Entenda como funcionam os blocos econômicos
Decisão de Trump de retirar os EUA do Acordo Transpacífico reforça sua posição contra o livre-comércio e a globalização
Em uma de suas primeiras decisões após assumir a presidência dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump retirou o país do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês). Para o presidente norte-americano, o TPP é desvantajoso ao país por abrir demais a economia às importações, o que prejudicaria a geração de empregos.
O TPP é o embrião do que seria a maior área de livre-comércio do mundo. Assinado em fevereiro de 2016, o acordo reunia 12 países das Américas, Ásia e Oceania, entre eles EUA e Japão. Juntas, as 12 nações somam 40% da riqueza produzida no mundo, em termos de Produto Interno Bruto (PIB), e 800 milhões de habitantes. A vigência do acordo dependia da aprovação dos Parlamentos dos países participantes. Agora, com a retirada dos EUA, os integrantes do TPP cogitam chamar a China para participar do bloco.
Os blocos econômicos são uma das principais expressões da economia globalizada. Os primeiros agrupamentos de nações surgiram com o objetivo de facilitar e baratear a circulação de mercadorias entre seus membros. Essas medidas reforçam a tendência de abrir as fronteiras das nações ao livre fluxo de capitais, ao reduzir as tarifas sobre importações e coibir práticas protecionistas e regulamentações nacionais. Existem quatro modelos básicos de bloco econômico:
- zona de livre-comércio, em que há redução ou eliminação de tarifas alfandegárias;
- união aduaneira, que, além de abrir o mercado interno, define regras para o comércio com nações de fora do bloco;
- mercado comum, que permite a livre circulação de capitais, serviços e pessoas; e
- união econômica e monetária, em que os países adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda única.
A formação de blocos econômicos acelerou o comércio mundial. Antes, qualquer produto importado chegava ao consumidor com um valor significativamente mais alto, em função das taxações impostas ao se cruzar a alfândega. Os acordos entre os países reduziram – e em alguns casos acabaram – com essas barreiras comerciais, processo conhecido como liberalização comercial.
Conheça alguns dos principais blocos econômicos do mundo:
União Europeia: É o bloco econômico mais importante do mundo, tanto pela força de algumas de suas principais economias – como as da França e da Alemanha –, quanto pela profundidade das relações entre seus membros. Criada em 1992, a UE transformou-se em uma união econômica e monetária a partir de 2002, com a adoção do euro, a moeda única do bloco. Atualmente, a UE enfrenta uma grave crise por conta do endividamento de nações com economias mais frágeis, como Grécia, Portugal e Espanha. Além disso, a decisão do Reino Unido de deixar o bloco abalou a UE.
Nafta: O Acordo de Livre Comércio da América do Norte é composto por EUA, México e Canadá. Criado em 1994, o Nafta foi responsável por integrar as economias dos países-membros, fortalecendo principalmente as relações entre EUA e México. Diversas empresas norte-americanas se transferiram para o México, aproveitando as vantagens da mão-de-obra local, que é mais barata. Já o México aumentou suas importações agrícolas dos EUA, o que afetou pequenos e médios produtores nacionais. Trump, é crítico do acordo e diz que o Nafta é responsável por grande parte do desemprego industrial nos EUA.
Mercosul: É o grande bloco da América do Sul, criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – em 2012, a Venezuela tornou-se o quinto membro. O principal mecanismo de integração do bloco é a união aduaneira: além de reduzir as tarifas de importação entre os integrantes, o Mercosul implementou regras unificadas para o comércio com nações de fora do bloco. Ou seja, ao comprar medicamentos da Alemanha, por exemplo, o Brasil não pode aplicar uma alíquota de importação menor ou maior do que a utilizada por Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Atualmente, o bloco enfrenta uma grave crise devido à suspensão da Venezuela.
Aliança do Pacífico: Bloco comercial, criado em 2012 que engloba o Chile, Peru, Colômbia, México e Costa Rica. A Aliança do Pacífico pretende evoluir para uma zona de livre-comércio, eliminando gradualmente doas as tarifas alfandegárias. Os cinco países têm acordos de livre-comércio com os EUA, o que tem impulsionado suas economias.