Com base na proposta de 17 de julho (acesse aqui), os estudantes deveriam escrever uma dissertação sobre o tema “O avanço da construção de muros num mundo globalizado”. Já publicamos duas análises sobre esse mesmo tema que pode ser conferida aqui e aqui. Confira abaixo mais um texto enviado por um leitor com a correção e a análise feita pelos professores da plataforma Palavra escrita.
O texto
Muros em um mundo sem fronteiras
Os limites geográficos entre os países estão deixando de ser imaginários e tornando-se reais. A existência de conflitos mundiais e de interesses econômicos tem estimulado a criação de barreiras físicas entre os países, além de dificultar o trânsito de pessoas pelo planeta. Nesse sentido, cabe discutirmos os efeitos dessas ações em um mundo globalizado.
Em primeiro lugar, as sociedades que enfrentam rivalidades e guerras históricas são um exemplo de como o ser humano sobrepõe suas diferenças sobre o direito de ir e vir, garantido pelo Artigo 13º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim sendo, países como Israel criam muros que delimitam territórios no estado [1] para dividir terras com a Palestina e, desse modo, impedir simbolicamente o trânsito de cidadãos desses locais.
Além disso, os Estados Unidos também estão incorporando em suas políticas imigratórias a construção de um muro que impossibilite a entrada de estrangeiros pelo México. Posturas como essa evidenciam as diferenças e interesses de países líderes em economia e países em desenvolvimento que se sujeitam às imposições da conjuntura exterior. Em vista disso, as potências mundiais apenas utilizam mão de obra estrangeira quando lhe é conveniente, no entanto, quando esta representa um risco à empregabilidade nacional, as poderosas nações implementam políticas imigratórias restritivas.
Enquanto isso, no Brasil, houve um aumento de 23,6% de imigrantes entre 2015 e 2016. Esses dados, disponibilizados pelo Comitê Nacional para Refugiados, indicam que o país tem sido destino alvo de pessoas que procuram melhores oportunidades de sobrevivência. Vindos de países de [2] conflito, estes cidadãos necessitam de amparo e políticas específicas a sua condição. Sob essa perspectiva, o Brasil estabelece uma condição de ponte entre países e não de muro que os separam.
Destarte, medidas podem ser tomadas para superar esta problemática. [3] O governo brasileiro pode criar fundações de amparo ao imigrante, por meio de parcerias entre a ONU e os países dos refugiados, para que estes sejam auxiliados em sua chegada ao Brasil. Junto a isso, o cidadão comum pode oferecer estadia provisória para essas pessoas, com o intuito de ajudá-los [4] na difícil adaptação em uma cultura diversa da sua. Dessa forma, o mundo pode caminhar para a conquista do cerne que os une e não do que os separa. [5]
A análise e a correção
[1] “Estado”, no trecho, é com letra maiúscula.
[2] O “em” parece mais adequado ao trecho.
[3] A problemática não foi muito bem delimitada. O texto apenas aponta que há vinda de refugiados de países em conflito, as necessidades deles e que o Brasil estabelece uma condição de ponte entre os países. Ou seja, parece que faltou explicitar as dificuldades enfrentadas pelo Brasil nessa tarefa de receber bem os refugiados.
[4] O adequado é “ajudá-las”, porque retoma pessoas.
[5] Os dois “os” no trecho retomam o quê? Seriam “pessoas”, mencionado anteriormente?
Avaliação final
Nota: 920
Sua redação tem projeto de texto e o realiza quase sem deslizes. Observe que faltou apenas aprimorar um pouco mais a materialização textual da relevância do papel brasileiro quanto à problemática do tema, relevância esta que sua tese indica com índices de autoria. Além disso, como mencionado anteriormente, apresentar as dificuldades e as facilidades brasileiras para tratar do tema aprimoraria sua argumentação (se uma das propostas é a parceria com a ONU na criação de fundações, é porque o Comitê Nacional enfrenta dificuldades, concorda?). Por fim, fique atento à articulação entre todas as partes do texto.