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Litosfera: Urbanização

Saiba como a falta de planejamento urbano potencializa os efeitos dos temporais, provocando deslizamentos de terras e inundações

Os temporais são fenômenos naturais que atingem as cidades de tempos em tempos. A dimensão dos danos que causam, porém, poderia ser menor, se as zonas urbanas fossem construídas respeitando a natureza. As cheias dos rios, por exemplo, são naturais e cíclicas. Um bom planejamento, portanto, deveria preservar seus leitos livres. Mas não é A ocupação dessas áreas, principalmente em trechos de planície também conhecidas como várzeas, provoca inundações que trazem enormes transtornos e prejuízos sociais e materiais. Casas são invadidas pelas águas, formam-se enormes congestionamentos e serviços, como transportes e abastecimento de água, são inter-rompidos, entre outras consequências.

Para entender melhor esse fenômeno, é preciso atentar para as diferenças entre enchente, inundação e alagamento. Veja na fiigura abaixo:

Litosfera: Urbanização

Além das características de relevo e hidrografia, há outros fatores que aumentam o volume de água dos rios de planície e que contribuem para a ocorrência de inundações em áreas urbanas:

A IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO
Ruas e avenidas pavimentadas, prédios, casas, indústrias e estacionamentos impedem ou reduzem a infiltração da água no solo e, consequentemente, aumenta o volume e a velocidade do escoamento das águas superficiais.

A RETIFICAÇÃO E A CANALIZAÇÃO DO LEITO DE RIOS E CÓRREGOS Em geral, os rios de planície apresentam meandros ou “curvas”. A retificação e canalização desses rios, feita para ampliar os espaços a serem ocupados pela cidade, diminuem a extensão do rio.

DEPOSIÇÃO INADEQUADA DE LIXO SÓLIDO O lixo jogado nas ruas e calçadas ou mesmo diretamente nos rios e córregos dificulta a vazão das águas.

DESMATAMENTO A retirada da mata nas encostas e nas margens dos rios provoca o aumento da erosão e, consequentemente, o assoreamento dos rios em seus trechos de planície, ou seja, o acúmulo de sedimentos nos leitos dos rios e lagos, facilitando o seu transbordamento.

Deslizamentos de terras

Os deslizameLitosfera: Urbanizaçãontos de terra estão diretamente relacionados às características de relevo, solo, clima e cobertura vegetal. Apesar de serem fe-nômenos naturais, os deslizamentos são potencializados pela ocupação humana desordenada. A construção de casas e estradas e a implantação da agricultura e da pecuária tendem a desestabilizar ainda mais o frágil equilíbrio natural desses ambientes, aumentando as chances de acidentes que trazem prejuízos incalculáveis, incluindo a perda de dezenas de vidas humanas anualmente.

No Brasil, as áreas mais sujeitas à ocorrência de deslizamentos são as que se encontram na unidade de relevo conhecida como Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste (veja o mapa de relevo do Brasil, na página 37). Isso porque a região caracteriza-se pela existência de áreas com grande declividade (escarpas e encostas das serras), solos rasos e elevada pluviosidade concentrada no verão, sobretudo nas encostas próximas ao litoral e voltadas para o leste, que recebem os fluxos de ar úmido provenientes das águas oceânicas. Como a região foi densamente povoada em áreas de risco, como encostas de morro, os acidentes se tornam mais frequentes. Entre os casos mais emblemáticos ocorridos no país, estão os deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011.

SAIU NA IMPRENSA

DESASTRES NATURAIS CUSTARAM AO BRASIL R$ 182 BI EM 20 ANOS

Prejuízos causados por desastres naturais no Brasil custaram pelo menos R$ 182,8 bilhões – uma média de R$ 800 milhões por mês –, entre 1995 e 2014. Os números fazem parte do mais completo mapeamento da quantidade de eventos  meteorológicos, como secas, estiagens, inundações e enxurradas, que atingiram o País nesse intervalo de 20 anos e o impacto financeiro que eles tiveram.

Estão incluídas na análise tragédias como as enchentes e deslizamentos de terra que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, deixando 918 mortos, além das inundações no Vale do Itajaí (SC), em novembro de 2008 (…). Minas Gerais foi o Estado com mais registros e o Rio Grande do Sul, o líder em prejuízos.

Os autores do trabalho, realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped) da Universidade Federal de Santa Catarina, com apoio do Banco Mundial, afirmam, no entanto, que os resultados são reconhecidamente subestimados. Isso ocorre porque os dados disponíveis sobre os eventos climáticos e seus possíveis danos materiais são limitados (…). “É só a ponta do iceberg e ainda assim estamos falando de uma média de R$ 800 milhões por mês (…)”, afirma Frederico Ferreira Pedroso, especialista do programa de Gestão de Riscos de Desastres do Banco Mundial. (…)

O Estado de S.Paulo, 10/03/2017

 

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