Já pensou em ser engenheiro ambiental? Interdisciplinar, a carreira engloba vários campos de atuação, como o desenvolvimento de estudos sobre impacto social, econômico e ambiental de obras na natureza, a recuperação de áreas degradadas e os serviços de consultoria especializada. A leitora Maria Bastos quer saber mais sobre o mercado de trabalho para essa profissão e nos enviou a seguinte dúvida:
Minha maior dúvida em relação à Engenharia Ambiental, após muita pesquisa, é como está o mercado de trabalho para o Brasil nessa área, pois conversando com algumas pessoas cada uma me deu um ponto de vista e informações desencontradas. Uns dizem que está bom e outros, que está ruim. Então, gostaria de saber como está o mercado para concretizar minha escolha.
Para responder, o GE conversou com Fernanda Guabiroba, que se formou em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) em 2013. Ela trabalha, desde então, na Kinross Gold, uma multinacional mineradora de ouro em Paracatu, no interior de Minas Gerais. Fernanda participou de programa de trainee internacional e foi aprovada no processo seletivo da empresa em janeiro deste ano. Gestão hídrica, fechamento de barragens de rejeito e licenciamento ambiental são algumas das funções que desempenha como engenheira.
Ela conta que um dos principais desafios da profissão é que o campo de atuação do engenheiro ambiental se confunde com o de outras engenharias, por se tratar de uma área de conhecimento muito ampla. “Você poderá competir com engenheiros civis, químicos, entre outros, então, é bom estar preparado”. Mas não se desespere! Fernanda frisa que as melhores oportunidades profissionais são oferecidas por empresas multinacionais que já estão familiarizadas com a necessidade de um engenheiro ambiental na equipe.
“Oi, Maria! Muitos de nós, engenheiros ambientais, escutamos que Engenharia Ambiental é ‘o curso do futuro’ antes e durante nossa graduação. No entanto, quando formamos, o que realmente interessa é se a engenharia ambiental é o curso do presente. Toda essa expectativa em torno deste curso tem fundamento frente ao cenário mundial atual. É um campo com vasta gama de atuação, o que constitui um de seus principais pontos positivos. O engenheiro ambiental não está preso a um segmento restrito, como no caso da engenharia de minas ou de alimentos, por exemplo. O profissional precisa saber trabalhar em grupo e se comunicar com setores diversos e ter capacidade de analisar situações de forma ampla, considerando variáveis técnicas, econômicas e sociais.
O panorama para o recém-formado é semelhante a quase a maioria dos cursos. Provavelmente não haverá recrutadores na saída da colação de grau disputando cada formando, mas para aqueles que se empenharem em fazer contatos, mandar currículos e participar de programas de seleção, as chances de conseguir um emprego rápido são altas. O interessante é que se comece a busca ainda antes de formar. Uma boa network pode fazer toda a diferença na busca pelo primeiro emprego. Congressos, estágios e participação em grupos extracurriculares como empresas juniores podem fazer toda a diferença.
As principais áreas de atuação do engenheiro ambiental são o saneamento (com alta demanda nos últimos anos e com vasto mercado impulsionado por políticas públicas); mineração (envolve recuperação de áreas degradadas; gestão hídrica e monitoramento ambiental); estudos ambientais diversos (hidráulica e hidrologia aplicada a obras civis, estudo e avaliação de impacto ambiental, etc.); gestão ambiental, licenciamento ambiental e certificações como ISO 14000; entre outras.
Indústrias, empresas de consultoria e órgãos públicos são os setores que mais contratam engenheiros ambientais. Atualmente, praticamente toda indústria possui condicionantes ambientais exigidas por órgãos públicos e um departamento de meio ambiente que é responsável pelo cumprimento dessas exigências e também por metas ambientais determinadas pela própria empresa. As empresas de consultoria representam, a meu ver, o ramo que mais demanda este profissional. Essas empresas realizam diversos estudos e projetos, geralmente para o setor industrial ou público. Já este último tem aumentado consideravelmente o número de vagas destinadas aos engenheiros ambientais em seus editais, atraindo principalmente recém-formados.”
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Ainda não se convenceu? Conversamos também com Pedro Almenara, engenheiro ambiental formado pela UFV, que garante que a profissão reserva novas surpresas a cada dia. Pedro trabalha na Marca Ambiental, empresa especializada em gerenciamento e tratamento de resíduos em Cariacica, no Espírito Santo. Ele é responsável pela elaboração de novos projetos e analisa novas tecnologias que possam ser utilizadas no manejo de resíduos.
“Olá, Maria. A carreira como Engenheiro Ambiental é uma das mais promissoras do mercado, e isso se deve ao crescimento da consciência ambiental e sustentabilidade exigida no cenário empresarial, criando novos caminhos e consequente oferta de vagas. Existem vários campos de atuação para esse profissional, que tem o foco principal de propor soluções ambientais adequadas para as diversas atividades do mercado. O engenheiro ambiental pode ser contratado pela iniciativa privada, atuar no terceiro setor, fornecer consultorias, ou ser um concursado em órgãos públicos. As opções são diversas: na exploração e produção de petróleo – que geralmente possui melhores salários – , na área ambiental, de consultoria, de pesquisa ou através de concursos públicos.
Vale ressaltar que, embora promissora, é uma graduação nova no cenário nacional, e, por possibilitar uma gama variada de nichos de mercado, muitas vezes necessita de uma especialização (mestrado ou pós-graduação) que capacite o profissional como especialista em um ramo, balanceando a falta de experiência de um recém-formado com um suprimento técnico de peso. Muitas vezes confundida com a Engenharia Florestal e com a Engenharia Agrícola, é preciso lembrar que a Engenharia Ambiental não possui foco agrário. É uma profissão com raízes na Engenharia Civil, que irá demandar afinidade com cálculos, dimensionamentos, e estará frequentemente ligada a questões de saneamento e impactos.
Muitos dos recém formados ficam frustrados por não alcançar a desejada posição logo de cara – é comum o novo engenheiro por muitas vezes ocupar um cargo de analista ou similares até obter uma experiência desejável pelas empresas. Neste caso, não desanime! Como em um processo de trainee, estabeleça um prazo para o acúmulo de conhecimento, e certamente estará apta a uma posição de maior destaque, e possuirá bagagem para disputar, com vantagem, uma vaga no acirrado mercado de trabalho!”
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