Está aí uma coisa que costuma confundir um bocado. O que dizer se, de súbito, você percebe que deixou a carteira de identidade em casa e precisa apresentá-la para fazer o Enem (esperamos que isso nunca aconteça)?
– %&$#@$, esqueci meu RG!
ou
– $%&#@%, esqueci do meu RG!
Qual das duas formas você usaria?
O verbo esquecer, assim como lembrar, pode ser transitivo direto ou indireto, ou seja, exigir ou não uma preposição. Mas isso não quer dizer que você pode usar qualquer uma dessas formas indiscriminadamente.
O verbo é transitivo indireto (exige uma preposição) quando vem em sua forma pronominal (lembrar-se, esquecer-se). Quem se esquece, esquece-se de alguma coisa; quem se lembra, lembra-se de alguma coisa. Logo, você deve dizer:
– Eu me esqueci do RG (e não: “eu me esqueci o RG”)
– Eu me lembrei daquele fato (e não: “eu me lembrei aquele fato”)
Se o verbo não vier acompanhado de um pronome, deve ser usado sem preposição. Ou seja, quem esquece, esquece alguma coisa; quem lembra, lembra alguma coisa. Logo:
– Eu esqueci meu RG (e não: eu esqueci do meu RG).
– Eu lembrei aquele fato (e não “eu lembrei daquele fato”).
Logo, voltando à questão do início, o certo seria usar somente a primeira frase (sério, esperamos que você nunca precise usar nenhuma delas).
Observações:
>> A forma mais defendida na norma culta para esses dois verbos é a pronominal. Na dúvida, use pronome e preposição.
>> Quando o complemento for um verbo no infinitivo (ou seja, quando for terminado em “R”, como fazer, falar, pegar etc.), deve-se sempre usar a forma pronominal. Assim:
– Eu me esqueci de pagar a conta (e não “eu esqueci pagar a conta”)
– Ela se lembrou de telefonar para a mãe (e não “ela lembrou telefonar para a mãe”).