Estudantes de todo o país têm feito uma campanha nas redes sociais pedindo o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A hashtag #adiaEnem chegou ao primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter. Nas solicitações, os estudantes afirmam que não se sentem seguros para fazer o exame, em meio à alta de casos da covid-19.
Na sexta-feira (08) a Defensoria Pública da União pediu à Justiça o adiamento das provas do Enem marcadas para 17 e 24 de janeiro. Assinam a ação contra o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep ) e o Ministério da Educação (MEC): a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e as entidades Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Educafro.
A campanha surgiu após a solicitação do secretário de Educação da Bahia, Jerônimo Rodrigues, pelo adiamento da prova ser negada pelo Inep. O pedido foi feito no dia 28 de dezembro, mas o órgão respondeu que manteria as datas já definidas e que todas as medidas de segurança estão sendo tomadas para garantir a realização da prova.
Pode adiar?
Em entrevista ao GUIA, Alexandre Lopes, o presidente do Inep garantiu que não havia planos para uma remarcação de datas:
“Estamos preparados para aplicar a prova durante o ambiente de pandemia. No nosso ponto de vista, não há necessidade de um novo adiamento, até por causa do calendário das universidades, que começa no primeiro semestre de 2021 e utiliza as notas do Enem”, afirmou o presidente. “Os locais de provas já estão todos preparados e as provas já estão a caminho dos destinos desde o dia 11 de dezembro”, disse.
Em outra entravista, Bastos divulgou um vídeo em que fala sobre as medidas sanitárias sem mencionar diretamente a mobilização dos estudantes.
Já o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista para a CNN Brasil que o Enem não será adiado em função da pandemia da covid-19 que minoria quer adiamento.
Para complicar o cenário, o diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, general Carlos Roberto Pinto de Souza, 59, morreu na segunda-feira (11) por complicações da Covid-19. A diretoria comandada pelo general é responsável pela elaboração do Enem.
Entidades estudantis
A União Nacional dos Estudantes (UNE) encabeça a campanha do #adiaEnem nas redes e pede que a prova não seja realizada nos dias 17 e 24 de janeiro, como definido, por colocar em risco a segurança dos candidatos e também dar margem às desigualdades sociais.
Na prática o que @jairbolsonaro está fazendo é tirar milhares de jovens, sobretudo os oriundos de escola pública, das universidades. Primeiro o governo não deu assistência para os estudantes terem aulas remotas, agora o MEC quer realizar o Enem sem nenhuma segurança. #adiaenem
— União Nacional dos Estudantes – UNE (@uneoficial) January 4, 2021
Para a organização, é dever do Ministério da Educação garantir o ensino remoto de qualidade a todos os brasileiros durante a pandemia, e tal responsabilidade também se estende a realização do Enem. Nesta edição, mais de 5,7 milhões de estudantes estão inscritos na prova.
Esperava-se que o MEC estivesse na linha de frente propondo e coordenando um Grupo de Trabalho com ações estratégicas e investimentos que buscassem reduzir as desigualdades aprofundadas pela pandemia, seja no decorrer do ano letivo ou na realização da prova do ENEM. #AdiaEnem
— União Nacional dos Estudantes – UNE (@uneoficial) January 4, 2021
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) enumera motivos para o adiamento da prova, focando nas questões de segurança. Nas últimas semanas, um aumento significativo no número de casos da covid-19 tem causado situações de calamidade nos hospitais públicos e privados. Em Manaus, uma das cidades mais afetadas no momento, autoridades locais solicitaram apoio do Ministério da Saúde em meio à superlotação hospitalar.
Por que ADIAR O ENEM? #AdiaEnem
– vários estudantes não tiveram acesso à internet pra estudar
– a desigualdade educacional aumentou
– estamos sem a vacina da COVID-19
– alta no número de casos da doençaO MEC nunca ouviu os estudantes e por isso estamos nessa situação.
— União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (@ubesoficial) January 4, 2021
A presidente da Ubes, Rozana Barroso, relembra as diversas polêmicas que a realização do exame tem passado nos últimos meses.
Eu quero fazer o ENEM, quem não quer deixar é o Governo Bolsonaro que não apresentou saídas seguras pra realização da prova. Calendários confusos, datas sem explicação, falta de diálogo entre ensino básico e superior. Uma das formas mais cruéis de destruir sonhos. #adiaenem
— Rozana Barroso (@RozanaBarroso) January 4, 2021
Estudantes acusam negligencia por parte do MEC
Em junho do ano passado, uma enquete feita pelo Inep perguntava aos inscritos qual seria o melhor momento para a realização do exame. De acordo com os dados divulgados, cerca de 1,1 milhão de participantes votaram, de forma voluntária, entre os dias 20 e 30 de junho, e decidiram que a melhor opção seria realizar a prova no mês de maio, com o Enem impresso nos dias 2 e 9, e o Enem Digital nos dias 16 e 23 do mês.
Entretanto, no mês seguinte, o instituto definiu que a prova seria realizada já em janeiro de 2021, com a versão impressa ocorrendo nos dias 17 e 24, e a digital, nos dias 31 e 7 de fevereiro.
A maioria dos estudantes, por enquete feita pelo governo, decidiu que a melhor data para o Enem seria maio. A ciência orienta evitar aglomerações. Nesse sentido, realizar o Enem antes da vacina é ,além de irresponsabilidade, um ato de desrespeito à voz estudantil. #adiaenem
— Duda Salabert 🌳 (@DudaSalabert) January 4, 2021
PQ ADIAR O ENEM? – A maioria das instituições educacionais públicas ficaram sem aula, aumentando a desigualdade no Exame; – Estamos sem a vacina da COVID-19 e estamos com alta no número de casos da doença, o adiamento preserva a proteção dos alunos; #adiaenem pic.twitter.com/04Nvmbt8UK
— Janaina Martins (@Janaina58786792) January 5, 2021
Meu sonho de entrar em uma universidade está sendo roubado. Adiar o enem é pensar nas minorias, além de não colocar a nossa saúde e segurança e à dos nossos familiares em risco. A nossa voz precisa ser ouvida.
EU QUERO ENTRAR NA UNIVERSIDADE! #AdiaEnem pic.twitter.com/Ai2ij35qzT— Nataly Silva 🦋 (@falanataly) January 4, 2021
Segundo informações do jornal O Globo, 178,5 milhões de reais foram disponibilizados para garantir as medidas de segurança dos inscritos na hora da prova, como a compra de álcool em gel e o aluguel de salas. Entretanto, a verba não foi utilizada pelo MEC e, procurado pela redação do jornal, o Inep não quis comentar o assunto.
Além de o estudante estar nervoso com:
– Futuro;
– Profissão;
– Fazer uma boa prova;
– Redação.Ele vai ter que também estar com medo de:
– Não se contaminar nem ninguém ao redor;
– Não levar covid pra casa;
– Se tem leito nos hospitais.Não é justo nem razoável.#adiaenem
— Zé Gotinha Detrator (@dantaffa1) January 4, 2021
Deputados têm expressado apoio ao movimento de adiar o exame e se juntaram a hashtag #adiaEnem. Luciana Genro e Sâmia Bomfim, ambas do PSOL, declaram apoio ao pedido dos estudantes.
São quase 6 milhões de inscritos no ENEM após um ano em que a pandemia escancarou as dificuldades do ensino à distância na rede pública. Não é possível realizar a prova em janeiro, após dezembro ter registrado aumento de 65% nas mortes por Covid em relação a novembro. #AdiaEnem pic.twitter.com/10FLlSOccj
— Luciana Genro (@lucianagenro) January 5, 2021
O governo não tem um plano de vacinação em massa e o nosso país se aproxima das 200 mil mortes em função da pandemia. São quase 6 milhões de inscritos no ENEM deste ano, adiá-lo é o mínimo para preservar vidas! #AdiaEnem
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) January 4, 2021
Até o momento, o Ministério da Educação e o Inep não se posicionaram ou alteraram qualquer informação sobre a data ou a realização da prova. A partir da manhã nesta terça-feira (5), o Cartão de Confirmação de Inscrição já pode ser acessado na página do participante e nele o estudante pode encontrar o seu local de prova.
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