A redação
Produção energética brasileira: desafios
O Brasil, como país emergente, possui significativa demanda energética em crescimento. Por esse motivo, deve-se definir a fonte de energia, com os menores impactos ambientais e sociais sem impedir a expansão. Essa conjuntura gera conflitos entre ambientalistas, governo, população e empresas.
O debate entre os diversos tecidos sociais abrange o uso de hidrelétricas. Essa é uma fonte renovável e limpa, bastante disponível no Brasil – por isso defendida por governo e empresas-, porém que recebe críticas de ambientalistas e comunidades tradicionais: para a instalação de hidrelétricas são necessários a destruição de fauna e flora locais e o deslocamento da população residente na área de instalação. Assim, os novos projetos de usinas no norte do país, como Belo Monte, apesar do aumento da demanda energética no Brasil, causam discórdia.
Embora essa fonte possua aspectos negativos, ela é viável para a nação. E a nuclear também pode ser mais bem explorada. Os demais países não detêm potencial hidráulico nem equilíbrio entre fontes renováveis e não renováveis equivalentes aos do Brasil, fazendo-os dependentes de petróleo, carvão mineral e gás natural. Contudo, a falta de acordo entre opositores e defensores de hidrelétricas tem feito sua participação recuar, sendo substituída por termelétricas, poluentes – a queima de matéria orgânica libera gases estufa. Outras fontes renováveis, como a eólica e a solar, ainda são caras e seu uso exclusivo não atende à demanda brasileira.
Quanto à nuclear, gera energia limpa a partir do urânio, recurso abundante no Brasil. Ainda assim, enfrenta resistência em decorrência do temor de vazamento radioativo, capaz de ocasionar mutações genéticas, doenças e mortes. As usinas nucleares dispõem para seu funcionamento, de fluidos circulantes responsáveis por resfriar o sistema. Caso não haja monitoramento dessa ação e de possíveis vazamentos radioativos, os problemas são possíveis. Por outro lado, ao fazê-lo, essa é uma fonte segura, como atestaram cientistas norte-americanos este ano quando apoiaram a construção de novas usinas nucleares nos Estados Unidos.
Portanto, é possível conciliar crescimento econômico e questões socioambientais. Para tanto, é preciso investir em hidrelétricas e energia nuclear, as mais viáveis, e garantir assistência àqueles que serão deslocados, com moradias dignas em áreas compatíveis com seu modo de vida.
A análise
O texto “Produção energética brasileira: desafios” é muito bom, porque responde, com qualidade, à pergunta temática “Produção energética brasileira: é possível conciliar expansão, desenvolvimento social e sustentabilidade?”.
Na dissertação, o autor defende que a energia produzida por hidrelétricas e aquela oriunda de usinas nucleares seriam boas opções de fabricação energética brasileira, por serem vantajosas nos aspectos econômicos e também nos relacionados à proteção do meio-ambiente. Encontrar isso no texto é marca suficiente para o merecimento de um elogio.
Outro ponto positivo do texto relaciona-se ao fato de a dissertação apresentar argumentação bem embasada para sustentar a sua “resposta temática”. No terceiro e quarto parágrafo, especificamente, o autor justifica as escolhas feitas quanto aos tipos de produções energéticas que deveriam ser incentivadas no Brasil, e ainda se preocupa em explicar por que outras espécies de produções de energia não seriam indicadas para a realidade brasileira (“termelétricas, poluentes – a queima de matéria orgânica libera gases estufa. Outras fontes renováveis, como a eólica e a solar, ainda são caras e seu uso exclusivo não atende à demanda brasileira”).
O terceiro ponto positivo deste texto é quanto a sua linguagem: clara, correta, bem pontuada, organizada; o que colabora para uma leitura fluida.
O ponto negativo fica para o fato de a intervenção para a problemática em questão, exigida na proposta da redação, aparecer apenas na conclusão, parte esta que deveria servir para retomar os argumentos já anteriormente trabalhados.
A proposta do autor do texto para intervir no problema apresentado – a questão da assistência às pessoas deslocadas por causa da construção de hidrelétricas ou usinas de energia nuclear – deveria ter sido desenvolvida, com atenção e cuidado, ao longo do texto, o que faria da dissertação “Produção energética brasileira: desafios” uma produção redacional ainda mais exemplar.
*Análise feita por Liliane Negrão, professora de redação da Oficina do Estudante