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Censo Demográfico: o levantamento que mede e impacta a realidade do Brasil

Entenda a importância da pesquisa realizada pelo IBGE e como o apagão de dados afeta políticas públicas e a qualidade de vida da população

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 28 jul 2022, 15h18 - Publicado em 12 abr 2022, 12h28
O IBGE é o órgão responsável pela realização do Censo Demográfico
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) durante o primeiro teste preparatório do Censo Demográfico 2022, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. (Tânia Rego/Agência Brasil)
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No Brasil, a cada dez anos, são aplicados questionários em diversos domicílios do país para um levantamento estatístico sobre a população e sua qualidade de vida em todo o território nacional. É o chamado Censo Demográfico e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é o órgão responsável por esse trabalho.

Em resumo, são dados sobre emprego, saúde, escolaridade, saneamento, condições de vida, entre outros. Essas informações vão orientar o desenvolvimento de políticas governamentais, além de dar às empresas e aos cidadãos a compreensão da realidade e da situação do país.

“O Censo é um processo derivado do Recenseamento que, milênios atrás, fazia a contagem de pessoas de determinado território para otimizar sua administração. Com o passar do tempo e com a evolução das técnicas e tecnologias, a contagem de pessoas se somou ao levantamento de dados sobre a mesma população, fazendo do Censo um importante instrumento para se conhecer o local administrado”, explica Renato Piton, professor de Geografia do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP).

Impacto do Censo na sociedade

Com os resultados do Censo Demográfico, as diferentes esferas governamentais podem estabelecer políticas públicas que vão de encontro às reais necessidades da população e impactam a qualidade de vida das pessoas. Se houver um crescimento mais significativo da população idosa, por exemplo, as políticas de saúde deverão dar uma atenção especial para a medicina diagnóstica e gerontologia. Além disso, é possível perceber as desigualdades regionais e buscar políticas que visam o desenvolvimento das áreas mais carentes do Brasil.

Em outras palavras, ele responde perguntas simples e essenciais como: “quantos?”, “onde?”, “para quem?”, ou mesmo “para quem primeiro?”. A distribuição de verbas para programas e criação de agendas dependem diretamente desses dados.

“Ter dados atualizados é importante para conhecer a realidade e para a discussão e definição dessas políticas. É preciso saber quais regiões e locais, áreas e faixas etárias precisam de mais investimentos, assim como o setor específico, como educação, saúde, previdência, e assim por diante”, diz Fabiana Pegoraro Soares, coordenadora de Geografia do colégio Rio Branco.

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O “apagão” de dados e as consequências da defasagem

Como já mencionado, o Censo acontece a cada 10 anos e o último foi realizado em 2010. Um novo levantamento deveria ser realizado no ano de 2020, porém foi adiado em função da pandemia de Covid-19. No ano seguinte, foi novamente suspenso por falta de recursos, já que o Orçamento de 2021 não previa verbas para sua realização. Acabou ficando para 2022. Segundo o IBGE, a coleta do próximo Censo será feita entre os meses de agosto e outubro deste ano. 

O adiamento da pesquisa deixou o país com um “apagão” de dados de mais dois anos. Para se ter dimensão do impacto, basta pensar em quanto o país mudou nos últimos 12 anos. Certamente, o Brasil não é mais o mesmo de 2010, em números e realidade. 

A década de 2010 foi muito dinâmica, com crises econômicas, políticas e sanitárias (não só o covid-19, como também dengue, zika e a chikungunya) e isso afetou as taxas de natalidade e mortalidade da população. “Com o Censo poderemos saber de fato como isso impactou o país. Além disso, foi ao longo dessa década que os smartphones popularizaram e esse avanço tecnológico também tem impactos demográficos, que o Censo revelará. Como o último Censo foi em 2010, ele mostra um país com a realidade da década de 2000”, explica Paulo Inácio Vieira Carvalho, Coordenador de Geografia do Colégio Etapa.

A defasagem dos dados tira a precisão demográfica e, com isso, o poder público passar a trabalhar com arredondamentos e outras instâncias de análises que reduzem a exatidão das ações, impactando as políticas públicas e, consequentemente, a qualidade de vida da população nos mais diversos lugares do país. 

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Um exemplo prático é a própria vacinação contra a covid-19. Em entrevista ao Jornal da USP, o epidemiologista Paulo Lotufo avaliou que a campanha poderia ter sido mais ágil caso o país tivesse dados populacionais atualizados. “Nós temos que saber exatamente o número de crianças na faixa etária das doenças imunopreveníveis, porque nós precisamos comprar vacina, precisamos ter um estoque de vacina, pois elas são caras e lábeis”, afirmou.

A população brasileira hoje, segundo o teste do Censo 2022

Entre 4 de novembro de 2021 e 12 de fevereiro de 2022, foi realizado o Teste Nacional do Censo Demográfico 2022. A experiência é inédita e mais de 111 mil pessoas, de todos os estados e do Distrito Federal, foram ouvidas.

Os primeiros resultados já apontam que há mais mulheres (57.514, ou seja, 51,7% do total) do que homens (53.670 – 48,3% do total) na população brasileira.

Além disso, dependendo da região, um em cada quatro habitantes é idoso. A população idosa, de 60 anos ou mais, chegou em 18.575 pessoas, ou 16,7% do total de recenseados. Para se ter uma ideia, no Censo Demográfico 2010, somente 10,8% da população estavam nessa faixa etária.

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Durante o levantamento, 59.535 endereços foram visitados e 39.477 deles estavam ocupados por moradores. Em média, cada lar tinha 2,9 moradores.

O IBGE

O IBGE se apresenta como o “principal provedor de dados e informações do país que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal”. Ou seja, é o órgão responsável pela coleta, análise e divulgação de dados envolvendo a população e o território brasileiro.

Criado em 29 de maio de 1936, o que marca também o Dia do Geógrafo no Brasil, o instituto vem evoluindo suas técnicas para manter a população atualizada em relação à realidade que a cerca, sobretudo em mapas e números. Outra importância do instituto, segundo Renato Piton, professor do Oficina do Estudante, é a credibilidade. “Em época de disseminação de informações sem fundamentação teórica ou intencionalmente mentirosas, ter uma fonte com histórico de responsabilidade com a ciência e dados nos conforta e oferece grande arcabouço teórico confiável.”

Como os vestibulares podem explorar dados?

Os vestibulares geralmente utilizam dados oficiais sobre a população brasileira publicados ao longo da década para contextualizar as questões. E o IBGE, por ser uma grande fonte de levantamento de dados, pode contribuir para a formulação de questões para o vestibular.

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“Não haverá tempo hábil para o levantamento de dados pensando no Enem ou vestibulares para os ingressos de 2023. Não é por isso que o Censo deva ser ignorado pelo vestibulando”, afirma Renato Piton. O professor de Geografia destaca que, pelo contrário, os recentes entraves envolvendo o Censo podem colocá-lo em destaque e o candidato deve estar atento “ao seu processo, funcionamento, importância, histórico e expectativas”,.

Fabiana Pegoraro Soares, do colégio Rio Branco, também explica que esses dados costumam ser explorados, sobretudo, nas questões que envolvem políticas públicas, economia e qualidade de vida, nas diferentes áreas do conhecimento. Também são utilizados em questões que exigem interpretação de gráficos de diferentes tipos e mapas.

+ Por que é importante ficar de olho nos dados do IBGE para o vestibular 

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