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Já pensou em um curso que una disciplinas das áreas de Biológicas, Exatas e Humanas? A graduação em Gestão Ambiental da Universidade de São Paulo (USP) é assim. Durante as aulas, os estudantes aprendem tópicos dos três campos do conhecimento, para pensar em soluções sustentáveis para o ambiente. O papel deste profissional é elaborar e gerir projetos de conservação e manejo do meio ambiente; realizar estudos de possíveis impactos ambientais que podem ser causados por obras e construções; certificar a atuação de empresas neste ramo e fornecer consultoria a elas. Ele também pode desenvolver atividades de educação ambiental em instituições públicas e privadas e também no terceiro setor, sendo que a maior parte das oportunidades está ligada à área de marketing empresarial.
O curso da USP funciona na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, no interior de São Paulo, é noturno e tem duração mínima de quatro anos. O ingresso na universidade se dá por meio da Fuvest, processo seletivo próprio, e também pelo Enem, via Sisu. Larissa Lopes, aluna do oitavo período, ressalta que a graduação aborda o ambiente de forma multidisciplinar. “O curso de Gestão Ambiental atendeu às minhas expectativas por ser bem holístico. Sempre me interessei pela área e resolvi estudar algo que aumentasse minhas ferramentas para ajudar a minimizar os impactos causados pela ação humana ao meio ambiente.” Para quem deseja morar na capital paulista, a instituição também oferece a carreira na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each USP), localizada na zona leste de São Paulo.
Pedro Simões, estudante do sexto semestre, conta que a primeira impressão do campus de Piracicaba pode ser um pouco assustadora, porque há uma grande quantidade de prédios, alguns distantes dos outros. Mas o aluno lembra que é só uma questão de tempo até você se acostumar e adorar a universidade! “As aulas são espalhadas pelo campus e você meio que sente perdido nas primeiras semanas, mas, com o tempo, a Esalq vira sua casa. Hoje existem laboratórios completos e bem equipados, salas multimídia e bibliotecas vastas.”
Estrutura do curso
Durante o curso – primeiro do país a ser criado nesta área – os estudantes terão disciplinas como Administração de Recursos Humanos, Introdução às Ciências Sociais e Direito Ambiental, além de matérias do campo das Biológicas, que abrange temas como Botânica, Zoologia, Ecologia, Hidrologia, Microbiologia. Mas não pense você que as Exatas ficam de fora! Cálculo, Estatística, Contabilidade e Métodos Quantitativos são algumas das aulas que fazem parte do currículo. No entanto, na graduação ainda há poucas disciplinas voltadas a políticas públicas no setor ambiental, conta Pedro. “Outro tema que faz falta na grade são matérias voltadas para resolução de problemas ambientais”, diz.
Com base teórica forte, os estudantes de Gestão Ambiental da Esalq têm apenas algumas atividades em laboratório. Larissa conta que as aulas que são dadas nesses espaços, como Botânica Geral e Microbiologia, contam com boa infraestrutura e equipamentos necessários para as práticas. “O professor é acompanhado por um ou mais monitores que nos ajudam a usar os instrumentos e esclarecem dúvidas que vão surgindo no decorrer da explicação.”
Mesmo com poucas disciplinas laboratoriais e aulas durante a noite, há várias oportunidades para colocar a mão na massa! Os professores programam visitas técnicas e trabalhos de campo no período diurno, para que os estudantes possam conhecer melhor o dia-a-dia de um profissional da área. Bruna Juliani, do sétimo período, diz que duas das matérias que mais oferece prática são Botânica Geral e Sistemática Ambiental. Se dentro do laboratório os alunos estudam de forma aprofundada as identificações botânicas, nas viagens eles podem ver de perto como elas crescem nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. “Nós vamos para Cananeia, no interior do estado, em uma viagem bem legal que acontece já no primeiro ano do curso”, lembra Juliana Fiallos, também do sétimo semestre. Itirapina e Ilha Comprida são outros locais visitados pelos estudantes, além de São Paulo, Campos do Jordão e Angatuba.
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Mão na massa!
Outra forma de conhecer o cotidiano de um profissional formado é através dos estágios fora da universidade. Bruna, que é estagiária em uma agência de bacias hidrográficas há um ano, ressalta que a experiência foi importante para definir a carreira, ela seguirá na área de gestão de recursos hídricos. “Desde o primeiro semestre já me engajei em um grupo de estágio, na área da botânica e sistemática de plantas medicinais, onde participei de projetos de levantamento taxonômico e etnobotânico de diversas espécies medicinais de Piracicaba e região. Agora, no meu atual trabalho, desenvolvo atividades administrativas financeiras no setor de cobrança pelo uso dos recursos hídricos.”
As pesquisas em laboratórios da USP também são um bom modo de descobrir outra área, a acadêmica. Foi o que o aluno do sétimo semestre Álvaro Marsola fez. Ele é estagiário e realiza iniciação científica no Laboratório de Análise Ambiental e Geoprocessamento da Esalq. “A experiência é excepcional. Lá, estou em contato com os projetos dos professores, com a rotina de um laboratório em seu dia a dia, além de poder executar meu projeto de iniciação científica”, diz. Seus planos são seguir na carreira de pesquisador e cursar mestrado e doutorado no campo de mudanças climáticas.
Para os estudantes, o ensino multidisciplinar da Esalq e as experiências universitárias, acadêmicas ou não, são as grandes vantagens do curso de Gestão Ambiental da USP. “Temos a possibilidade de participar de diversos grupos de extensão, laboratórios e estágios ao longo da graduação. Assim, o aluno não tem contato apenas com a sala de aula e, consequentemente, opinião do professor acerca de determinados temas, mas há a possibilidade de vivenciá-los, seja em debates e conversas com os colegas, seja no dia a dia dos seus estágios dentro e fora da universidade”, destaca Álvaro.
Palavra de Estudante Bruna Juliani: “No campus de Piracicaba, desde o primeiro semestre, o aluno ingressante tem a oportunidade de participar dos diversos grupos de estágios da Esalq. Praticamente todos os meus colegas de turma estão realizando algum estágio, desde trabalhos na área de solos, hidrologia, botânica, laboratório de química, até atividades de educação ambiental na própria universidade. Há também oportunidades de intercâmbio, principalmente por meio dos convênios da USP com as universidades estrangeiras. Tenho muitos amigos do curso que participaram de programas de intercâmbio na França, Holanda, Estudos Unidos, Canadá, Dinamarca e Finlândia.” Pedro Simões: “A melhor das experiências universitárias foi o meu intercâmbio para o Canadá. Observar como estão os países de primeiro mundo quanto a ações sustentáveis, seja no planejamento urbano, seja na obtenção de fontes de energia – e até mesmo em programas sociais e desenvolvimento tecnológico – e por fim fazer uma comparação com o nosso país, realmente mostra o quanto temos para crescer e evoluir em todos os setores. O que na verdade, a meu ver, são áreas de atuação para o gestor ambiental.” Larissa Lopes: “Na Esalq, eu pude atuar em um projeto de extensão de Educação Ambiental voltado para alunos de ensino fundamental e médio. Tenho a oportunidade também de fazer parte de Bateria da Esalq USP, chamada To.Ba.L.Q, onde pude aprender a tocar tamborim e levar nosso música e alegria para os jogos que acontecem entre as atléticas, eventos ou até mesmo em ações sociais em asilos e para crianças com Síndrome de Down.” |