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Corrupção: entenda por que ela não é exclusividade dos governantes

(imagem: iStock) Desde o início da Operação Lava-Jato, em março de 2014, a corrupção voltou a dominar o debate político no Brasil. As investigações centram fogo em um amplo esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. A rede de corrupção envolve, além da estatal, grandes empreiteiras e diversos partidos políticos. Apesar de a maioria das […]

Por Fabio Sasaki
Atualizado em 24 fev 2017, 15h12 - Publicado em 25 fev 2016, 17h10
Corrupção: entenda por que ela não é exclusividade dos governantes

(imagem: iStock)

Desde o início da Operação Lava-Jato, em março de 2014, a corrupção voltou a dominar o debate político no Brasil. As investigações centram fogo em um amplo esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. A rede de corrupção envolve, além da estatal, grandes empreiteiras e diversos partidos políticos.

Apesar de a maioria das pessoas relacionar a corrupção às ações dos diversos governos em nível federal, estadual e municipal, não estamos falando de um mal restrito à esfera pública. Muitos estudos apontam que a corrupção no âmbito governamental é uma extensão dos maus hábitos da população – afinal, os políticos saem do corpo da sociedade.

A corrupção na sociedade já foi tema de redação da Unesp em 2014 e é um assunto que continua muito pertinente. Afinal, ele permite uma reflexão sobre nossas condutas cotidianas e propõe um olhar sobre valores éticos e morais.

Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e do Instituto Vox Populi revelou que 23% dos brasileiros acham que dar dinheiro ao guarda para evitar a multa não é um ato corrupto. Isso pode ser um demonstrativo de como a cultura do “jeitinho brasileiro”, em que ações como falsificar carteira de estudante, comprar diploma falso ou “roubar” o sinal da TV a cabo não são percebidos como corrupção. Muitos, inclusive, não consideram que o ato de sonegar impostos tenha relação com a corrupção.

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Na verdade, quem pratica esses pequenos atos de corrupção está cuidando apenas de seu interesse pessoal sobre as regras sociais vigentes. Ou seja, pratica individualmente o conceito de levar alguma vantagem mesmo que isso cause um prejuízo à sociedade. É nesse ponto que os comportamentos dos desvios cotidianos e das corrupções de grande montante público se encontram: interesses privados de alguns indivíduos se sobrepõem aos interesses públicos e gerais da sociedade. “Aceitar essas pequenas corrupções legitima aceitar grandes corrupções”, afirma o promotor Jairo Cruz Moreira, coordenador da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, do Ministério Público.

Além da corrupção na esfera pública, é importante destacar que ela existe também no mundo privado. É comum que funcionários responsáveis por compras e contratações das empresas recebam dinheiro e presentes para beneficiar uma determinada companhia num processo de concorrência, em prejuízo do próprio local onde trabalha. E aí aparece mais uma distorção do sistema penal brasileiro. Apesar de ser punida com severidade em muitos países, no Brasil a corrupção entre empresas privadas não é considerada crime – desde que não envolva um funcionário público. Somente agora, no projeto de reforma do Código Penal que tramita no Congresso, está prevista a introdução de punição, com pena de até quatro anos de prisão.

O primeiro passo para a construção de uma sociedade menos corrupta e mais justa é priorizar o interesse da coletividade em relação aos benefícios pessoais. Mas em uma sociedade em que o vale-tudo do individualismo é cada vez mais forte, fica mais fácil culpar os políticos por todos os males do país.

Operação Lava-Jato: veja este e outros fatos que marcaram o Brasil em 2015.

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