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Além da Ucrânia: livros para entender outras guerras que estão acontecendo

Segundo a ONU, a maior tragédia humanitária da atualidade acontece no Iêmen, em guerra há sete anos

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 19 Maio 2022, 18h17 - Publicado em 22 mar 2022, 18h09

A Ucrânia atravessa, desde o final de fevereiro, uma guerra que já matou centenas de civis e transformou outros milhares em refugiados. Ameaças de ataques nucleares, com ares de Guerra Fria, voltaram a ser ventiladas pela Rússia. Como não poderia deixar de ser, o conflito mobilizou as atenções do mundo todo. Mas a Guerra na Ucrânia está longe de ser a única que devasta cidades e populações na atualidade.

Iêmen, Síria, Etiópia, Mianmar e Afeganistão estão entre os países que vivem, neste instante, disputas violentas envolvendo religião, movimentos separatistas, etnias divergentes e governos autoritários. Neste texto, o GUIA DO ESTUDANTE lista três destes conflitos e indica obras que ajudam a compreendê-los.

Iêmen

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a guerra que já dura sete anos no Iêmen é a crise humanitária mais grave do mundo. As tensões tiveram início em meados de 2011, durante a Primavera Árabe, quando o líder autoritário Ali Abdullah Saleh foi deposto depois de mais de três décadas no poder. Quem assumiu o governo foi seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, mas a troca não foi vista como efetiva por parte da população em especial pelos houtis, uma parcela minoritária que dali a quatro anos seria responsável por uma verdadeira convulsão social no país.

Os houtis são uma minoria dentro uma minoria. Trata-se de um pequeno movimento religioso e político dentro do xiismo, corrente minoritária do islamismo que diverge do sunismo. Os houtis controlaram o Iêmen do Norte entre 1918 e 1962, mas acabaram depostos e afastados do poder por décadas. Com a Primavera Árabe e a instabilidade do governo que se sucedeu, o grupo encontrou espaço para se rebelar e dar início a uma guerra civil no Iêmen a partir de 2015.

+ Primavera Árabe: tudo o que você precisa saber

No livro “Primavera Árabe: praças, ruas e revoltas“, Fernando Brancoli, professor de Segurança Internacional e de Geopolítica do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da UFRJ, traça um panorama da insurreição que atravessou diversos países árabes em 2011, entre eles o Iêmen. O livro ajuda a compreender os governos autoritários derrubados pela onda revolucionária e revela como outros atores, especialmente do ocidente, estão relacionados aos conflitos. 

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Síria

Também com raízes na Primavera Árabe, a Guerra na Síria completou, em 15 de março, exatos 11 anos de duração. Foi nesta data, há mais de uma década, que a população síria se rebelou pela primeira vez contra o presidente Bashar al-Assad. A repressão ao movimento deu origem a uma guerra civil que provoca, ainda hoje, uma das maiores crises migratórias da história: de acordo com a ACNUR (Agência das Nações Unidas para os Refugiados), eram 6,8 milhões de refugiados sírios em 2021.

+ Entenda as causas do conflito na Síria

Apesar da devastação do país, Assad resistiu às pressões e segue como presidente em exercício, graças ao apoio de nações como Rússia e Irã. Com o passar do tempo, outros fatores também entraram em jogo. O grupo terrorista Estado Islâmico aproveitou-se da instabilidade no país e passou a migrar do Iraque para a Síria a partir de 2013. Além disso, grupos curdos (a maior nação sem Estado do mundo) valeram-se do cenário para tomar o controle de territórios, reivindicar sua autonomia e reforçar a oposição a Assad. Não há sinais de que a Guerra na Síria se aproxima do fim.

O livro “Lua de Mel em Kobane“, publicado em 2017 pela jornalista Patrícia Campos Mello, costura todos esses atores envolvidos na Guerra na Síria curdos, Estado Islâmico, Rússia e nações ocidentais a partir da história de um casal de refugiados sírios que se apaixona pela internet e resolve retornar ao seu país. Eles se instalam na cidade de Kobane, sitiada pelo Estado Islâmico.

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Mianmar

Em 1º de fevereiro de 2021, os cidadãos de Mianmar, país do sudeste asiático, assistiram ao avanço dos militares e à derrocada de um projeto político que mirava a democracia plena. A conselheira de Estado e vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, foi presa, com seu partido acusado de fraudar as eleições legislativas que haviam ocorrido poucos meses antes.

A deposição da líder foi considerada um golpe, rompendo com um arranjo político que desde 2011 visava a transição para um sistema democrático. Mianmar, que já se chamou Birmânia no passado, tem um longo histórico de ditaduras, e a mais recente delas durou de 1962 a 2011. Agora, o país vive novamente sob o autoritarismo dos militares e o cerceamento de direitos.

+ Mianmar: entenda o golpe de Estado e a história do país

Aung San Suu Kyi foi condenada a dois anos de prisão no final de 2021 por incitar a população a resistir ao golpe militar. No último ano, rebeldes organizaram-se contra o regime e promoveram atentados contra autoridades. Alguns especialistas já leem a situação de Mianmar como uma guerra civil.

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Por meio de histórias em quadrinhos, o canadense Guy Delisle narra em “Crônicas Birmanesas” o cotidiano no país que mesmo em seus melhores momentos viveu sob a sombra da ditadura. O livro foi lançado em 2012, quando Mianmar começava a transicionar para fora do regime militar, mas deixa entrever a fragilidade política do país.

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Além da Ucrânia: livros para entender outras guerras que estão acontecendo
Segundo a ONU, a maior tragédia humanitária da atualidade acontece no Iêmen, em guerra há sete anos

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