Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Relâmpago: Assine Digital Completo por 2,99/mês

Como sambas clássicos refletem questões sociais e políticas do Brasil

No Dia do Samba, reflita sobre importantes momentos da história nacional nessas canções

Por Luccas Diaz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 8 jun 2021, 21h16 - Publicado em 2 dez 2020, 17h42
 (Agência O Globo/Reprodução)
Continua após publicidade

A música, como todas as artes, possibilita uma reflexão sobre o tempo e a sociedade, para além dos sentimentos do artista. Através dela, é possível entender não apenas as alegrias ou aflições do compositor, mas também todo o contexto da época em que a canção está inserida. Tanto que é comum encontrar letras de música em provas e vestibulares, relacionando a composição a momentos históricos importantes, lutas e movimentos sociais, entre outros.

++ 9 músicas sobre temas importantes da história nacional

O Brasil é um país rico na diversidade de ritmos, gêneros e músicos inesquecíveis. Um deles, reconhecido como marca registrada do Brasil, é o samba. Nascido nas rodas de capoeira de escravos na Bahia, o samba de roda foi uma primeira manifestação, que, no Rio de Janeiro, ganhou novas versões, como samba de breque, partido alto e samba-canção. Por causa da origem na cultura negra, o gênero chegou a ser mal visto e coibido antes de se transformar num símbolo nacional.

É dessa origem, negra e popular, que surgem os temas de muitas questões, como a desigualdade social, a intolerância religiosa e a discriminação racial. “A histórica tensão entre diferentes classes sociais e grupos raciais, sintomas de um país desigual, parece encontrar no samba uma válvula de escape que permite não só denunciar e chorar injustiças, mas também divertir como se não houvesse Quarta-Feira de Cinzas”, define a Enciclopédia Itaú Cultural.

Neste 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba – uma data não oficial que é celebrada desde a década de 60 –, o GUIA separou 3 sambas clássicos que dizem muito sobre o momento da história em que foram escritos.

O Bonde de São Januário, de Wilson Batista

Bonde de São Januário

Continua após a publicidade

Durante o Estado Novo, de 1937 a 1946, uma das principais preocupações de Getúlio Vargas era com a imagem que a população brasileira tinha do governo. Vargas buscou ser um símbolo popular, nacionalista e até paternalista para a nação. Para isso, o presidente instaurou uma série de leis e normas para a manutenção de sua imagem. Uma delas foi a criação do Departamento da Imprensa e Propaganda, o DIP. Esse órgão, criado em 1939, era responsável por controlar tudo que saísse na imprensa e fosse contrário à ideologia proposta por Vargas. A censura de produtos culturais que fizessem qualquer crítica ao governo era certa.

++ 8 filmes sobre racismo e desigualdade racial

Um desses casos foi o samba do compositor Wilson Batista O Bonde de São Januário. A letra faz referência ao famoso bonde que levava diariamente os operários das fábricas da região de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A superlotação era algo comum e fez o artista questionar a qualidade de vida do trabalhador das classes mais pobres. Na letra original, Batista escreveu “O Bonde de São Januário/leva mais um sócio otário/só eu não vou trabalhar”. O DIP, no entanto, censurou a canção e fez a mudança para “O Bonde de São Januário leva mais um operário/Sou eu que vou trabalhar”. A canção é apenas um dos exemplos de censura da Era Vargas, mas mostra a tentativa do governo de alienar e silenciar a população brasileira.

Despejo na Favela, de Adoniran Barbosa

Favela do Ibirapuera
Região do Ibirapuera, em São Paulo, já abrigou uma favela na década de 50 e 60, antes dos despejos (Acervo Sebastião Assis Pereira/Reprodução)
Continua após a publicidade

Adoniran Barbosa é um dos grandes nomes do samba brasileiro. À primeira vista, podia-se duvidar um pouco sobre sua presença nas rodas de samba. Paulista, sempre de roupas formais e condição financeira diferente das tratadas na maioria das canções do gênero, ele se tornou um dos artistas brasileiros mais versáteis do século XX. Foi, além de sambista, escritor, ator e comediante. Suas obras, entre as quais “O Trem das Onze” é a mais conhecida, possuem um linguajar simples, e quase sempre adotam uma visão solitária, mas otimista da vida. Adoniran Barbosa foi a voz dos desfavorecidos, dos excluídos, dos silenciados.

A canção “Despejo na Favela”, escrita em 1966, escancarava os abusos de poder cometidos durante os projetos de urbanização na cidade de São Paulo da década de 60. A letra retrata os conflitos dos moradores das favelas que eram despejados de suas casas sem nenhum tipo de auxílio ou planejamento prévio. E mesmo hoje, mais de 50 anos depois, a música ainda soa atual. Quando o oficial de justiça chegou/Lá na favela/E, contra seu desejo/Entregou pra seu Narciso/Um aviso, uma/ordem de despejo/Assinada, seu doutor/Assim dizia a ‘pedição’/”Dentro de dez dias/Quero a favela vazia/E os barracos todos no chão”.

Quilombo dos Palmares, samba enredo da Salgueiro

Desfile Salgueiro 1960
(Agência O Globo/Reprodução)
Continua após a publicidade

Representando os sambas-enredo dessa lista, a canção “Quilombos dos Palmares” foi muito mais do que apenas a música feita para o desfile de uma escola de samba no Rio. O ano era 1960 e, depois do sucesso de 1959 com o desfile em homenagem ao artista francês Jean-Baptise Debret, o Salgueiro decidiu contar uma história que até aquele momento tinha sido silenciada nos produtos culturais. O tema escolhido foi a vida de Zumbi dos Palmares, último e mais famoso líder do Quilombo dos Palmares. Sua vida foi marcada pelos atos de guerrilha pela liberdade e emancipação dos escravos no Brasil, principalmente entre 1680 e 1690.

++ 8 mulheres negras que fizeram história no Brasil

A canção é considerada um marco para o samba não apenas por abordar essa figura nacional importante, mas por ser o momento que há o despertar da abordagem da história negra nos desfiles. Até aquele ano, nenhuma escola havia abordado temas históricos relacionados exclusivamente aos negros, principalmente do modo como o Salgueiro fez. Todo o luxo e a pompa foram substituídos para contar a história de Zumbi; com alguns integrantes, inclusive, caracterizados de escravos. “Surgiu nessa história um protetor./Zumbi, o divino imperador,/Resistiu com seus guerreiros em sua Troia,/Muitos anos, ao furor dos opressores,/Ao qual os negros refugiados/Rendiam respeito e louvor./Quarenta e oito anos depois”

Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso Enem do GUIA DO ESTUDANTE e tenha acesso a centenas de videoaulas com professores do Poliedro, que é recordista em aprovações na Medicina da USP Pinheiros.

Publicidade

Como sambas clássicos refletem questões sociais e políticas do Brasil
Atualidades, Repertório Cultural
Como sambas clássicos refletem questões sociais e políticas do Brasil
No Dia do Samba, reflita sobre importantes momentos da história nacional nessas canções

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

Melhor oferta

Plano Anual
Plano Anual

10 pilas

Melhor oferta

Plano Mensal
Plano Mensal

11 pilas

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.

abrir rewarded popup