Como se escreve: ‘Iemanjá’ ou ‘Yemanjá’?
Você sabe como grafar o nome dessa divindade das religiões de matriz africana? A gente te explica

Religiosamente, há mais de 100 anos, soteropolitanos e turistas reúnem-se nas praias de Salvador (BA) no dia 2 de fevereiro para celebrar o Dia de Iemanjá. A rainha das águas é uma importante divindade nas religiões de matriz africana, e seu nome vem do iorubá, língua falada pelos povos de mesma denominação da África Ocidental. Mas afinal, sendo um termo importado de outro idioma, será que Iemanjá se escreve mesmo dessa forma? Ou o correto seria Yemanjá?
A verdade é que nenhuma das formas consta no VOLP, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Mas, quando se trata dos dicionários, a maioria registra o termo com “i”: Iemanjá. Essa é a forma “aportuguesada” de se referir à divindade, mas também não está errado dizer ou escrever “Yemanjá”. A grafia com “y” aproxima-se mais da escrita do iorubá (ou yorubá). Na tradição destes povos, Iemanjá é Yemoja – junção de ye + omo + ejá, que em tradução livre seria “mãe cujos filhos são peixes”.
“É considerada a mãe de todos, a que nos prepara para a vida, nos dá a imensidão das águas para que possamos realizar todas as potencialidades”, afirmou em entrevista para a BBC Brasil Rodney William Eugênio, sociólogo, antropólogo e babalorixá.
Os outros nomes de Iemanjá
Para além da variação com “i” ou “y”, você sabia que Iemanjá também é chamada por outros nomes? Um dos mais comuns no Brasil é Janaina, que surgiu do sincretismo com as crenças indígenas. A figura da divindade das águas também é associada com diferentes versões de Nossa Senhora, do catolicismo. O dia 2 de fevereiro, por exemplo, também marca o dia de Nossa Senhora dos Navegantes.
No Brasil, o sincretismo – ou seja, a fusão de diferentes religiões, com referências especialmente ao cristianismo – está ligado à escravidão, quando escravizados de origem africana precisavam recorrer a imagens católicas para encobrir suas verdadeiras crenças e não serem punidos por exercerem sua fé.
“Entender que o processo violento de sincretismo foi útil para que muita sabedorias ancestrais vindas na diáspora sobrevivessem até hoje é fundamental. Mas é fundamental também entender que, diante de tantos outros processos de mudança, nós, sobretudo mais novos, não precisamos do sincretismos como os nossos mais velhos precisaram num outro tempo para dar continuidade ao culto”, afirmou na mesma entrevista à BBC Yasmin Fernandes Sales dos Santos, psicóloga e mestre em Sociologia Política que estuda o tema.
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