Como guerras atuais aparecem nos vestibulares
Além da Guerra na Ucrânia, veja como estudar as tensões que têm ocorrido ao redor do mundo
O estudante que está ligado no noticiário tem acompanhado, diariamente, os desdobramentos da Guerra na Ucrânia. As consequências sociais, políticas e econômicas do conflito, entre elas a questão energética, têm impactado o mundo todo. Mas e os vestibulares diante desse cenário? Como as provas podem tratar dessa e de outras guerras em andamento?
De prontidão, o professor de Geografia e Atualidades do Anglo, Sebastian Alvarado, esclarece que os vestibulares não costumam abordar um conflito em si, como tema central de uma questão, mas sim o contexto geopolítico dele. Isso significa que as provas buscam avaliar se o estudante é capaz de identificar quais são as origens e motivações de rivalidade entre dois ou mais países e como isso pode desencadear em uma guerra de fato.
Recentemente, vimos uma escalada nas tensões entre China e Taiwan, com envolvimento dos Estados Unidos como agravante. As provas, no entanto, não exigiriam do candidato informações recentes sobre o caso, mas possivelmente perguntaria a respeito de suas origens – que, neste caso, remontam ao contexto da Revolução Chinesa.
Fora a circunstância histórica, vale ficar atento aos aspectos religiosos, étnicos, políticos, econômicos e geográficos que podem estar em disputa. Isso vale para todos os casos de conflitos em âmbito internacional.
Por último, uma informação para respirar aliviado: informações pontuais, como o número de mortos na guerra ou qual presidente falou uma frase polêmica sobre o conflito nunca vão ser cobradas, pontua o professor. Ou seja, nada de decoreba sobre dados.
O que há de comum entre todos os conflitos
Na análise do contexto geopolítico, é importante pensar nos interesses essenciais comuns a todos países. Segundo Sebastian, são eles: a energia, a matéria-prima tanto para finalidade industrial como bélica, e o escoamento de produção – ou seja, como o país vai distribuir para o restante do mundo seus produtos e, assim, conseguir vantagens econômicas.
Além desses, ainda existe um aspecto defendido por qualquer país: a integridade territorial. “Toda nação quer manter o seu território do mesmo tamanho e evitar movimentos que incitem o separatismo na sua região”, explica o professor.
O conselho de Sebastian é que o estudante dê atenção a esses quatro pilares – energia, matéria prima, escoamento e território – na hora de pesquisar sobre qualquer país ou tensão internacional. A compreensão desses interesses nacionais, compartilhado por todos, também pode ajudar a fugir da dicotomia entre a “nação boazinha” e a “nação vilã” e fazer uma análise muito mais aprofundada sobre rivalidades e lutas armadas.
O que as provas cobram sobre guerras
Outra exigência dos vestibulares ao tratar de guerras é o conhecimento da localização. De acordo com o especialista, o estudante precisa ser capaz de identificar o centro do conflito dentro de um mapa e, a partir disso, analisar quais são os países vizinhos desses que estão em guerra e se o conflito pode se espalhar ou não.
Um caso recente pode exemplificar como se dão os desdobramentos ao redor de uma luta armada. Em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, em maio de 2022, a Finlândia e a Suécia, que também estão bem próximos do território russo, entraram no processo de adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) . Os pedidos para entrada na aliança militar ocidental envolve atores internacionais importantes como os Estados Unidos e outros países-membros da Otan. Esse caso pode ter outros desdobramentos, que os alunos devem ficar atentos.
Outro aspecto na linha das consequências que merece atenção dos candidatos é a questão dos refugiados. “O aluno deve olhar para o número de pessoas que precisaram fugir do seu país por falta de condições de saúde, alimentícias e de segurança e também olhar no mapa, mais uma vez, e pensar quais países têm maior probabilidade de receber esses refugiados e como eles vão ser acolhidos ou não nesse novo ambiente”, explica o professor de Geografia.
Como Rússia e a Ucrânia já caíram no vestibular
Em 2022, uma questão da segunda fase da Unicamp tratou da importância do Mar Negro para a Rússia, a partir do episódio de disputa pela Crimeia, em 2014. “A banca não queria saber sobre o conflito da anexação da Crimeia. O aluno, a partir do conhecimento geográfico, deveria explicar qual é o interesse sobre o Mar Negro”, explica o professor Sebastian.
Veja a resolução da questão acima feita pelos professores do Anglo neste link
Como conflitos internacionais aparecem no Enem
O caso do Enem é ainda mais específico, já que a prova é feita com bastante antecedência a partir de um banco de questões previamente aprovado. É possível, por exemplo, que a prova trate da questão do mar do sul da China, mas, segundo o professor, o exame não questionará sobre um possível conflito entre o país e Taiwan.
A tendência é que o exame trate de conflitos que tenham raízes mais antigas, como é o caso da Guerra na Síria, que teve início em 2011 com a Primavera Árabe, uma onda de manifestações populares contra governos autoritários que se espalhou por países do Norte da África e do Oriente Médio.
Na Síria, especificamente, os protestos ocorreram contra o governo de Bashar al-Assad, no poder desde 2000 e membro de uma família que governa o país há décadas. Quando a pressão popular intensificou-se, o presidente reagiu reprimindo as manifestações com violência militar. Ele também acusava a existência de milícias rebeldes e mercenários entre os civis tentando um golpe de Estado. Não demorou muito para que uma guerra civil envolvendo também outras nações tomasse o país, com o envio de recursos financeiros, armas e até mesmo soldados estrangeiros.
Quais conflitos estudar
Apesar de mobilizar as atenções do mundo todo, a Guerra na Ucrânia está longe de ser a única que devasta cidades e populações na atualidade. O professor Sebastian chama a atenção para a disparidade entre a cobertura da mídia de conflitos envolvendo países subdesenvolvidos em comparação a guerras com países mais ricos. Também é perceptível que conflitos que ocorrem em sociedades brancas costumam ser muito mais alardeados do que aqueles que envolvem sociedades negras. “Podemos alegar que isso é um reflexo de um uma construção de narrativa racista e xenofóbica”, diz o professor.
Ele explica que o vestibular não vai cobrar uma guerra que é de conhecimento muito restrito, mas existem conflitos que quase não têm espaço no noticiário e que os estudantes devem ficar atentos. É o caso da Guerra do Iêmen, o conflito muito antigo entre Israel e Palestina e as tensões em Mianmar.
+ Além da Ucrânia: livros para entender outras guerras que estão acontecendo
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