6 amizades entre autores brasileiros que você não imaginava
Clarice Lipsector e Lygia Fagundes Telles; Vinicius de Moraes e Tom Jobim: esta lista está cheia de autores inspiradores
Cascão e Cebolinha; Buzz e Woody; Harry, Rony e Hermione… são dezenas os exemplos de grandes amizades na cultura pop. Sejam em duplas, trios, ou até mesmo sextetos – como o pessoal da série “Friends” –, as melhores amizades são aquelas em que os indivíduos se acolhem e se estimulam mutualmente. E se eu te disser que, fora da ficção, há amizades tão emblemáticas quanto essas citadas no exemplo? No mundo da literatura, há um punhado de parcerias entre escritores que muita gente não faz ideia que já existiu – mas que são icônicas só de pensar.
Acostumados a falar de suas obras, estilos e talentos, acabamos esquecendo que os autores, ainda que sejam as mentes por trás de grandes obras-primas, também são pessoas comuns. Isto é, têm namorados, parentes, ex-namorados, chefes, inimigos e, claro, amigos. O GUIA DO ESTUDANTE traz uma seleção de 6 amizades entre autores brasileiros que você não imaginava!
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1. Drummond, Mário e Oswald de Andrade
Não é somente o sobrenome Andrade que une os três autores. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Mário de Andrade (1893-1945) e Oswald de Andrade (1890-1954) eram não apenas contemporâneos, mas amigos entre si. Principalmente, as duplas Mário e Oswald, e Oswald e Drummond – Mário e Drummond não eram tão próximos assim.
A relação entre Mário e Oswald é a mais óbvia: eram dois dos principais líderes do Movimento Modernista no Brasil do início do século 20, participando juntos, inclusive, da Semana de Arte Moderna de 1922. A amizade teve altos e baixos, mas nunca deixou de existir. Já Mário e Carlos Drummond de Andrade nutriam uma bela relação de admiração e respeito, eternizada pelas cartas trocadas entre os dos. Mário foi uma espécie de mentor para Drummond no início de sua carreira.
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2. Machado de Assis e Joaquim Nabuco
Muitos afirmam que faltam menções diretas ao abolicionismo nas obras de Machado de Assis (1839-1908). O autor realista, no entanto, tinha como grande amigo e aliado o político Joaquim Nabuco (1849-1910), conhecido por sua extensa participação na campanha abolicionista. Nas cartas trocadas, discutiam questões literárias, políticas e culturais do Brasil da época. Nabuco valorizava as críticas literárias de Machado, enquanto este admirava o engajamento político e social de Nabuco, que também era autor de livros, como “O Abolicionismo”, de 1883.
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3. Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles
Damas da literatura nacional! Chega a ser empolgante pensar que duas das maiores autoras nacionais nutriam entre si uma bela amizade. Clarice (1920-1977), do Rio, e Lygia (1918-2022), de São Paulo, tinham quase a mesma idade, estrearam como autoras mais ou menos no mesmo período, ambas haviam prestado Direito, e eram jovens autoras tentando entrar na cena literária dominada por homens. A amizade entre as duas era de muita afinidade, com direito a cartas, encontros, e até mesmo viagens juntas.
Dessa relação somos agraciados com registros como este, de uma entrevista em que Lygia conta da viagem que fez à Colômbia ao lado da autora para um congresso literário. “Eles estão lá tentando falar sobre a criação literária. Lygia, você consegue explicar a criação literária?”, perguntou Clarice à Lygia enquanto davam uma escapadinha da palestra. “Não, não consigo”, respondeu Lygia. “Nem eu. Então vamos beber!”
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4. Manuel Bandeira e Cecília Meireles
Apesar de não ser tão íntima como outras amizades da lista, a relação entre Manuel Bandeira (1886-1968) e Cecília Meireles (1901-1964) foi marcada por respeito e admiração intelectual. Os dois frequentavam os mesmos círculos sociais – esta foto, inclusive, de Manuel, Cecília, Drummond e Vinicius de Moraes dividindo um sofá – e tinham amigos em comum, como Mário de Andrade. Bandeira chegou a dedicar à Cecília um dos seus poemas de improviso.
Cecília, és libérrima e exata
Como a concha.
Mas a concha é excessiva matéria,
E a matéria mata.
Cecília, és tão forte e tão frágil
Como a onda ao termo da luta.
Mas a onda é água que afoga:
Tu, não, és enxuta.
Cecília, és, como o ar,
Diáfana, diáfana.
Mas o ar tem limites:
Tu, quem te pode limitar?
Definição:
Concha, mas de orelha;
Água, mas de lágrima;
Ar, com sentimento.
— Brisa, viração
Da asa de uma abelha.
5. Hilda Hilst e Caio Fernando Abreu
Pense numa dupla de “diferentões”… Hilda Hilst (1930-2004) era dezoito anos mais velha que Caio Fernando Abreu (1948-1996). Este recém-saído da juventude engatinhava em sua carreira literária, ainda cheio de dúvidas e inseguranças. Várias foram as cartas trocadas entre Caio e Hilda – reveladas posteriormente em 2010. O jovem via na autora, já consolidada, uma espécie de mentora e guia. Entre 1969 e 1971, chegou a passar temporadas na Casa do Sol, a chácara onde vivia Hilda. Lá, faziam saraus, falavam sobre amor, literatura, magia e disco voadores.
6. Tom Jobim e Vinicius de Moraes
Para finalizar, uma amizade diretamente da Bossa Nova. Vinicius de Moraes (1913-1980) e Tom Jobim (1927-1994) se conheceram em 1956, quando o último trabalhou ao lado de Vinicius na trilha sonora de uma peça de teatro. o resto é história: os dois são considerados dois dos principais responsáveis pela popularização da Bossa Nova, e compuseram juntos inúmeras canções, como a clássica “Garota de Ipanema”, “Chega de saudade”, “Água de beber” e “Eu sei que vou te amar”.
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