Apenas um ano e três meses após o fim da “emergência global” por causa da Covid-19, uma nova doença em expansão levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar “emergência sanitária global” nesta quarta-feira, 14 de agosto de 2024: a mpox, antes conhecida em português como varíola dos macacos.
O anúncio foi feito em Genebra, na Suíça, pelo diretor-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao final de uma reunião de emergência convocada para tratar do assunto. Ainda não se caracteriza uma nova epidemia, mas um alerta para que os governos adotem medidas de combate à doença, como vigilância epidemiológica e, sobretudo, o aumento na produção de vacinas.
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Emergência de mpox na África
A mpox está presente, de forma endêmica, em alguns países da África Central, como a República Democrática do Congo (RDC). Acontece que, como todos os vírus, está em constante mutação. A nova cepa que emergiu nos últimos meses está se provando mais ameaçadora, elevando a taxa de mortalidade na RDC (para cerca de 3% dos casos) e atingindo as crianças (66% dos casos). Isso levou o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças a declarar “emergência de saúde pública” no continente, e agora, o mesmo ocorre em âmbito global.
Como muitos dos vírus que nos atingem, o da mpox surgiu da proximidade ambiental entre homens e animais – nesse caso, os macacos –, e a contaminação se dá por contato direto com fluídos ou tecidos infectados.
Os 13 países africanos nos quais a mpox se espalha agora são da África Subsaariana, com o centro na RDC. A leste, a doença cresce no Burundi, Rodésia, Uganda e Quênia. Ao sul, na África do Sul. Ao norte, na República Centro-Africana. E a oeste, no Congo, Camarões, Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Libéria.
A mpox no Brasil
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta epidemiológico sobre a mpox em 8 de agosto, frente à ameaça da nova cepa. Nas Américas, desde 2022, foram relatados 62.752 casos da doença, por 31 países e territórios, com 141 mortes (0,2%).
O Brasil registrou mais de 11 mil casos da doença nos últimos dois anos, mas a nova cepa ainda não foi detectada. Em 2024, houve 709 casos de mpox no país, com 16 mortes (2,2%). O Ministério da Saúde, em 13 de agosto, adotou medidas para reforçar a vigilância e orientar o atendimento a casos suspeitos nos centros de saúde.
O que é a mpox
A mpox é uma zoonose (doença transmitida de animais para humanos, ou de humanos para animais). É causada pelo vírus monkeypox, do gênero Orthopoxvirus, da família Poxviridae, a mesma da varíola (“pox” é varíola em inglês).
Nos países dos quais é originária, a transmissão tradicional da mpox ocorre por contato com fluídos corporais e lesões contaminadas nas peles de animais silvestres infectados, ou pelo consumo de carne de animais pouco cozida. Mas, com o vírus hospedado em seres humanos, a transmissão passa a se dar de humano para humano, pelo contato com secreções, sangue ou feridas na pele. As viagens de pessoas contaminadas espalha o vírus para outros países e continentes.
Embora os vírus da mpox e da varíola sejam semelhantes (compartilham cerca de 90% dos genes), são diferentes na estrutura, na transmissão e na letalidade. A varíola foi uma verdadeira chaga para a humanidade, e se estima que matou mais de 300 milhões de pessoas ao longo dos séculos. Graças à vacinação em massa, foi considerada extinta no mundo pela OMS em 1980.
Os principais sintomas da mpox são erupções ou feridas na pele, nas mucosas do corpo (boca, órgãos genitais) e nos olhos, ínguas, febre, dor de cabeça, dores no corpo e fraqueza. As lesões atingem principalmente as palmas das mãos, as plantas dos pés e o rosto, e podem atingir o corpo todo. Os doentes podem ter poucas lesões ou centenas delas, dependendo da gravidade da doença.
Não há tratamento específico para a mpox. A ação do vírus no organismo dura de 15 a 30 dias, mas a doença pode ser fatal. Isso exige então um tratamento médico de suporte para aliviar os sintomas, cuidar em particular das feridas, deixando-as secar, e tomar medidas para impedir a transmissão da doença para as pessoas de convívio do doente.
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