Como superar o medo de falar em público
Grupo de debates da Universidade de São Paulo explica técnicas que podem ser utilizadas para vencer essa fobia social
O suor excessivo nas mãos, coração mais acelerado, gagueira momentânea, perda da linha de raciocínio: esses são alguns dos sintomas mais frequentes da glossofobia, mais conhecida como medo de falar em público. Essa fobia social afeta 32% das pessoas, segundo estudo publicado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Como consequência, o problema pode interferir no desempenho de relações profissionais ou acadêmicas. Porém, existem técnicas para superá-lo.
Um dos casos mais discutidos recentemente, que mostra como a dificuldade em falar em público pode atrapalhar uma pessoa, é o da participante Thaís Braz, do Big Brother Brasil 2021. Ela chamou a atenção nas redes sociais por apresentar, em diversas ocasiões, uma certa dificuldade de se expressar quando o programa está ao vivo.
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Sobre a Thais: quem fez essa seleção?? A menina não sabe articular uma frase !! Entrou porque tava sobrando vaga??
— astridfontenelle (@astridfontenell) March 2, 2021
Tadinha da Thais ela sabe o que quer falar porém não consegue se expressar direito e colocar pra fora
— Kevinho (@kevinho) March 2, 2021
thais do bbb pic.twitter.com/iJS0T3ixnb
— ؘ (@vcutyh) March 2, 2021
A mãe da participante saiu em defesa da filha num texto compartilhado nas redes sociais. “É completamente normal uma pessoa ficar nervosa para falar no ao vivo, para milhões de pessoas e com um apresentador te pressionando. Tenho certeza que a maioria de vocês também ficaria assim”, escreveu Elis Maria.
GUIA conversou com o USP Debate, grupo formado por alunos de diversos cursos da Universidade de São Paulo (USP), para saber algumas técnicas utilizadas por eles em debates competitivos, que podem ajudar quem deseja superar o medo de falar em público.
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Segundo Jessika Peixoto, presidente da equipe e estudante da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), um dos principais pontos é prestar atenção ao que o outro fala. Desse modo, fica mais fácil construir argumentos em uma conversa. Porém, não basta fazer apenas isso.
Muitos não se sentem à vontade para discursar em público, fator que pode estar diretamente relacionado à falta de segurança. Uma maneira de melhorar essa sensação é evitar, durante uma apresentação, procurar o apoio de pessoas que estão ouvindo o discurso, essa é a avaliação de Fabiano Belloube, diretor comercial do USP Debate e também aluno da FFLCH. “Buscar na plateia indícios de aprovação negativa ou positiva é um erro comum. O respeito por parte da audiência é uma consequência da relação consigo mesmo. Não podemos depositar a nossa autoconfiança em interpretações subjetivas”, afirma.
Quando começou a participar de competições de debates, Jessika se sentia muito desesperada. O nervosismo era tão grande que às vezes ela até reclamava de dores no corpo. Com o passar do tempo, a estudante percebeu que ao se permitir viver determinada situação, essas sensações negativas desapareceram. “Precisamos entender que a primeira, segunda ou terceira vez falando em público são mais difíceis mesmo. Então, é normal sentir medo. Se você não passar por esses episódios, dificilmente vai evoluir”, diz.
Ela comenta que uma das suas principais estratégias é treinar o discurso sozinha. A vantagem desse método é que ele pode ser aplicado em diversas situações. “Penso que estou em um auditório e começo a falar. Caso alguém esteja se preparando para uma reunião, por exemplo, pode abrir a câmera do computador, gravar e reassistir. Não gostou? Faz de novo até o momento que estiver mais confortável em se ouvir”, comenta. No entanto, Jessika alerta que as pessoas costumam ser muito exigentes quando estão se autoavaliando. “Geralmente, elas não valorizam a própria fala ou construção”.
Além disso, outro exercício recomendado para superar o medo de falar em público é tentar explicar as ideias para alguém da família ou amigo próximo. Nesses casos, os ouvintes precisam respeitar o processo lógico de formação do raciocínio individual, sem zombar dos erros durante o ensaio. “É normal gaguejar. Até mesmo o Barack Obama faz isso em determinados momentos”, explica Jessika.
Essa visão também é defendida por Fabiano. “Ninguém vai lembrar de você gaguejando, mas sim do conteúdo presente no seu discurso”, comenta. Para o estudante, a linguagem corporal contribui para uma boa comunicação. “Manter a cabeça erguida e os ombros baixos estimula o cérebro a criar uma confiança maior durante a fala”.
Os estudantes destacam a importância das pessoas se manterem informadas sobre qualquer tipo de acontecimento, porque, quanto mais conhecimento, melhor. “Você fica mais à vontade num debate quando reúne saberes de todas as áreas, pode ser acadêmico, esportivo ou experiência de vida mesmo”, afirma Fabiano. “Em termos de notícias, fico pensando como determinado assunto pode ser transformado em um discurso”, completa Jessika.
Principais dicas para perder o medo de falar em público
- Prestar atenção nas falas de outras pessoas durante a conversa;
- Treinar discursos sozinho;
- Pedir para algum conhecido escutar o seu discurso;
- Entender que gaguejar é normal;
- Se manter informado sobre assuntos variados.
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