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Antiguidade: Civilização grega

Antiguidade: Civilização grega
GRUPO DE LAOCOONTE Uma das esculturas mais expressivas do Período Helenístico, a obra de Agesandro, Atenodoro e Polidoro representa cena da Guerra de Troia ()
 

Os pais do Ocidente

A civilização da Grécia antiga deu origem à cultura ocidental ao inventar a cidadania, a democracia, a filosofa, a geometria e o teatro

A civilização grega, na qual foram estabelecidas as bases da política e da cultura ocidentais, começou a se formar em torno de 2000 a.C., na Península Balcânica, e entrou em declínio no século II a.C., quando o território foi ocupado pelos romanos. A história da Grécia antiga é dividida em cinco períodos: Pré-Homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico.

Período Pré-Homérico (séc. XX a.C. – séc. XII a.C.)

Os mais antigos resquícios da ocupação humana ao sul dos Bálcãs datam de 2000 a.C. A região foi ocupada, sucessivamente, pelos aqueus, jônios e eólios. Até o século XII a.C., floresceu na região uma civilização semelhante às do Oriente, cujo centro era Micenas, situada no norte do Peloponeso. A chegada dos dórios, povo guerreiro vindo do norte, destruiu a civilização micênica e deu início à primeira diáspora grega.

Período Homérico (séc. XII a.C. – séc. VIII a.C.)

Recebe esta denominação porque as principais fontes que temos desse período são os poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero. Nessa época, a sociedade se organizava em comunidades familiares (genos) lideradas por um “pater”, que reinava sobre a família, dependentes, escravos e bens. No início do séc. VIII a.C., essas comunidades familiares passaram por processo de fusão (cinesismo), originando a pólis (cidade).

Período Arcaico (séc. VIII a.C. – séc. VI a.C.)

O que demarca o começo do Período Arcaico é o surgimento da pólis. Do ponto de vista político, o regime era aristocrático, governado pelas famílias mais tradicionais, que se apossaram das melhores terras. O descompasso entre o crescimento da população e a disponibilidade de áreas férteis deu origem a uma série de confitos sociais. Como resultado dessas tensões, houve um processo de colonização, que consistiu num movimento migratório que visava à construção de cidades gregas na Ásia Menor, norte da África e sul da Itália (Magna Grécia), também conhecido como segunda diáspora grega.

Entre as principais cidades que surgiram na Grécia no início do Período Arcaico, destacam-se Atenas e Esparta.

ATENAS

Do ponto de vista econômico, a principal atividade era a agricultura. Devido à escassez de terras férteis na região, a população logo passou a se dedicar também ao comércio marítimo e à pesca.

A sociedade era composta basicamente das seguintes classes: eupátridas (famílias mais tradicionais e proprietários das terras mais férteis); georgóis (pequenos proprietários); thetas (homens livres pobres); demiurgos (comerciantes); metecos (estrangeiros residentes na cidade que exerciam várias atividades, como artesãos, professores, artistas e comerciantes); e escravos (que predominaram apenas no Período Clássico).

Em relação à política, a principal característica da cidade-Estado grega é que ela se autogovernava. Em Atenas, a monarquia foi extinta logo no início do Período Arcaico, e o governo passou a ser exercido pela aristocracia, por meio do Areópago, um tipo de conselho que reunia os representantes da aristocracia.

A desigualdade social marcou a história de Atenas, com constantes revoltas e instabilidade política. Para tentar resolver as sucessivas crises, alguns legisladores impuseram reformas. O primeiro foi Drácon, que, em 621 a.C., redigiu as leis – até então orais –, dificultando sua manipulação pelos eupátridas. A rigidez do código inspirou o adjetivo draconiano.

As reivindicações populares não cessaram, e, em 594 a.C., outro legislador entrou em ação: Sólon. Ele aboliu a escravidão por dívidas, libertou os devedores e determinou a devolução de terras confiscadas pelos credores eupátridas.

Apesar das reformas, os conflitos sociais se mantiveram, dando origem a uma guerra civil. Aproveitando-se da situação de crise, em 560 a.C. o eupátrida Psístrato tomou o poder, instaurando um novo tipo de governo, a tirania (diferentemente de hoje, o termo não indicava um governo opressor, mas, sim, tomado ilegalmente).

Em 507 a.C., Atenas foi varrida por uma revolta popular liderada pelo aristocrata Clístenes. Ele dividiu a cidade em dez tribos e fortaleceu as assembleias populares. Com essas mudanças, todos os cidadãos de Atenas podiam participar diretamente do governo. Esse sistema ficou conhecido como democracia (governo do povo). Para manter a ordem, Clístenes criou o ostracismo, que era a suspensão dos direitos políticos e o exílio de cidadãos que ameaçassem o novo sistema.

Existia em quase todas as pólis um espaço público chamado Ágora, no qual os cidadãos se reuniam para discutir temas ligados a justiça, leis, cultura, obras públicas etc. Apesar de a maioria das cidades possuírem esse espaço, foi em Atenas que a Ágora se destacou.

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ESPARTA

Localizada no Peloponeso e fundada pelos dórios no século IX a.C., chamava atenção pelo caráter militar de sua sociedade. Até seu desaparecimento, no século IV a.C., a cidade manteve a estrutura social estratificada (sem mobilidade) e o regime oligárquico. Os espartanos, descendentes dos dórios, eram os únicos a possuir direitos políticos e monopolizavam o poder; os periecos habitavam a periferia e dedicavam-se ao comércio e ao artesanato; os hilotas, servos de propriedade do Estado, cultivavam as terras dos espartanos.

Quem detinha o poder político de fato na cidade era o eforato, formado por cinco magistrados eleitos anualmente. Os demais órgãos administrativos eram a diarquia, composta de dois reis hereditários que exerciam funções executivas e militares; a gerúsia, constituída de 28 membros vitalícios que apresentavam projetos de leis; e a ápela, ou assembleia popular, formada pelos espartanos com mais de 30 anos, com funções consultivas.

Período Clássico (séc. VI a.C. – séc. IV a.C.)

Nesta fase, a Grécia antiga atingiu o apogeu e, por fim, acabou destruída por guerras. Atenas, com seu novo sistema democrático, desenvolveu-se e expandiu-se pelo Mar Egeu. Sua política hegemônica, no entanto, esbarrou em outra potência: a Pérsia. A luta pela supremacia marítima e comercial entre gregos e persas (ou medos), conhecida como Guerras Médicas, teve como estopim o levante das cidades gregas da Ásia Menor, em 499 a.C., contra a política expansionista do imperador Dario, da Pérsia.

Nesse confronto, os gregos conseguiram vencer a expedição de 50 mil persas enviada à planície de Maratona. Mas os inimigos não desistiram e, em 486 a.C., voltaram a atacar as pólis, que se uniram para vencê-los novamente nas batalhas de Salamina e Plateia. Sabendo que os persas poderiam voltar a atacar, várias cidades se reuniram e, lideradas por Atenas, formaram a Confederação de Delos.

Responsável pela administração financeira da confederação, Atenas usou os recursos em benefício próprio, impulsionando sua indústria e seu comércio. Logo se tornou a cidade mais poderosa da Grécia. O apogeu dessa fase ocorreu entre 461 a.C. e 431 a.C., quando a pólis foi governada por Péricles. Durante o século V a.C. (chamado de século de Péricles), ele fez reformas para diminuir o desemprego e realizou obras públicas.

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VESTÍGIOS DE PALÁCIO MICÊNICO SÃO ACHADOS NA GRÉCIA

Da AFP

Vestígios de um palácio da época micênica (séculos XVII-XVI a.C.), com importantes inscrições em grego arcaico, foram descobertos perto de Esparta, no Peloponeso (sul da Grécia) (…).

Esta nova descoberta permitirá obter informações sobre a organização política, administrativa, econômica e social da região e trará à luz novos elementos sobre as crenças e a língua micênicas, segundo o comunicado.

As escavações arqueológicas realizadas desde 2009 em Agios Vassilios, uma aldeia próxima a Esparta, a 300 km de Atenas, permitiram revelar antigas inscrições na forma mais arcaica do grego antigo.

Nas tabuletas de argila há referências a cerimônias religiosas e nomes de lugares. (…)

No norte do Peloponeso se encontra o sítio principal da civilização micênica, a cidadela de Micenas, descoberta no século XIX. Compreende principalmente vestígios do palácio real e túmulos monumentais atribuídos a heróis da mitologia grega.

G1, 25/8/2015

Nessa época também surgiram grandes artistas, filósofos e dramaturgos. Eram os “anos de ouro” de Atenas.

Esse sucesso acirrou a rivalidade entre as cidades e fez com que Esparta liderasse a Liga do Peloponeso, que empreendeu, em 431 a.C., uma guerra contra a Confederação de Delos, a Guerra do Peloponeso. Com a vitória espartana e a devastação de muitas cidades, começou o último período da história da Grécia antiga.

Período Helenístico (séc. IV a.C.– séc. II a.C.)

Após anos de guerras, acabou a hegemonia ateniense e teve início a de Esparta, que impôs governos oligárquicos em todas as pólis da Confederação de Delos. Mas o auge espartano foi breve. Em 371 a.C., a cidade foi derrotada por Tebas, na Batalha de Leutras.

 As constantes lutas arrasaram as cidades e desorganizaram o mundo grego. Empobrecidas e fracas, as pólis foram presas fáceis para o grandioso Exército de Felipe II, rei da Macedônia (região norte da Grécia Continental). Em 338 a.C., teve fm a autonomia das pólis gregas. O flho e sucessor de Felipe, Alexandre, o Grande, foi ainda mais longe: conquistou o Império Persa e dominou vastos territórios, do Egito até a Índia. Com ele, houve grande aceleração do comércio, da urbanização e da mesclagem de valores gregos com os dos povos conquistados. Essa mistura deu origem à cultura helenística.

Em 323 a.C., com a morte de Alexandre, seus generais dividiram o império. No século II a.C., a Grécia e a Macedônia foram convertidas em províncias da nova potência mundial: a civilização romana.

PARA IR ALÉM Os 300 de Esparta (1998) é uma graphic novel escrita por Frank Miller que descreve a Batalha das Termópilas, ocorrida em 480 a.C., na qual o rei Leônidas comanda 300 soldados espartanos em uma luta contra as forças do imperador persa Xerxes.

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FILOSOFIA GREGA

O estudo da filosofia grega antiga, tradicionalmente, divide-se em três períodos: Pré- Socrático, Clássico e Helenístico. Conheça algumas das principais características e autores de cada um deles.

PRÉ-SOCRÁTICO ao contrário do que o nome sugere, os filósofos deste período não antecederam a Sócrates necessariamente. Eles são classificados mais pelo objeto de sua filosofia do que por sua cronologia, já que alguns nomes são contemporâneos ou posteriores a Sócrates. Esses filósofos tinham como objeto a cosmologia – o estudo da origem e da evolução do Universo. Eles inauguram uma mentalidade baseada na razão para entender os fenômenos da natureza, na qual se baseavam em princípios naturais, rompendo com o sobrenatural e a tradição mítica. Com a evolução dos estudos filosóficos surgem os sofistas, que mudaram o foco do cosmo para o homem e os problemas morais a ele pertinentes. Nesta linha destacam-se Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto, Heráclito, Pitágoras, Xenófanes, Anaxágoras, Demócrito e Diógenes.

CLÁSSICO Sócrates surge como divisor do pensamento filosófico grego. A partir de seus estudos, as questões da natureza e do princípio das coisas mudam para o indivíduo, o homem da pólis – para ele, mais importantes eram as questões referentes à ética e à existência humana. Sócrates desenvolveu a maiêutica, método de perguntas e respostas para a busca da verdade. Usa o diálogo como método para levar as pessoas a reconhecer a própria ignorância – “só sei que nada sei”.

Mas é com Platão e Aristóteles que a filosofia clássica atinge seu auge. Para Platão, discípulo de Sócrates, as ideias são o próprio objeto do conhecimento intelectual. Ao desenvolver sua Teoria das Ideias ou das Formas, afirma que as ideias (formas) não materiais (abstratas) possuem o mais alto e fundamental tipo de realidade, e não o mundo material, mutável, conhecido pelos homens por meio das sensações. O que não se vê é mais real do que o visível, já que é captado pelos “olhos da alma” e não pelos “olhos do corpo”. Dessa forma criou o conceito da filosofia metafísica.

Já Aristóteles, criador da lógica e da ética filosófica, defendeu a supremacia do real sobre as ideias, contrariando seu mestre, Platão. Seus estudos tinham por princípio a experimentação, única forma eficiente de comprovar fenômenos da natureza. Defendeu que a inteligência humana é a única forma de alcançar a verdade. Escreveu sobre vários assuntos: política, lógica, moral, ética, escravidão, teologia, metafísica, química, biologia, antropologia, poética, retórica, física, didática… Apesar de suas afirmações científicas terem sido desmentidas ao longo dos séculos, seus estudos filosóficos influenciaram todo o pensamento ocidental posterior.

HELENÍSTICO As principais escolas filosóficas do Período Helenístico são o cinismo, o ceticismo, o epicurismo e o estoicismo. Todas procuravam, fundamentalmente, estabelecer uma série de preceitos racionais para dirigir a vida de cada ser humano e, dessa forma, por meio da ausência do sofrimento, atingir a felicidade e o bem-estar. Nesta fase o público foi substituído pelo privado como espaço para as reflexões filosóficas. A reflexão política foi abandonada pelos filósofos deste período, já que se preocupavam com as questões da felicidade individual. Podemos destacar Plotino, Cícero, Zenão e Epicuro entre seus principais representantes.

Além dos filósofos, outros importantes nomes devem ser lembrados como representantes da cultura da Grécia antiga: Hipócrates (considerado o pai da medicina), Euclides (matemático, fundador da geometria), Homero (poeta, a quem são atribuídas a Ilíada e a Odisseia) e Sófocles (dramaturgo, autor de Édipo Rei e Antígona) são os principais destaques.

O QUE ISSO TEM A VER COM MATEMÁTICA Pitágoras foi um filósofo e matemático grego que viveu no século VI a.C. e criou o teorema que leva o seu nome. Foi ele quem primeiro observou a relação entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo: a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Para saber mais, veja o GUIA DO ESTUDANTE MATEMÁTICA.

Próximo tema: Antiguidade: Civilização romana

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