Entenda as migrações internas no Brasil
Quando falamos em movimentos migratórios, logo nos vem à mente o enorme fluxo de refugiados que estão se deslocando da Síria, do Iraque e de outras regiões em conflito em direção à Europa, certo? Nada mais natural, já que se trata de um fato que está em evidência no noticiário há mais de um ano.
Mas, tratando-se de vestibular, é preciso ficar atento a um fenômeno que não é abordado cotidianamente na imprensa, mas que é muito importante para entender a atual dinâmica dos movimentos populacionais no Brasil: as migrações internas. Basicamente, diz respeito à migração de indivíduos que se deslocam de seu local de origem para outros estados ou regiões do país.
Neste ano, as provas do Enem, da Unesp e da Unicamp cobraram o entendimento de conceitos relacionados a este tema. Portanto, para você que ainda vai prestar a Fuvest, a segunda aplicação do Enem ou outros vestibulares até o final do ano, é fundamental revisar alguns pontos importantes sobre a matéria.
HISTÓRICO DAS MIGRAÇÕES INTERNAS NO BRASIL
No Brasil, a migração interna atingiu seu ápice entre os anos 1960 e 1980, quando enormes contingentes se deslocaram do campo para as cidades, com destaque para o movimento de nordestinos rumo à Região Sudeste, sobretudo nos anos 1960 a 1980. Nas últimas décadas, contudo, a migração interna tem diminuído bastante. O Nordeste ainda perde habitantes para outras regiões, e o Sudeste é o que mais recebe imigrantes, mas com intensidade cada vez menor.
OS FATORES QUE INFLUENCIAM AS MUDANÇAS NOS FLUXOS MIGRATÓRIOS
Entre os principais fatores que explicam a mudança nos fluxos migratórios internos estão:
– o desenvolvimento econômico em outras regiões: a partir dos anos 1960, começou a ocupação maciça das regiões Centro-Oeste e Norte. A primeira teve como fator de atração a inauguração de Brasília e, posteriormente, o avanço do agronegócio. Já a região Norte passou a atrair migrantes a partir da abertura de estradas como a Belém-Brasília e da criação da Zona Franca de Manaus.
– a desconcentração industrial: a partir dos anos 1990, as políticas de isenção de impostos e doação de terrenos feitas por estados e municípios acabaram atraindo as empresas para diferentes regiões. Consequentemente, a ampliação da oferta de emprego nesses locais impulsinou o recebimento de migrantes.
– o avanço da urbanização: nas últimas décadas, a urbanização avançou pelo Brasil, o que proporcionou a melhoria na infraestrutura de transportes, de telecomunicações e de energia elétrica, favorecendo a geração de empregos em locais até então menos desenvolvidos. Como a principal motivação para a migração é a busca por melhores condições de vida e de trabalho, à medida que ocorre uma distribuição mais equilibrada das ofertas de trabalho, a busca por outros lugares para morar tende a cair.
OS NOVOS FLUXOS MIGRATÓRIOS
Entre 1995 e 2000, 3,4 milhões de pessoas trocaram a região onde nasceram por outra. Já entre 2005 e 2010, esse número baixou para 3 milhões. Assim, a migração entre regiões perde força frente a outros fluxos, como:
– migração intrarregional: ocorre entre municípios de um mesmo estado ou ainda entre estados de uma mesma região, sobretudo em direção a cidades de médio porte. Esse processo é impulsionado, muitas vezes, por Indústrias que migram para cidades menores. A migração entre os estados movimentou 4,6 milhões de pessoas entre 2005 e 2010.
– migração pendular: neste caso, trata-se de um arranjo populacional entre dois ou mais municípios onde há grande integração demográfica. A migração pendular ocorre quando as pessoas estudam ou trabalham em um município diferente de onde mora, sendo obrigado a se deslocar diariamente para cumprir essas obrigações.
– migração de retorno: é o deslocamento de pessoas para sua região de origem, após ter migrado. É o que ocorreu na região Nordeste a partir dos anos 1980, com a melhora da economia local. Na Região Metropolitana de São Paulo, 60% dos que deixaram a região entre 2000 e 2010, eram migrantes de retorno.