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Entenda as polêmicas envolvendo o quase novo ministro da Educação

Informações erradas no currículo e plágio marcam a nomeação de Carlos Alberto Decotelli, que não chegou a assumir o cargo

Por Juliana Morales
Atualizado em 30 jun 2020, 17h28 - Publicado em 29 jun 2020, 17h10

Antes mesmo da cerimônia de posse, o economista e professor Carlos Alberto Decotelli da Silva se demitiu do cargo de ministro da Educação, nesta terça-feira (30) . Ele foi anunciado como substituto de Abraham Weintraub no comando da pasta na última quinta-feira (25), mas as várias polêmicas envolvendo seu currículo fizeram com que nem assumisse o cargo.  

Em post no Twitter, o presidente Bolsonaro informou a nomeação e apresentou o currículo do escolhido para o cargo. “Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina, e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, escreveu. 

No dia seguinte do anúncio, o reitor da Universidade de Rosário, Franco Bartolacci, revelou que Decotelli não obteve título de doutor e que teve sua tese reprovada.

A informação também constava no currículo Lattes do ministro, além de ter sido usada em várias publicações do Governo Federal sobre o período em que ele ocupou a presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O ministro afirmava ter concluído o doutorado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da instituição argentina. Segundo ele, o título da tese defendida foi “Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja” e seu orientador foi o pró-reitor da FGV, Antônio de Araújo Freitas Júnior. 

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Após a refutação, Decotelli mudou o título da tese e o nome do orientador foi excluído. O campo “Título” foi preenchido com “Créditos concluídos”. E, no campo “Orientador”, passou a ser listado: “Sem defesa de tese”. 

Em nota, o MEC informou que o ministro Carlos Alberto Decotelli da Silva concluiu, em fevereiro de 2009, todos os créditos do doutorado. Mas sem a tese aprovada, que é a instância final para ter o doutorado, não é possível confirmar o título. 

E o pós-doutorado?

A Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou em nota enviada à TV Globo nesta segunda-feira (29) que o novo ministro da Educação não obteve o título de pós-doutorado na instituição. Decotelli, então, alterou o currículo disponível da plataforma Lattes e excluiu a citação ao pós-doutorado. Segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o governo decidiu fazer uma “checagem completa” do currículo de Decotelli.

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Plágio

O professor universitário Thomas Conti  analisou a dissertação de mestrado defendida pelo ministro Decotelli, na FGV, em 2008, e afirmou que encontrou vários trechos literalmente copiados de outros, publicados antes, sem o devido crédito. O post no Twitter começou uma discussão sobre plágio na dissertação.

Em nota divulgada pelo MEC, o ministro nega ter cometido plágios e afirma que, se houve omissões, trata-se de “falhas técnicas ou metodológicas”. Decotelli informou que revisará o trabalho “por respeito ao direito intelectual dos autores e pesquisadores citados”.

A FGV também se posicionou sobre o caso. Em nota, afirmou que “vai apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do Ministro Carlos Alberto Decotelli. A FGV está localizando o professor orientador da dissertação para que ele possa prestar informações acerca do assunto”.

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A FGV também negou que Decotelli foi professor das escolas da instituição, como ele afirma que que foi docente entre 2001 e 2018.

Anteriormente…

A polêmica com o currículo não é exceção de Decotelli no governo Bolsonaro. O ex-ministro da Educação, Ricardo Velez, também apresentava vários “erros” em seu currículo Lattes, como a atribuição de livros que não eram de sua autoria.

Em fevereiro de 2019, o site The Intercept Brasil revelou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não estudou na Universidade Yale, nos Estados Unidos, nem obteve o título de mestre em direito público pela instituição americana. O jornal Folha de S.Paulo também apurou que, diferentemente do que afirmava em seus discursos, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, não era “mestre em educação”.

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