Citologia: Vírus, bactérias e fungos
A vida microscópica
Os vírus – como o HIV, causador da aids – são exemplo da grande diversidade da vida na Terra. Os organismos que povoam o planeta assumem as mais diversas formas e variados tamanhos e habitam os mais diferentes ambientes. Animais têm movimento. Mas há seres vivos fixos, incapazes de se mover, como os vegetais e as colônias de corais. Há também os que só sobrevivem imersos em água, como os peixes, e os que residem no subsolo, como as minhocas e algumas bactérias. Existem até seres que só podem ser considerados vivos quando invadem outros organismos.
A biologia tem diversos sistemas para catalogar os seres vivos, segundo esta ou aquela característica. Mas existe uma classificação geral, segundo a estrutura básica do organismo:
• Acelulares são os seres que não têm células. É o caso dos vírus.
• Unicelulares são os formados por uma única célula, como as bactérias.
• Pluricelulares, ou multicelulares, são constituídos de duas ou diversas células, como os animais e as plantas.
Os vírus
Vírus são seres tão estranhos que muitos cientistas relutam em classificá-los como seres vivos. Um vírus não passa de uma cápsula de proteína (capsídeo) envolvendo moléculas de DNA ou de RNA. Todos os seres vivos carregam em suas células as duas moléculas, mas não os vírus. Neles, só existem ou o DNA ou o RNA. Os vírus também não têm um citoplasma com organelas para a obtenção de energia. Assim, para sobreviver e se reproduzir, todo vírus precisa invadir uma célula e roubar dela a infraestrutura. Daí a dúvida se vírus deve ser considerado um ser vivo ou não.
O ataque viral é simples e fulminante. Ele se encosta à superfície externa de uma célula (processo chamado absorção) e injeta nela seu material genético – DNA ou RNA (penetração). A penetração pode se dar de diferentes formas:
• Por endocitose, quando a própria célula hospedeira “engole” o vírus, destrói o capsídeo e absorve o material genético viral. É o que acontece com os vírus da gripe.
• Por injeção do material genético, ficando o capsídeo do vírus fora da célula. Isso ocorre com os que atacam bactérias (bacteriófagas).
• E por fusão do capsídeo com a membrana da célula hospedeira. É o que faz uma classe especial de vírus, o retrovírus, como o HIV (veja abaixo).
Seja qual for o processo de penetração, uma vez que o material genético do vírus esteja no interior da célula, ele se multiplica e produz novos capsídeos para que nasçam novos vírus. Para saírem da célula hospedeira, eles acabam por destruí-la.
Como o vírus faz pirataria
Os retrovírus são um tipo de vírus que só tem RNA, e, como qualquer vírus, também precisam invadir uma célula para sobreviver. Para “piratear” as informações genéticas da célula hospedeira, o retrovírus faz uma transcriptase reversa. Em vez de transcrever informações de um DNA para um RNA, a enzima transcreve informações do RNA viral para um DNA viral, que se integra ao DNA do hospedeiro e se multiplica normalmente. Os retrovírus podem permanecer latentes por anos. Um dia, o DNA adulterado recebe uma ordem para codificar as mensagens em RNA. Aí, o vírus se multiplica e infecta o organismo.
As bactérias
São microrganismos unicelulares, formados de uma célula procariótica. Esse tipo de célula primitiva não tem o material genético separado num núcleo e é dotado de uma só organela, o ribossomo. Eles podem, também, apresentar pequenas porções de DNA soltas na célula. Os seres que têm apenas uma célula procariótica são chamados procariontes. As bactérias reproduzem-se por simples divisão celular. Assim, uma bactéria-mãe gera duas bactérias-filhas idênticas.
Algumas bactérias sintetizam o próprio alimento. São as autótrofas, que produzem compostos orgânicos com a energia de reações químicas com compostos inorgânicos do ambiente (quimiossíntese), ou da energia luminosa (fotossíntese). Mas há também as bactérias heterótrofas, que dependem de compostos orgânicos já prontos no ambiente. Uma bactéria heterótrofa pode ser decompositora (que se alimenta de matéria orgânica morta, provocando sua decomposição), ou parasita (que vive à custa de outro ser vivo).
São heterótrofas parasitas as bactérias que causam algumas doenças das mais sérias no homem, como pneumonia, tuberculose, difteria, tétano e cólera. Mas as bactérias têm lá seu lado bom e simpático. Elas são essenciais para o funcionamento do sistema digestório, principalmente nos intestinos. E são úteis na fabricação de laticínios, como queijos e iogurte. Na natureza, têm papel importantíssimo na manutenção do equilíbrio ecológico.
Os fungos
Os fungos podem ser unicelulares, como as leveduras, ou pluricelulares, como o bolor e os cogumelos. Mas todos são eucariontes, ou seja, são compostos de células eucarióticas, com citoplasma, membrana, organelas e o material genético isolado num núcleo.
Os fungos são mais aparentados com os animais do que com os vegetais. Suas células têm uma parede de quitina, o mesmo material que compõe o exoesqueleto dos artrópodes. Eles armazenam energia na forma de moléculas de glicogênio, como os animais. Não fazem fotossíntese, como as plantas fazem. São heterótrofos – alimentam-se de matéria orgânica, morta ou viva. Secretam enzimas digestivas sobre o substrato e o absorvem como alimento já digerido.
Os que se alimentam de matéria viva são parasitários. Muitos deles são extremamente danosos para a agricultura. Para evitar ataques na plantação ou nos produtos colhidos, os agricultores aplicam fungicidas, o que acaba poluindo o ambiente. Fungos podem parasitar também os seres humanos: são eles que causam micoses de pele e unha, candidíase e “sapinho”.
Mas, como as bactérias, nem sempre os fungos são vilões. A levedura (fermento biológico) usada pelos padeiros para fazer a massa do pão crescer é um fungo. Leveduras também são utilizadas para provocar a fermentação de bebidas alcoólicas, como cerveja, e produzir álcool combustível. Na natureza, também como as bactérias, os fungos são importantes decompositores.
.PARENTE PRÓXIMO Os fungos, como este cogumelo, guardam mais semelhanças com os animais do que com os vegetais