemplifica que os alunos não têm conhecimento a real dimensão do Quilombo dos Palmares.
4) Em 2019, pela primeira vez, negros são maioria nas universidades públicas
A pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, divulgada pelo IBGE no ano passado, mostrou que, pela primeira vez, o índice de alunos pardos e negros matriculados em universidades públicas brasileiras superou a taxa de alunos brancos, alcançando 50,3%. O estudo também apontou que outras taxas educacionais melhoraram entre a população negra desde 2016, como a diminuição do abandono escolar e o aumento do ingresso no Ensino Superior.
Mas é importante pontuar também que negros e pardos representam 55,8% da população brasileira e, portanto, por mais que sejam maioria nas universidades públicas e tenham tido avanças em taxas educacionais, ainda estão proporcionalmente subrepresentados.
+ Saiba mais sobre cotas raciais: quem pode, de fato, concorrer como PPI
5) Número de professores negros no ensino superior cresce a passos lentos
De acordo com dados da plataforma Quero Bolsa, a partir dos resultados do Censo da Educação Superior, o Brasil tinha 60.194 professores negros no ensino superior em 2014, o que representava 15,2% do total. O número subiu para 65.249 em 2018. Assim, o percentual de professores negros no ensino superior ficou em 16,4%.
Segundo especialistas, esse crescimento lento em relação ao número de docentes negros no ensino superior é resultado de falta de mais ações afirmativas na contratação de profissionais da educação, assim como acontece em outros setores do mercado de trabalho.
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