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Olimpíadas: remoção de famílias no Rio pode ser tema de vestibular

As obras para construção do Parque Olímpico na Vila Autódromo provocaram a remoção de milhares de famílias no Rio de Janeiro (Foto: Mario Tama/Getty Images) Com as Olimpíadas do Rio chegando, é importante ficar ligado nos temas que impactam a sociedade diretamente por conta da realização dos Jogos – é justamente este tipo de assunto que pode ser cobrando […]

Por Fabio Sasaki
Atualizado em 24 fev 2017, 15h06 - Publicado em 28 jul 2016, 11h53
Olimpíadas: remoção de famílias no Rio pode ser tema de vestibular

As obras para construção do Parque Olímpico na Vila Autódromo provocaram a remoção de milhares de famílias no Rio de Janeiro (Foto: Mario Tama/Getty Images)

Com as Olimpíadas do Rio chegando, é importante ficar ligado nos temas que impactam a sociedade diretamente por conta da realização dos Jogos – é justamente este tipo de assunto que pode ser cobrando nos vestibulares. A seguir, vamos falar um pouco sobre as remoções de famílias em virtude das obras olímpicas.

Quando uma cidade recebe os Jogos Olímpicos, seus moradores esperam beneficiar-se do tal “legado olímpico”. Como um evento desse porte exige diversas obras de infraestrutura e mobilidade, a expectativa é que a população da cidade-sede possa desfrutar das melhorias urbanísticas e dispor de uma melhor qualidade de vida após o fim da competição.

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Para milhares de famílias que vivem no Rio de Janeiro, no entanto, o fato de a cidade sediar a Olimpíada se transformou em um grande transtorno. Isso porque as obras para a construção de arenas olímpicas e reurbanização, geralmente concentradas em regiões mais centrais e valorizadas da cidade, provocou a remoção de milhares de famílias.

O DESTINO DE QUEM É DESPEJADO

De modo geral, as famílias despejadas tinham duas opções:

– Receber uma indenização. O problema é que este ressarcimento financeiro, feito a partir da avaliação material das perdas, geralmente é irrisório, dada a pobreza e situação irregular da maioria das comunidades removidas.

– Receber um imóvel dos programas de habitação do governo federal ou estadual. Neste caso, os reassentamentos contribuem para a segregação socioeconômica na cidade, já que mais de 50% das unidades dos programas habitacionais no Rio estão no extremo oeste, a duas horas do centro, e os reassentados acabam perdendo relações sociais, familiares e de trabalho.

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A GEOGRAFIA DOS REASSENTAMENTOS

Veja no mapa abaixo de onde saíram e para onde foram as famílias despejadas:

Olimpíadas: remoção de famílias no Rio pode ser tema de vestibular

Repare que:

– Os círculos azuis concentram os principais locais de competição dos Jogos.

– Os pontos laranja representam as comunidades onde houve remoções.

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– Os ícones de edifícios representam os conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.

Pelo movimento das linhas brancas no mapa, veja onde os moradores viviam e para onde eles foram removidos. Observe como eles foram transferidos para locais mais afastados da região mais central do Rio, onde se concentram a maioria dos empregos.

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E GENTRIFICAÇÃO

Entre 2009 e 2015 mais de 22 mil famílias foram despejadas no Rio de Janeiro, o que já é considerado o período histórico com o maior número de remoções na cidade. Segundo o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, este processo serviu para beneficiar investimentos imobiliários e turísticos, alimentando um processo conhecido como especulação imobiliária e gentrificação.

Especulação imobiliária: ocorre a partir da valorização de um terreno ou imóvel. Esta valorização pode ocorrer devido a um investimento privado na região, cujo objetivo é aumentar o preço final deste terreno ou imóvel. Mas também pode acontecer por meio de obras públicas de melhoria dos entornos e dos serviços – como no caso das Olimpíadas do Rio.

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De modo geral, os especuladores costumam manter os seus estabelecimentos vazios esperando uma futura valorização. Após as obras para as Olimpíadas do Rio, grandes investidores acabaram se beneficiando com o aumento dos preços de seus terrenos e imóveis a partir dos gastos governamentais na região.

Gentrificação: é um fenômeno associado à especulação imobiliária. Trata-se da expulsão  de um grupo de pessoas de baixa renda de uma região, bairro ou cidade, para a entrada de outro, com maior poder aquisitivo. Em geral, esse deslocamento acontece através do aumento dos valores dos imóveis e aluguéis por melhorias nos serviços públicos e privados, como no caso das regiões que receberam as obras para as Olimpíadas. Isso obriga a população local a mudar-se para áreas mais periféricas, com piores serviços e baixa qualidade de vida.

No Rio de Janeiro, a Vila Autódromo e a favela do Vidigal são algumas das regiões que mais estão sofrendo com o processo de gentrificação, acelerado por conta da Copa do Mundo em 2014 e agora com as Olimpíadas.

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