Fred Gelli, um dos criadores do logo das Olimpíadas de 2016, fala sobre a carreira e o curso de Design
Fred Gelli quase foi parar na Engenharia, mas desistiu do curso depois de três semanas de aula. Ele tinha o sonho de desenhar veleiros e acreditava que não conseguiria realizar isso em Engenharia Naval, pois o curso era muito mais voltado ao cálculo do que à arte. Para realizar seu sonho, Fred se voltou às origens de sua família e foi parar no curso de Design. “Meu bisavô era marceneiro, ou seja, designer de móveis. A primeira cadeira patenteada do Brasil é dele. Tenho no sangue a história do design”, revela.
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O designer é um dos fundadores da agência Tátil, famosa por ganhar a disputa pelo logo das Olimpíadas de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro. Concorrendo com outras 139 agências, em setembro de 2010 a empresa recebeu a notícia sobre a seleção do projeto. A marca atingiu a aprovação de 74% do público que participou da escolha, algo inédito. “Foi resultado de um trabalho colaborativo com mais de 100 pessoas na empresa, desde a recepcionista, até a área de tecnologia”, afirma Fred.
Os primeiros contatos com o design
Fred se formou no começo da década de 1990, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Começou no curso de Design de Produto. Como a faculdade dava a opção de tirar também o diploma de Design Gráfico com mais um ano e meio de curso, o estudante continuou seus estudos para se aprofundar na área de criação. “O Design é uma coisa só na minha cabeça. É costurar conhecimento”, explica.
Fred acredita que o sucesso na carreira se deu graças a sua visão empreendedora na época de faculdade. “Pesquisando sobre ecodesign, comecei a fazer pastas, blocos e outros produtos de escritório com materiais reciclados e vendia para meus colegas”, relembra. Em parceria com um amigo, Fred deu os primeiros passos da Tátil. E foi um caminho tortuoso, porque todo o processo produtivo era feito por eles. “Não existiam fornecedores, nem máquinas para fabricarmos os produtos”, conta.
Por precisar tirar suas ideias do papel e coloca-las na prática, Fred aprendeu um dos preceitos que o norteia no design até hoje: “Não consigo criar algo sem visualizar o processo. Não adianta ter ideias mirabolantes se elas só ficam boas no papel”, dá a dica.
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O dia a dia de um designer
Além de ser professor do curso de Design da PUC-RJ, Fred também é diretor de criação geral de sua agência. Ele se dedica apenas a projetos especiais da Tátil. É responsável por pesquisar inovações e analisar novos produtos. Ele conta que um designer precisa ser versátil, pois a área de trabalho é muito ampla. “É uma profissão com muitas conexões, você precisa estar sempre bem informado e ter um grande conhecimento de cultura geral”, explica.
Se o designer for especializado na área gráfica, ele poderá trabalhar com projetos que vão desde a criação de uma vitrine de loja até repensar a identidade visual de uma revista. Já o designer de produto, outra especialização, é mais ligado à forma dos objetivos. Ele pode criar um frasco de um perfume ou até uma forma de embalar um produto que necessite de cuidados especiais.
Oportunidades no mercado de trabalho
Um dos caminhos que estão despontando no design é a área de sustentabilidade. A agência Tátil é exemplo disso. A empresa começou por esse caminho, que no começo da década de 1990 ainda dava seus primeiros passos na mentalidade do mercado. “Hoje o ramo da ecologia é muito complexo, é preciso muito estudo”, explica.
Fred comenta sobre a demanda do mercado por profissionais criativos e preocupados com o meio ambiente: “É preciso encontrar saídas para criações com baixo impacto ambiental e alto impacto sensorial”. Para ele, causar sensações é uma das funções do design, por isso a preocupação com a estética nunca é deixada de lado. “O produto não tem que ser ‘ecochato’. Tem que ser atraente”, finaliza.