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Engenharia Naval: como é o curso e a profissão

Estudantes, professores e recém-formados da UFRJ respondem a 12 perguntas sobre a carreira

Por Lisandra Matias
Atualizado em 15 Maio 2018, 11h00 - Publicado em 14 Maio 2018, 11h58

Engenharia Naval: como é o curso e a profissão

Se você se interessa pela área de Engenharia, vale a pena conhecer mais a fundo a graduação em Engenharia Naval, oferecida por apenas seis universidades no país: UFPA, UFPE, UFRJ, UFSC, USP e UEA (AM).

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um grupo de alunos fundou há três anos a Liga Naval, para divulgar o curso e a profissão e apoiar os futuros engenheiros navais com palestras, workshops, mentorias e informações sobre o mercado de trabalho.

O GE conversou com a presidente da Liga Naval, Eloísa Juan. Na entrevista abaixo, ela, recém-formados e professores do curso respondem a 12 questões sobre como é o curso e a profissão.

Para começar a nossa conversa, o que faz exatamente o engenheiro naval?

O engenheiro naval se responsabiliza pelo projeto, pela construção e pela manutenção de embarcações e seus equipamentos. Ele projeta a estrutura, os motores e todos os demais componentes de pequenos barcos e lanchas a grandes navios cargueiros e de passageiros e também de plataformas marítimas voltadas à exploração de petróleo.

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Na construção, supervisiona os técnicos e os operários, verifica a qualidade da matéria-prima empregada e os métodos de trabalho.

Também pode gerenciar o transporte marítimo e fluvial e se encarregar do controle do tráfego de embarcações e dos serviços de comunicação.

Pode atuar, ainda, em inúmeras atividades que envolvem a exploração e produção sustentável de recursos do mar, como o petróleo.


Quais são os principais locais de trabalho do profissional?

Estaleiros, companhias de navegação e empresas que fazem administração de hidrovias são os tradicionais empregadores do graduado.

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No início do curso, o que se aprende? Quais as principais disciplinas básicas?

As disciplinas básicas dão a base matemática, física e conceitual, e a maioria delas são comuns a outras engenharias. Em Física 2, por exemplo, o aluno tem um contato inicial básico com conceitos extremamente importantes para a Engenharia Naval, como noções de hidrodinâmica, termodinâmica e a parte de ondas e vibrações. Outro exemplo é a disciplina de Mecânica 1, de grande importância para ser aplicada na disciplina de Arquitetura Naval, do ciclo profissional. O aluno consolida conceitos básicos de mecânica, como corpos rígidos, vigas, torques, que serão posteriormente aprofundados e aplicados na área naval.


E em relação às disciplinas específicas?

Por exemplo, no âmbito da Arquitetura Naval, ao longo do curso, aprende-se inicialmente como os navios flutuam, ou seja, quais forças e movimentos estão ali presentes, atuando. A partir desse entendimento, podemos analisar a estabilidade da embarcação. Dependendo da forma do casco, podemos mensurar esforços a uma dada velocidade máxima de serviço desejada, fenômeno conhecido como resistência ao avanço, e, assim, dimensionar a propulsão necessária, por exemplo. Nesses aspectos trabalhamos hidrodinâmica na sua essência. Por fim, tudo isso deve ser tecnicamente e economicamente viável e, dessa forma, disciplinas específicas dentro do curso mostram técnicas construtivas que possibilitam criar o casco desejado dentro dos custos ali envolvidos.


Como são as atividades práticas?

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Geralmente, o mais perto de atividades práticas que possuímos na graduação são visitas técnicas a estaleiros e laboratórios. Existem ainda equipes de competição dentro da faculdade que oferecem a possibilidade de uma atividade prática, como construção de barcos solares, pequenas embarcações, modelos autônomos submarinos e robôs. Essas equipes são patrocinadas por empresas privadas ou laboratórios e competem em nível nacional e internacional com equipes de outras universidades em eventos organizados por diversas instituições ou empresas.

Como um estudante de Ensino Médio pode saber se tem perfil para o curso?

A principal característica é realmente gostar de exatas, já que a carga de matemática e física é muito grande. Também é importante que tenha a curiosidade de um verdadeiro cientista, pois o objetivo do curso é formar pessoas que busquem formas de resolver os problemas de engenharia.


Engenharia Naval é um curso em que há mais homens do que mulheres? Qual a proporção, mais ou menos?

Em geral, o curso é desigual na proporção de homens e mulheres. Porém, recentemente e aos poucos, tem ocorrido um aumento na entrada de mulheres. Nos últimos períodos, por exemplo, cerca de 40% a 50% das turmas de calouros na UFRJ são formadas por mulheres.

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Há diferença entre um curso de Engenharia Naval e Engenharia Naval e Oceânica?

Sim. O trabalho de um Engenheiro Naval estendeu-se à Engenharia Oceânica graças ao desenvolvimento da exploração de petróleo nos oceanos. Enquanto um Engenheiro Naval trabalha, classicamente, com projetos, reparos e construção de pequenas e grandes embarcações, a parte oceânica é mais focada no estudo e execução de sistemas oceânicos voltados principalmente para exploração de petróleo e gás.

Como está o mercado de trabalho? Quais as áreas mais aquecidas atualmente?

O setor mais aquecido atualmente é o de Energias Offshore. O setor energético é o que mais cresce e mais interessa às grandes empresas atualmente. No momento, existem até opções de bolsas de estudo internacionais para a França nessa área. O termo “offshore” se refere a territórios afastados da costa. Atualmente, existem muitas pesquisas que envolvem o tema de produção de energia para sistemas oceânicos que operam afastados da costa.


É preciso fazer estágio para se formar? Quais os tipos de estágios/atividades mais comuns?

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Sim. O estágio é obrigatório para conclusão de curso. Os estágios mais comuns são em empresas de consultoria, análise de projetos de navios e unidades offshore, estudos técnicos navais e estruturais e controle de qualidade de serviços de reparo e inspeção em navios e plataformas offshore. Para esses estágios, ter conhecimento avançado de inglês é muito importante. Aliás, o domínio dessa língua é de extrema importância na carreira do Engenheiro Naval. Também são comuns, graças a multidisciplinaridade do curso, estágios em administração de empresas não ligadas à área naval e mercado financeiro. Os estágios voltados para a Engenharia Naval geralmente são realizados em empresas privadas do setor projetista ou estatais, como Petrobras, Transpetro etc.


Qual a média salarial de um recém-formado?

Em épocas de crise, como a que vivemos, os recém-formados geralmente recebem o piso, que é de 7,5 salários mínimos no regime CLT de 8 horas diárias, girando em torno de R$ 7.155,00 pelo site do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Entretanto, esse valor pode aumentar dependendo da atividade realizada ou local onde se trabalha.


Na sua opinião, o que é mais legal nessa profissão?

O mais legal da profissão é a gama de possibilidades que existe. O curso de Engenharia Naval, apesar de específico, abarca temas de várias outras engenharias, seja direta ou indiretamente. Isso dá a liberdade para trabalhar em incontáveis setores, visto que o aluno não fica restrito a uma linha de estudos única. A outra coisa legal, talvez mais óbvia, é que barcos são muito maneiros!


Quer conhecer mais sobre Engenharia Naval?
O projeto Diário de Bordo, da Liga Naval, documenta, por meio de vídeos disponibilizados no canal do YouTube, o dia a dia de engenheiros navais que trabalham em diferentes áreas. Confira aqui.

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