O Ministério da Saúde confirmou pela primeira vez um caso de reinfecção por coronavírus no Brasil. A paciente é uma médica de 37 anos moradora do Rio Grande do Norte, que também atua na Paraíba. A primeira infecção dela aconteceu em junho e a segunda, em outubro.
De acordo com os governos do Rio Grande do Norte e da Paraíba a profissional da saúde foi infectada por duas linhagens diferentes do vírus. A conclusão se deu pelo método da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por sequenciamento genético.
Em reportagem publicada no portal da FioCruz, a pesquisadora Paola Cristina Resende, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, explica que como trata-se de um vírus que circula há pouco tempo em humanos, ele acumulou um número pequeno de mutações e os genomas são muito parecidos em todo o mundo. Ela aponta que “entre cerca de 30 mil bases que compõem o RNA [material genético] do novo coronavírus, observa-se que poucas bases diferenciam uma cepa da outra”.
“Isso ainda é muito pouco e não permite apontar alterações do fenótipo do vírus. No entanto, possibilita reconhecer e definir grupos genéticos virais que estão circulando ao redor do mundo”, afirma a especialista à Fiocruz.
Esse método monitora a ocorrência de variações genéticas que podem estar associadas à reinfecção, à gravidade da doença ou à resistência a medicamentos.
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Reinfecção ou positivo para covid-19 prolongado?
Um ponto que pode gerar dúvida quando o assunto é reinfecção é se dois testes de covid-19 positivos são suficientes para indicar a reinfecção. A resposta é NÃO.
A confusão pode acontecer porque resíduos do material genético do vírus ainda podem ser encontrados ao longo das semanas após a infecção. Nesses casos, se a pessoa refazer o teste pode dar positivo novamente. Ou seja, não trata-se de uma reinfecção, e, sim, de um processo de infeccioso prolongado.
Para que a reinfecção seja comprovada os vírus precisam ser de cepas virais diferentes. Para fazer essa verificação de alterações morfológicas dos vírus nos dois testes é necessário métodos mais complexos de sequenciamento genético, como o da Fiocruz, citado acima.
Em entrevista ao Bem Estar, publicada no G1, a imunologista e professora da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da USP, Ester Sabino, falou sobre a dificuldade de comprovar a reinfecção, tanto que a ciência ainda não conseguiu definir com qual frequência ela acontece.
Na reportagem, a especialista apontou que “confirmar reinfecções acaba sendo difícil porque, na maioria das vezes, os cientistas não sabem o código genético do vírus que contaminou a pessoa pela primeira vez, para, então, compará-lo com o código do segundo vírus”.
Não é comum, mas é possível
Felizmente, de acordo com a ciência, os casos de reinfecção são raros, mas acontecem como já foi relatado tanto no Brasil como em outros lugares do mundo. O primeiro deles confirmado foi em Hong Kong, em um paciente de 33 anos.
No Brasil, antes do caso do Rio Grande do Norte, confirmado nesta quarta, em agosto, pesquisadores da Universidade de São Paulo (Usp) identificaram a recorrência da doença em uma técnica de enfermagem de 24 anos, que testou positivo para o novo coronavírus duas vezes no intervalo de 50 dias.
Em vídeo no canal COVID19 Divulgação Científica, o infectologista Fernando Belíssimo, da Universidade de São Paulo, explica que a reinfecção por covid pode acontecer por conta da mutação do vírus, mas também tem a possibilidade de ser causada por decaimento da imunidade ao longo do tempo, ou também, pela uma combinação desses dois fatores.
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Por isso, diante de todas essas informações, é necessário que todos – incluindo quem já pegou o vírus – continuem se protegendo, de acordo com as orientações dos pesquisadores e especialistas da saúde, que têm estudado arduamente para nos garantir informações, ferramentas e tratamentos para vencer a pandemia.
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