Muitos candidatos se descabelaram ao se deparar com a prova de redação de alguns vestibulares recentes, seja por causa do formato pedido, seja por conta do tema a ser explorado. Separamos aqui alguns deles (e disponibilizamos os links para baixar cada prova, caso você queira encarar o desafio):
Escreva um panegírico?
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) deve ter espantado os calouros de 2015. A prova pedia, como era habitual, três textos que, juntos, valiam 10 pontos. O mais valioso (4 pontos) era o primeiro: “Elabore um panegírico (discurso elogioso a alguém ou a algo), em prosa, tendo como base os textos da coletânea.”
O problema é que a coletânea trazia apenas a definição de ética no dicionário, e um cartaz sobre ética: “Imagem não é nada. Ética é tudo. Alguns valores não se compram.”
Fique índio!
Mais amigável, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) oferece três propostas de texto para escolha do candidato. Mas olha a primeira da prova de 2016: “Crie uma lenda a ser contada por um sábio indígena às crianças de sua aldeia.” Trazia coletânea de apoio, mas ajudava pouco ou nada.
Com molho especial?
A prova de redação do vestibular 2016 de Direito da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) realmente procurou levar o vestibulando a refletir sobre si mesmo com o tema: “Amo muito tudo isso!”. Sim, o slogan da rede de hambúrgueres. O problema era o que foi solicitado:
“Redija uma dissertação em prosa, na qual você discuta a visão de mundo e os valores implicitamente transmitidos pelo anúncio, argumentando de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.” Teve candidato que perdeu a fome na hora!
Uma mentirinha só, baby?
Parada dura! A prova para o curso de Economia da FGV-SP, no primeiro semestre de 2016, também não foi fácil. O tema da dissertação: “É correto mentir para evitar problemas de convivência social?”. O problema é que os textos da coletânea estavam “mais pra lá do que pra cá”, digamos. Que tal Nietzsche e Platão destacando características positivas de mentir? Dos quatro textos da coletânea, só um trazia crítica aberta.
Ajude um detento!
A prova da disputada Faculdade de Medicina de Marília (Famema, instituição pública do governo paulista) também surpreendeu. Você sabia que existem programas estaduais que permitem aos presidiários reduzir dias de suas penas pela leitura de cada livro? Pois a coletânea trazia textos sobre esses programas no Paraná, Ceará e São Paulo. A questão foi: “A leitura deve ser uma medida para a redução da pena de presidiários?” O que está em discussão, claro, é esse aspecto da intenção de ressocialização dos presos.