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Entenda a participação da Rússia na Guerra da Síria

Ao intervir diretamente na Guerra da Síria para assegurar seus interesses no Oriente Médio, a Rússia tornou-se alvo de atentados terroristas

Por Fabio Sasaki
Atualizado em 10 abr 2017, 17h42 - Publicado em 6 abr 2017, 12h29

Uma explosão no metrô de São Petesburgo, na Rússia, matou 14 pessoas e deixou quase 50 pessoas feridas na última segunda-feira (3/4). As autoridades russas acreditam tratar-se de um atentado terrorista, cujo principal suspeito é um cidadão russo nascido no Quirguistão, país localizado na Ásia Central. O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque.

A Rússia tornou-se um possível alvo de atentados terroristas desde o final de 2015, quando passou a intervir diretamente na Guerra da Síria, em defesa do ditador sírio Bashar al-Assad. A seguir você fica sabendo mais sobre o papel da Rússia no conflito da Síria e de que forma a sua participação pode desestabilizar o país internamente.

A relação entre Rússia e Síria

A Rússia é uma aliada histórica da Síria, a quem sempre prestou apoio diplomático e militar. O regime de Bashar al-Assad, assim como o de seu pai, é há muito tempo um cliente fiel dos russos, de quem compram armas. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, quando uma coalizão de países árabes atacou Israel, a então União Soviética enviou conselheiros militares e milhões em equipamentos aos sírios – em vão, pois os israelenses saíram vitoriosos e ainda tomaram um naco do território sírio, as Colinas de Golã. Em troca da ajuda, os russos foram autorizados a implantar uma base naval em Tartus, no litoral sírio. Ainda em operação, trata-se da única instalação militar russa no Mediterrâneo. E o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não quer correr o risco de perdê-la caso Assad seja alijado do poder. Desde o início do conflito, a Rússia, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, vem usando seu poder de veto para impedir a adoção de resoluções contra a Síria.

A intervenção russa na Guerra da Síria

Embora nunca tenha escondido sua proximidade com o regime de Bashar al-Assad, a Rússia evitava realizar uma intervenção militar direta no conflito para defender seu aliado histórico. Esta estratégia começou a mudar em setembro de 2015, quando as forças russas iniciaram uma série de ataques aéreos em defesa de Assad. Entre os alvos estavam bases do grupo extremista Estado Islâmico (EI), mas não só. Os caças russos também atingiram outros grupos sunitas anti-Assad que são apoiados pelos Estados Unidos (EUA) e pelo Ocidente, o que gerou críticas por parte dos norte-americanos.

>> Veja também: Quais são as forças envolvidas na Guerra da Síria

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Por que a Rússia se envolveu no conflito

Putin defende os ataques sob a justificativa de que o fortalecimento de Assad é a única forma de derrotar o EI. Isso porque as potências ocidentais patinam na definição de uma estratégia de combate à organização extremista. Desde 2014, os Estados Unidos lideram uma coalizão de mais de 20 países vem realizando bombardeios às bases do EI, mas os resultados têm sido limitados.

Além disso, o envolvimento das forças russas na guerra da Síria é mais uma aposta ousada de Putin para assegurar seus interesses estratégicos e posicionar o país novamente no centro do tabuleiro geopolítico mundial. A Rússia mostra que pode apresentar-se como um ator decisivo para a resolução da crise na Síria e interferir nos rumos do Oriente Médio – aumentando, portanto, seu peso na comunidade internacional.

O que mudou na Síria após a intervenção russa

A intervenção militar da Rússia mudou a disputa em favor do regime sírio. Não é exagero afirmar que é graças a Putin que Assad ainda se mantém no poder. Desde o início dos ataques da Rússia contra alvos do EI e de outras milícias sunitas, em setembro de 2015, as forças sírias ganharam terreno. A retomada da cidade de Aleppo, no final de 2016, foi a mais expressiva vitória militar de Assad, desde a eclosão da guerra no país. Localizada no norte do país, a cerca de 60 quilômetros da fronteira com a Turquia, Aleppo é a cidade mais populosa da Síria e a segunda mais importante do país, depois da capital Damasco. E esta conquista só veio graças à intervenção da Rússia.

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De que forma a ação na Síria afeta a Rússia

A ação da Rússia contra o EI e outros grupos rebeldes sunitas colocou o país na rota de atentados terroristas. Os muçulmanos da Rússia compõem cerca de 12% da população. Muitos deles vivem em repúblicas na região do Cáucaso, como Daguestão e Chechênia, que mantêm um forte movimento separatista. Por isso, os ataques de Moscou contra grupos islâmicos no Oriente Médio podem insuflar as ações dos separatistas.

Além disso, a Rússia abriga muitos imigrantes muçulmanos, que vieram das antigas repúblicas soviéticas. Marginalizados, eles não conseguem se integrar à sociedade russa e são vítimas de discriminação. A ação da Rússia na Síria pode ser vista por esses imigrantes como um ataque ao islamismo, o que cria uma situação propícia para que muitos deles sejam aliciados por grupos extremistas para cometer atentados.

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