Neste início de abril, completam-se 42 anos que os argentinos entraram em guerra com os britânicos pela posse de um arquipélago no Atlântico Sul. A Guerra das Malvinas, em 1982, marcou o cume de uma disputa de quase 200 anos entre Argentina e Reino Unido. A Argentina reivindica internacionalmente o domínio sobre as Ilhas Malvinas, arquipélago situado a 480 quilômetros do litoral sul do país. O Reino Unido chama o local de Falklands Islands.
A história das ilhas é movimentada. O primeiro a aportar oficialmente no arquipélago foi o capitão inglês John Strong, em 1690. Depois, elas foram colonizadas por franceses e, posteriormente, vendidas à Espanha. Com a independência do domínio espanhol, em 1816, os argentinos declararam a sua soberania sobre as Malvinas. Mas isso durou pouco. Em 1833, a Marinha britânica tomou posse das ilhas, importante para o controle das águas do Atlântico sul. Desde então, esse é um fator de tensão entre a Argentina e os britânicos.
Crise da ditadura argentina
No início dos anos 1980, a Argentina vivia a crise de seu regime militar, um dos mais repressores instalados na América do Sul. Estabelecido por um golpe de estado em 1976, e responsável por milhares de mortes, o regime se via desgastado, principalmente pela crise econômica que o país vivia e pela atuação dos grupos contra a repressão militar, que envolvia amplos setores da sociedade civil.
A decisão de ocupar militarmente as Ilhas Malvinas foi tomada pelo general Leopoldo Galtieri, então presidente, na tentativa de desviar a atenção da população dos problemas internos do país para um “inimigo externo”, representado pelo Reino Unido, e de unir os argentinos em torno do regime, na luta pela retomada de um território histórico do país (uma aspiração que atravessava gerações).
Em 2 de abril de 1982, o Exército argentino decidiu invadir e ocupar o arquipélago. Com isso, deu início à guerra.
Reação dura de Thatcher
No momento em que o conflito eclodiu, o Reino Unido era governado pela primeira-ministra Margaret Thatcher, do Partido Conservador. Era ainda o início de seu mandato, e sua reação foi dura e rápida: resolveu de imediato mobilizar suas forças de guerra, uma das heranças do antigo Império Britânico. Uma frota naval muito superior às forças argentinas avançou para o arquipélago, e os confrontos começaram em 30 de abril.
As forças argentinas, com muito menos poderio bélico, foram derrotadas em algumas semanas, e a Argentina rendeu-se em 14 de junho de 1982. Ao final do conflito, morreram 649 soldados argentinos e 255 britânicos.
As forças britânicas receberam apoio diplomático dos Estados Unidos e do Chile, governado pelo ditador Augusto Pinochet, amigo de Thatcher. O resultado da guerra deixou os argentinos furiosos com o regime militar e acelerou o seu final.
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Domínio britânico nas Malvinas
Mesmo sendo um arquipélago muito próximo da Argentina, o argumento usado pelos britânicos para manter o domínio sobre as ilhas é o de que seus habitantes, conhecidos como kelpers, preferem ficar ligados ao Reino Unido, na qualidade de território ultramarino. As ilhas têm 2,5 mil habitantes, em 12,1 mil quilômetros quadrados de extensão. A base da economia local é a criação de ovinos e a pesca.
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Para os britânicos, além da importância como base para sua frota naval, as Malvinas têm um atrativo extra: foram descobertas reservas de petróleo no território há cerca de 15 anos. Naturalmente, cresceu também o interesse argentino. Em referendo realizado nas ilhas, em março de 2013, com 1,5 mil participantes, 99,8% votaram a favor de que as ilhas continuem a ser britânicas. A então presidente da Argentina, Cristina Kirchner, não reconheceu a realização do pleito, mantendo a posição de que as Malvinas são argentinas. A tensão continua até hoje.
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