Idade Contemporânea: Primavera dos Povos e Comuna de Paris
BARRICADA Durante a Comuna de Paris, os operários criaram um governo revolucionário que assumiu o controle da capital francesa e adotou reformas
Paris em chamas
No século XIX, a capital francesa foi palco de movimentos revolucionários de inspiração socialista que tinham como objetivo levar a classe trabalhadora ao poder
A influência do ideário socialista se manifestou em dois movimentos revolucionários importantes que eclodiram na França no século XIX: as Revoluções de 1848 e a Comuna de Paris.
As revoluções de 1848
Paris foi o polo irradiador da onda revolucionária que atingiu a Europa em 1848, que ficou conhecida como Primavera dos Povos. Desde meados dos anos 1840, grupos de oposição na França reivindicavam leis que garantissem as liberdades públicas de organização e manifestação, o fim do regime censitário e o combate à corrupção. Em fevereiro de 1848, num ambiente de grave crise econômica, a oposição convocou uma grande manifestação em Paris, que foi proibida pelo governo de Luis Felipe, conhecido como o “rei dos banqueiros”.
Apoiados pelos socialistas, os operários ergueram barricadas por toda Paris e enfrentaram a Guarda Nacional. Após dois dias de combates, os revolucionários saíram vitoriosos. O “rei dos banqueiros” foi deposto, e os revoltosos implantaram a Segunda República na França.
O governo provisório francês, pela primeira vez na história integrado por representantes socialistas, aprovou várias medidas de caráter social, como o direito ao trabalho e a redução da jornada trabalhista. Entretanto, nas eleições da nova Assembleia Nacional, a maioria dos deputados eleitos alinhou-se à conservadora burguesia francesa. Com isso, as medidas aprovadas pelo governo provisório a favor da classe trabalhadora acabaram sendo revogadas. Os trabalhadores reagiram com uma nova jornada de revoltas e protestos, violentamente reprimida pela Guarda Nacional. Cerca de 3 mil trabalhadores foram mortos, e 15 mil, presos e deportados para as colônias.
Na França e em outros países europeus, o movimento dos trabalhadores despertou enormes esperanças, mas as tentativas de instauração de regimes democráticos foram sufocadas pelas forças da ordem, que reassumiram o controle da situação.
As revoluções de 1848 são consideradas um marco importante, pois, a partir delas, a burguesia abriu mão de seu projeto revolucionário e se converteu no agente de defesa da ordem. Agora, caberia aos trabalhadores a tarefa de dar continuidade às transformações da ordem social burguesa, com um projeto político próprio e revolucionário.
A Comuna de Paris
Com a derrota da França para a Prússia, na guerra de 1871, os republicanos e os socialistas que controlavam Paris não aceitaram os termos do acordo de paz e desafiaram os prussianos a invadir e conquistar a cidade. Receosos, os conservadores e a burguesia abandonaram Paris. Os socialistas e os comunistas, com o apoio dos trabalhadores, proclamaram, então, um governo revolucionário, conhecido como Comuna de Paris.
Foi a primeira vez na história que um governo assumiu e implementou um programa de reformas inspirado no ideário comunista: a propriedade privada foi abolida, criou-se um sistema de democracia direta, foi instituído o ensino gratuito e obrigatório, a população foi armada e os operários assumiram o controle da economia e do destino da cidade.
Contrária a essas medidas, a burguesia francesa, reunida em Versalhes, aliou-se aos prussianos. Juntas, tropas francesas e da Prússia invadiram Paris e promoveram o maior banho de sangue ocorrido na história da cidade até então, em que 20 mil pessoas foram fuziladas, e mais de 50 mil, presas ou exiladas. Após 72 dias, chegava ao fim a Comuna de Paris.