O desembarque da variante indiana do novo coronavírus ao Brasil, por meio do navio MV Shandong da Zhi, tem levado as autoridades brasileiras a adotar novas restrições como forma de conter o avanço desta que é considerada uma variante de preocupação (variant of concern), sobre a qual explicaremos logo, logo.
Antes, é preciso saber: o navio, que iria desembarcar em São Luís (MA), está a 35 KM da costa brasileira. Um indiano de 54 anos, ao apresentar os sintomas, foi levado de helicóptero para um hospital, assim como outros pacientes que manifestaram sintomas da doença, e regressaram ao navio.
Uma série de pessoas será testada no Maranhão. O governo do Pará pediu à Vale que suspenda a operação do trem que liga os dois estados – após dois casos suspeitos. A cidade de São Paulo, por sua vez, tem feito triagem das pessoas que desembarcam no município – por ônibus ou avião – vindas do Maranhão.
Vamos entender o que é esta variante e por que ela tem causado preocupação.
Mas, antes, é bom termos em mente: vírus, por natureza, sofrem mutações em seu processo de multiplicação. É a maneira pela qual eles sobrevivem. No entanto, isso não quer dizer que uma variante seja, em essência, algo grave. Pode ocorrer, por exemplo, de um vírus sofrer uma mutação que o torne menos resistente. Nós devemos, sim, nos preocupar com as variantes que apresentam maior capacidade de transmissão, causam quadros mais graves de determinada doença e até resistência às vacinas. Estas são as variantes de preocupação.
É o caso da indiana?
Esta variante, chamada B.1.617, tem causado preocupação em decorrência da explosão de casos na Índia, o que deve atrapalhar a imunização coletiva em todo o mundo, posto que o país é um dos principais exportadores de vacina contra a Covid-19. Esta variante está sendo, ainda, estudada. Mas a suspeita é que a sua alta transmissibilidade tenha se dado em decorrência de mutações ocorridas por causa da falta de medidas sanitárias que impedissem a circulação do vírus.
Como ela reage às vacinas? Estudos mostram que as vacinas da Pfizer, Moderna e Oxford/AstraZeneca são eficazes contra esta variante. Isso é motivo para não nos preocuparmos? NÃO! Como dissemos acima, a suspeita é que esta variante tenha se tornado mais transmissível por causa da falta de medidas de contenção. Restringir JÁ a circulação da variante chinesa é uma maneira de proteger a resposta imunológica dada pelas vacinas.
Além da variante indiana, quais são as outras que causam preocupação?
São três: a do Reino, da África do Sul e a de Manaus. Estudos mostraram que as principais vacinas disponíveis no Brasil – a CoronaVac e a AstraZeneca – são eficazes contra a variante de Manaus. A Oxford/AstraZeneca mostrou-se também eficaz frente à variante do Reino Unido. A mesma mostrou-se ineficaz contra a da África do Sul. A Novavax, no entanto, demonstrou eficácia contra esta.
Já que as vacinas são eficazes está tudo certo? Mais uma vez: não! Como demonstra o caso indiano, a circulação do vírus pode tornar uma variante mais contagiosa e também mais resiliente aos imunizantes