Já parou para pensar que a História que você aprendeu até agora no colégio é, na verdade, muito mais interessante, extensa e cheia de desdobramentos? Pois é isso que os alunos da graduação em História da Universidade Federal do Pará (UFPA) nos contam. “O curso é totalmente diferente do que aprendemos na escola, mas é uma boa surpresa. Nossa visão de mundo fica completamente modificada”, revela Rayme Tiago, estudante do oitavo semestre. Segundo o aluno, a grande diferença entre os ensinos médio e superior é que o primeiro estuda principalmente fatos históricos, enquanto, na faculdade, os estudantes aprendem o processo de construção e a metodologia dos acontecimentos.
Para Felipe Monteiro, que encerra a habilitação em licenciatura neste semestre, o principal desafio da carreira de professor é descobrir novas dinâmicas e novas formas de atrair o aluno do ensino médio. “O ensino de História nas escolas ainda segue tendências educacionais mais enxutas, que simplificam bastante um conteúdo extenso. É muito importante que nós, recém-formados, tentemos alterar essa realidade”. Entretanto, o estudante do oitavo período Marcus Ténorio reforça que, apesar das diferenças entre o aprendizado no colégio e na faculdade, nada impede que um aluno egresso da educação básica se interesse pelo modelo de estudo universitário. “No ensino superior estudamos Historiografia, ou seja, o entendimento de um autor sobre determinado assunto”, explica.
Aliás, o desejo de estudar História foi despertado justamente pelas aulas do colégio, conta Marcus. E agora, perto da conclusão do curso, o aluno lembra que a prática em sala de aula é uma das melhores experiências que a graduação o proporcionou. “Todos os momentos em que eu me encontrei com uma turma de alunos para dar aula foram especiais. Um misto de ansiedade, nervosismo e empolgação”. Já Felipe começou a se interessar por História através das histórias que seu avô contava. “Sempre fui muito nostálgico, gostava de colecionar pequenas antiguidades como gibis e figurinhas”, completa.
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Além da licenciatura, o curso da UFPA – avaliado com 5 estrelas pelo Guia do Estudante 2014 – também oferece como habilitação o bacharelado em História. Dessa forma, os estudantes podem escolher entre a carreira de professor – seja ele acadêmico ou dos ensinos fundamental e médio – ou a de historiador. Isso quer dizer que o profissional também pode atuar como pesquisador, na área de arquivologia (organizando e coordenando arquivos), no campo de preservação do patrimônio histórico e em museus e centros culturais.
Estrutura do curso
O curso de História da UFPA é oferecido no campus de Belém e também nos campi de Soure, Bragança e Cametá, no interior do estado, e tem duração mínima de 9 períodos (4 anos e meio). Em Belém, são abertas, a cada ano, 15 novas vagas para o bacharelado e outras 30 para a licenciatura. O ingresso na graduação se dá por meio da nota do Enem. Por pertencer a uma universidade paraense, o ensino de História na graduação é voltado, principalmente, aos estudos e à produção de conhecimento sobre a Amazônia. Entretanto, disciplinas que abordam temas de acordo com a temporalidade, como, por exemplo, antiguidade grega e romana, feudalismo, idade moderna e contemporânea também fazem parte da grade curricular.
“O curso é bastante teórico. A leitura é muito exigida para um acadêmico de história, porém também temos matérias de campo, como antropologia e os estágios supervisionados”, conta Marcus. Os estágios se desdobram em quatro disciplinas: na primeira, com viés antropológico, o estudante participa de aulas de história no ensino básico como observador e faz um relatório sobre suas experiências de ouvinte. Já nas outras três disciplinas ele já deve ministrar aulas para o ensino fundamental e médio. “O historiador só se completa quando se engaja nas questões sociais”, lembra Felipe.