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Mortes por Covid-19 ultrapassam 700 mil no país em três anos

Brasil é a segunda nação com maior número de mortes. Veja as características do mundo atual que favorecem a ocorrência de pandemias

Você provavelmente conhece pessoas que contraíram covid-19. Talvez você mesmo tenha tido a doença. Infelizmente, talvez conheça pessoas que perderam a vida, pois nosso país foi duramente atingido. Em três anos, o Brasil registrou mais de 700 mil mortes por Covid-19. E é possível que, na realidade, este número seja ainda maior, pois pode ter havido um importante número de mortes por Covid-19 sem a identificação da doença.

Este total de mortes foi atingido na semana de 20 de março de 2023. A primeira morte por Covid-19 no Brasil havia acontecido em 12 de março de 2020.

A Covid-19 é uma doença infecciosa causada por um novo vírus, um coronavírus (nome alusivo à sua forma de “coroa”) chamado de SARS-CoV-2, que surgiu no final de 2019, na China. Quase imediatamente, começou o trabalho para desenvolver as vacinas, e boa parte do caminho já estava percorrido, pois a base foram outras vacinas já existentes para combater doenças anteriores também causadas por coronavírus.

O governo brasileiro do então presidente Jair Bolsonaro (PL) demorou a fazer a compra das vacinas em 2020 – ainda em sua fase de desenvolvimento –, e a vacinação começou apenas em janeiro de 2021. Antes disso, a única forma de proteção havia sido o isolamento social, e, quando necessário sair de casa, o uso de máscaras e outros cuidados para evitar o contágio.

O auge no número de mortes no Brasil aconteceu em abril de 2020, quando a vacinação tinha chegado a apenas 14% da população, e morreram 100 mil brasileiros em apenas 36 dias. Com o avanço posterior da vacinação, a incidência de mortes foi diminuindo aos poucos. A vacina não impede o contágio, mas reduz muito o desenvolvimento da doença no organismo das pessoas – os casos são menos graves, e há muito menos mortes. Mas a doença continua em curso, e, por isso, continua o combate: as pessoas têm de prosseguir se vacinando e tomando cuidados como o uso de máscaras, sobretudo quando estão com sintomas gripais.

Brasil e o mundo

No início de maio de 2023, o mundo chegou ao registro de 765,2 milhões de casos da doença, perto de 10% da humanidade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na mesma data, a OMS computava 37,4 milhões de casos no Brasil, sexto país mais atingido pela doença (4,9% do total mundial).

No Brasil, porém, a doença matou bem mais do que na maioria dos países, sobretudo pelo atraso na vacinação. Em 3 de maio de 2023, a OMS registrava um total de 6,9 milhões de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, e o Brasil, com 701 mil mortes, respondia para 10,1% desse total, como o segundo país com maior número de vítimas fatais (veja os dados nos quadros).

Países com mais casos de Covid-19
Dados registrados pela OMS até 3 de maio de 2023
País

Número de casos da doença

Estados Unidos

103.266.404

China

99.248.443

Índia

44.952.996

França

38.930.489

Alemanha

38.403.667

Brasil

37.449.418

Japão

33.720.739

Coreia do Sul

31.176.660

TOTAL MUNDIAL

765.222.932

Fonte: OMS

Países com mais mortes por Covid-19
Dados registrados pela OMS até 3 de maio de 2023
País

Número de casos da doença

Estados Unidos

1.124.063

Brasil

701.494

Índia

531.564

Rússia

398.366

México

333.908

Reino Unido

224.106

Peru

220.122

Itália

189.738

TOTAL MUNDIAL

6.921.614

Fonte: OMS

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Globalização e epidemias

O SARS-CoV-2 é um vírus novo, mas a possibilidade de ocorrência de pandemias é um risco permanente no mundo atual. Os países-membros da OMS começaram a criar regras e estratégias para detectar e combater pandemias em 1951. Naquela época, o navio ainda era o principal meio de transporte de passageiros entre continentes. Hoje, mais de 4 bilhões de passageiros cruzam os céus por ano. Doenças infecciosas trafegam pelo planeta em horas. Os vírus não apenas se espalham a jato como emergem mais rapidamente em um mundo no qual o meio ambiente vai sendo muito alterado pela mão humana.

Como resultado, a OMS detecta uma nova doença por ano desde os anos 1970, e centenas de epidemias pelo globo anualmente. As principais causas são a urbanização, a degradação das condições sociais e ambientais, e a carência e o uso incorreto de recursos médicos.

Embora o enorme impacto da pandemia de Covid-19 tenha pego a maioria das pessoas totalmente de surpresa, a possibilidade de ocorrência de pandemias de doenças desconhecidas não é novidade para os especialistas, e faz parte do cenário global monitorado constantemente pela OMS. Veja: o “Atualidades Vestibular”, revista que era editada pelo Guia do Estudante, publicou em 2009 uma reportagem sobre a epidemia de gripe suína com o seguinte trecho: “Especialistas em saúde defendem a ideia de que a vigilância sanitária global seja aperfeiçoada e que os governos invistam em saúde e qualidade de vida, para que a humanidade se torne menos vulnerável à inevitável próxima pandemia”. Perceba a palavra “inevitável”. Ela vinha do fato de que, com o desmatamento e a aproximação dos seres humanos de nichos nos quais nunca esteve, aumenta o contato com vírus desconhecidos alojados em espécies animais. Nessa interação, há o risco permanente de que mutações permitam que os vírus consigam atingir a espécie humana, trazendo doenças novas, às vezes muito contagiosas, para as quais os nossos organismos ainda não têm defesas.

Até hoje, não há conclusão definitiva sobre a origem do vírus da Covid-19, mas tudo indica que veio de algum animal infectado, comercializado num mercado de Wuhan, cidade da China. Estudos podem decifrar essa lacuna nos próximos anos, facilitando o desenvolvimento de medicamentos de combate à doença.

Países ricos e pobres

A pandemia de Covid-19 atingiu um mundo em que a incidência de doenças distingue países ricos e pobres, e mesmo, dentro de países, as regiões mais ricas e as mais pobres. Considere que, ao entrarmos no terceiro ano da epidemia, os países com a menor taxa de vacinação, abaixo de 20% da população, são em sua grande maioria da África subsaariana, a região mais pobre do mundo – países sem recursos para comprar vacinas, que dependem em larga medida de doações, e que, por isso, ficam para o fim da fila.

É principalmente nos países mais pobres que é alta a mortalidade por moléstias infecciosas – aquelas transmitidas por microrganismos como vírus, fungos e bactérias. Além da Covid-19, estamos falando da aids, tuberculose, dengue, malária, cólera e gripe. A diferença no impacto de doenças infecciosas entre os países é grande: entre os desenvolvidos, salvo a recente Covid-19, as dez causas de morte mais relevantes são as doenças crônicas, não transmissíveis. Já entre os países mais pobres, quatro entre as dez principais causas de morte são as doenças infecciosas.

A OMS estima que as moléstias transmissíveis sejam responsáveis por mais da metade das mortes prematuras no mundo, sobretudo entre as crianças. Por trás dessa realidade, está a pobreza dos países menos desenvolvidos, que compromete tanto as medidas de prevenção de doenças infecciosas, como a vacinação, quanto as ações de combate às doenças, como o tratamento hospitalar. A falta de saneamento básico deixa grande parte da população sem acesso à água tratada e à coleta de esgoto, estimulando a proliferação de agentes infecciosos, como bactérias. Os países pobres sofrem ainda com a desnutrição, que debilita o sistema imunológico de parte da população, sobretudo as crianças.

Nos países desenvolvidos, as doenças crônicas, como problemas cardíacos e vasculares, estão no topo das causas de morte. São doenças típicas de populações mais envelhecidas, em países nos quais aumenta a longevidade, ou seja, nos quais as pessoas vivem mais. As doenças crônicas são aquelas não transmitidas por microrganismos, nem contagiosas, adquiridas por hereditariedade, hábitos de vida pouco saudáveis – como tabagismo, alcoolismo e sedentarismo – ou como resultado do enfraquecimento e desgaste do corpo com o envelhecimento.

Com os avanços da ciência e a melhoria na alimentação, essa diferença vai mudando lentamente no mundo. O Brasil está a caminho do perfil de países desenvolvidos, pois as principais causas de mortes hoje são doenças crônicas, particularmente as cardiovasculares. As doenças infecciosas, porém, ainda ocupam lugar relevante em nosso país. Se houver no futuro a melhoria na alimentação do brasileiro, o avanço no saneamento básico e a ampliação no atendimento de saúde, a tendência é consolidar a mudança desse perfil.

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