Big Brother: conheça o livro que originou o nome do reality
"O Grande Irmão", figura que inspirou título do programa, é onipresente
Durante a edição de 2022 do reality show “Big Brother Brasil“, o ator Tiago Abravanel, então confinado na casa, viralizou nas redes sociais quando tentou explicar para os outros participantes qual era o significado por trás do título do programa. “Grande irmão” (em tradução do inglês) seria, segundo o ex-bbb, uma analogia à natureza do reality: um jogo de relacionamentos onde era preciso se envolver e sentir todas as emoções.
Alguém por favor elimina o Tiago desse #BBB22 urgentemente. As coisas que ele fala… Pqp 😭 pic.twitter.com/myxQLsploU
— PEDRAO (@Itspedrito) February 1, 2022
O ator pode até ter tentado, mas passou longe do verdadeiro significado do título. “Big Brother Brasil” é a versão nacional do programa holandês “Big Brother”, criado em 1999 pelo produtor executivo John de Mol. O reality fez tanto sucesso que não demorou para ser adaptado em uma franquia mundial. Hoje, para se ter uma noção, há “Big Brothers” em mais de 60 países, que, juntos, somam mais de 500 temporadas.
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No Brasil, o programa foi adaptado pela TV Globo em 2002, tendo, excepcionalmente no ano estreia, duas edições consecutivas. Desde então, a atração é anual e acontece nos três primeiros meses do ano. Mudanças ocorreram ao longo das duas décadas de programa no país, mas as ideias básicas do jogo continuam a mesma: cerca de vinte pessoas são confinadas em uma casa sem contato com o mundo exterior e são vigiadas 24 horas por dias por meio de câmeras e microfones. O único contato com o mundo externo é feito pelo intermédio de um apresentador, que conversa diariamente com os participantes por vídeo ou voz.
E é justamente aí que mora a resposta para o questionamento de Tiago Abravanel.
O título do programa é uma referência a um personagem do livro “1984”, do autor inglês George Orwell. Na história, uma grande guerra (análoga à Segunda Guerra Mundial) devastou o mundo e reorganizou as nações a partir de um governo totalitário. Nesse mundo sombrio e opressor, todos são vigiados pelo “Grande Irmão”, uma figura de autoridade suprema que está espelhado pelas “teletelas”, uma espécie de televisor capaz de monitorar, gravar e espionar a população, como um espelho duplo.
Encontrou a semelhança? Na lógica do reality, o Grande Irmão pode ser interpretado tanto como a figura do apresentador, que aparece esporadicamente para passar comandos aos participantes, quanto o próprio público, que assiste a tudo e decide quem fica e quem sai da casa.
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Na obra de Orwell, o Grande Irmão está em todo lugar e sua onipresença é enfatizada pelo slogan “O Grande Irmão está de olho em você”.
Essa opressão é física e mental. Na distopia, a “Polícia das Ideias” atua como uma ferrenha patrulha do pensamento. Relações amorosas estão entre as muitas proibições. Nesse cenário de submissão onde não há mais leis, mas sim inúmeras regras determinadas pelo Partido, ninguém nunca viu o Grande Irmão em pessoa. Uma sacada genial do autor: o tirano mais amedrontador é também aquele mais abstrato.
Em 2000, logo após “Big Brother” ganhar uma versão estadunidense, o detentor dos direitos autorais da obra de Orwell processou o canal CBS por infringimento de copyright. Na época, a reclamação foi de que o título do programa poderia fazer os telespectadores acreditarem que a atração teria conexões ou ser uma adaptação do livro clássico. Na véspera do julgamento, porém, o caso foi resolvido mutualmente, com o canal americano pagando uma quantia não informada à fundação Orwell.
“1984”: uma crítica ao totalitarismo
Escrito pelo jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell e publicado em 1949, o texto nasceu destinado à polêmica. Foi traduzido em 65 países, virou minissérie, filmes, inspirou quadrinhos, mangás, reality shows e até uma ópera.
A origem do título “1984” é controversa. Orwell supostamente queria “O Último Homem da Europa”, mas seu editor Frederick Warburg insistiu que trocasse por algo mais comercial. O texto foi concluído em 1948 e o nome traz os dois dígitos finais invertidos. Era uma forma de dizer que a distopia descrita não era uma ameaça distante.
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A história, que tem Londres como cenário (na fictícia Oceânia), gira em torno do Grande Irmão. “Quarenta e cinco anos, de bigodão preto e feições rudemente agradáveis”, o Big Brother é o líder máximo. Assumiu o poder depois de uma guerra de escala global, que eliminou as nações e criou três grandes estados transcontinentais totalitários. A Oceânia reúne a ex-Inglaterra, as ex-Américas, ex-Austrália e Nova Zelândia e parte da África.
O protagonista é Winston Smith. Funcionário do Departamento de Documentação do Ministério da Verdade, um dos quatro ministérios que governam Oceânia, sua função é falsificar registros históricos, a fim de moldar o passado à luz dos interesses do presente tirânico (prática, aliás, comum na União Soviética).
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O protagonista Win detesta o sistema, porém evita desafiá-lo além das páginas de seu diário. Isso muda quando se apaixona por Júlia, funcionária do Departamento de Ficção. O sentimento transgressor o faz acreditar que uma rebelião é possível. Mas combater o regime não é nada fácil. Enredada numa trama política, a “reeducação” dos amantes será brutal.
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