(Imagem: iStock)
A dúvida de hoje foi enviada pelo leitor Maycon Fabian, que quer saber se existe uma profissão em que ele pode juntar dois de seus maiores interesses: computação e o gosto pelos carros.
“Existe uma profissão que misture computação e carros? Sou apaixonado por carros e computação e queria atuar de uma forma que não deixasse nenhum dos dois lados de fora, teria alguma profissão que me dá esse privilégio?”
Cada carro é formado por uma série de sistemas eletrônicos que executam funções específicas. Quando você aciona o freio ABS, que é projetado para evitar derrapagens durante a frenagem, o veículo recebe os comandos de um microprocessador programado através de linguagem de computação.
Para entender melhor como alguém pode trabalhar com computação nos carros, conversei com Marco Moraes, estudante de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele explica que “um único automóvel moderno possui mais microprocessadores que alguns prédios comerciais”. Estes aparelhos são como computadores bem pequenos que controlam individualmente os sistemas do veículo, como os freio ABS, que mencionei.
Marco conta que, geralmente, a área de programação fica a cargo de profissionais de Engenharia Elétrica de Computação e Engenharia de Controle e Automação. Eles são os responsáveis por escrever os códigos que farão os sistemas do carro funcionar. Ainda assim, é importante lembrar que o engenheiro terá mais contato com o computador do que com o veículo, em si. Todos os sistemas que compõem a parte eletrônica passam por testes em laboratório antes de serem instalados nos automóveis para as provas finais.
Confira seu depoimento!
Marco Moraes, estudante de Engenharia de Controle e Automação na Unicamp:
“Oi, Maycon! Primeiramente, é importante se preocupar em definir melhor o seu gosto por computação. Essa área hoje em dia abrange uma gama relativamente grande de oportunidade de trabalho. Por exemplo: você pode gostar de participar do estudo e desenvolvimento de novos hardwares (como processadores e outros componentes eletrônicos), montagem e manutenção de redes, criação de softwares através de diferentes tipos de linguagem de programação, entre outros.
Hoje em dia, um único automóvel moderno possui mais microprocessadores (minúsculos computadores) que alguns prédios comerciais. Estes dispositivos, que controlam tudo desde o sistema de navegação por GPS e injeção de combustível ao sistema de frenagem antitravamento (ABS), controle do ambiente e sistemas de som, são projetados, fabricados e instalados por um engenheiro elétrico de computação. Claro que essas instalações são feitas somente no protótipo, para efeito de testes reais (simulações computacionais também são aplicadas antes). Após todos os sistemas serem homologados e não apresentarem falhas, essa instalação fica a cargo das linhas de montagem na fábrica.
Dentro da área da Engenharia de Controle e Automação, eu costumo dizer que este profissional é o “clínico geral” dos engenheiros, uma vez que no curso será estudada uma quantidade de assuntos bastante grande. No entanto, o foco desse curso é a automação, ou seja, estudar formas de dispensar o uso da mão de obra humana para qualquer tarefa, não importa o quão pequena. Por exemplo, a programação de braços robóticos de solda em uma fábrica ou todo o processo que ocorre dentro de uma cafeteira expressa, desde o apertar do botão ao sair o café pronto.
Para isso, o profissional dessa área terá um contato muito grande com computadores, onde gastará muitas horas escrevendo milhares, e em alguns casos milhões, de linhas de código para um único sistema do carro. Vale lembrar que cada microprocessador deve ser programado para efetuar um trabalho específico. Além disso, existe uma divisão de trabalho muito grande quando se aumenta a complexidade do produto final produzido. Dessa forma, o engenheiro normalmente participa do projeto de poucos componentes individuais do carro, que no final serão ligados juntos para compor toda a parte eletrônica do carro.
No entanto, muitas vezes, mesmo estando projetando e desenvolvendo programas para sistemas de um carro, pode ser que este profissional não tenha um contato direto com o carro em si. Muitas vezes não é necessário fazer a instalação do sistema em desenvolvimento em um carro para poder realizar todos os testes. Muitas vezes podem ser realizados em laboratórios e bancadas, sendo montados de fato no carro apenas quando todos os sistemas estiverem prontos e o protótipo estiver sendo construído.
Mas acima de tudo, recomendo uma conversa com um profissional do campo de fato, pois vale lembrar que ainda sou um estudante e nunca trabalhei na área automotiva. Espero ter ajudado! Abraços.”
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