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Fome deve atingir quase 67 milhões de pessoas na América Latina, diz ONU

A situação é agravada pela pandemia de covid-19

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 10 Maio 2021, 17h30 - Publicado em 10 Maio 2021, 13h58
A pandemia intensificou problemas estruturais da sociedade em relação ao acesso ao alimento.
A pandemia intensificou problemas estruturais da sociedade em relação ao acesso ao alimento. (Flickr/Jornal da USP/Divulgação)
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Por Jornal da USP no Ar/Kaynã de Oliveira

Cerca de 67 milhões de pessoas na América Latina devem enfrentar a insegurança alimentar até o ano de 2030. Em 2019, 47 milhões de latino-americanos e caribenhos passaram fome. Os dados alarmantes são do relatório Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo em 2020, da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo observou que 2019 foi o 5º ano de avanço da fome na região, impossibilitando o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, de fome zero, até 2030. E, devido à pandemia, a fome na América Latina tende a se agravar.

Conforme Adriana Salay Leme, doutoranda do programa de pós-graduação em História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a fome na América Latina é consequência da desigualdade social que impossibilita o acesso à alimentação saudável das camadas desfavorecidas da sociedade, mas a fome também é fruto das relações monetárias estabelecidas no campo sobre a produção de alimentos.

“Qual alimento produzimos hoje e para onde ele está sendo destinado? É para a alimentação das famílias ou é para exportação, produção de commodities e que não necessariamente alimentará famílias? O objetivo final da produção de alimentos hoje é a geração de lucro e a financeirização do campo, e isso tem consequências para o acesso ao alimento na nossa sociedade.”

A pesquisadora aponta que a pandemia intensificou problemas estruturais da sociedade em relação ao acesso ao alimento e, como consequência, piorou a fome na América Latina: “A pandemia piorou muito a fome na América Latina. Se, num quadro pré-pandêmico, já acontecia um aumento considerável de fome, agora isso se intensificou. Pensando numa relação monetizada para o acesso ao alimento, se hoje essas famílias precisam de renda e de dinheiro para acessar uma alimentação adequada, mas sofrem com uma perda significativa de emprego e renda, essas famílias têm consequentemente o aumento da fome”.

A insegurança alimentar tem consequências também no nível nacional, como a diminuição da produtividade da população. “Uma sociedade que vive com fome não produz direito. A  sociedade precisa estar alimentada para produzir e desenvolver. Nós moldamos uma sociedade onde algumas pessoas têm acesso ao alimento e outras não. Há um problema de formulação dessa sociedade e é preciso pensar numa sociedade que não esteja mediada pelo lucro e sim pelo bem-estar das pessoas”, disse.

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