A sensação de estar no corpo do personagem de um livro: leitores contam suas experiências
Em resposta ao post anterior, sobre como ler um livro pode fazer com que nos coloquemos no corpo dos personagens (leia aqui), várias pessoas nos escreveram contando suas experiências. Um leitor falou sobre um livro que leu há mais de 30 anos e ainda hoje o afeta. Na seção de comentários do post, teve até quem que se sentiu motivado a ler mais depois do texto e pediu recomendações aos leitores do blog – e recebeu várias, o que nos deixou muito felizes! O objetivo do blog é este mesmo: incentivar o amor aos livros e promover trocas de recomendações. : )
Leia abaixo três relatos de nossos leitores sobre a experiência transformadora da leitura:
“Isso é maravilhoso, mas eu não tenho dúvida de que o fenômeno seja possível, pois tive essa sensação ao ler um livro com o qual me identifiquei muito. O livro em questão foi um de superação intitulado ‘Foge, Nicky, Foge’ (Nicky Cruz e Jamie Buckingham). Eu o li há bem mais de 30 anos e ainda me parece que estou vivenciando cada momento da história. Foi muito marcante para mim, além de extremamente emocionante, pois até parece que foi inspirado em minha história de vida”.
Sebastião Alves da Silva
“Tenho o habito da leitura desde criança, pois sempre tive o exemplo da minha mãe, uma grande fã de literatura brasileira e portuguesa. Comecei lendo gibis – quase todo dia eu ganhava um. Depois comecei ler livros infantis e quando percebi já estava apaixonado pela leitura. Minha mente criava asas e o que mais me deixava e ainda me deixa fascinado é o poder da minha imaginação. Sempre tive a sensação de estar no corpo do personagem de um livro, creio que todo leitor sente isso. Mas sempre tem aquele personagem que me deixa mais envolvido e mais apaixonado pelo livro. E quanto mais eu me identifico, mais eu tenho a sensação de ser esse personagem.
Quando li ‘O velho e o mar’, de Ernest Hemingway, eu me senti dentro do personagem principal. Me senti dentro do mar, eu dormia e sonhava com o livro. Podia sentir o mar, o vento, o calor. Enquanto eu lia, eu era aquele homem, eu estava no mar. E não foi só durante a leitura, após ler o livro eu continuei sendo aquele velho. Desde então eu tenho um costume: após ler um livro, eu espero alguns dias para começar a ler outro, porque ainda quero viver o personagem com que me identifiquei (sendo o principal ou não), ainda quero imaginar que vivo nos locais narrados no livro, ainda quero falar frases que são marcantes nos personagens, ainda quero viver o livro.
Outro personagem em que tive a sensação de estar dentro é o Pat People de ‘O lado bom da vida’, de Matthew Quick. Eu juro que era aquele homem. E foi depois de ler esse livro que comecei a ver o lado bom da vida. E tem tantos outros, mas esses dois são suficientes porque foram livros que me deixaram muito emocionado e me mudaram bastante.”
Lucas Santos
“Excelente aquele texto sobre o fato de nos conectarmos profundamente com a realidade do livro durante sua leitura. Em diversos livros já ocorreu isso comigo, em especial naqueles livros em que as histórias fazem referências à vida pacata no interior, destacando seus aspectos, como a serra, as árvores, as belas paisagens, os animais e outros detalhes. Até porque sou do interior de Minas Gerais.
Aquela brilhante obra do João Guimarães Rosa,’Sagarana’, me trouxe essa sensação em diversas partes do livro. Vale destacar que ele é de difícil leitura e isso me fez aprofundar bastante na história, de forma que eu pudesse entender de maneira minuciosa os belos contos regionalistas do escritor. E, quando eu fui me acostumando com a linguagem, a cada conto tinha mais facilidade para associar perfeitamente os locais, as pessoas e os fatos ocorridos na sua narrativa. E isso fez com que eu me apaixonasse por aquele livro! Quando ele fazia referências aos caminhos percorridos pelos fazendeiros, peões e gados, parecia que eu estava fazendo parte do deslocamento dos personagens. E quando ele fazia referências às plantas e animais destacados em sua obra, eu logo assimilava a fauna e a flora citada pelo autor. Enfim, são apenas alguns detalhes, mas posso assegurar a vocês que, quando nos identificamos com a realidade do livro, independente de ser de fácil ou difícil leitura, é uma experiência magnífica. Brilhante a teoria desenvolvida pela universidade americana.”
Paulo Henrique Almeida.
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