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“Édipo Rei”: resumo da obra de Sófocles

Marco do teatro da antiguidade, tragédia foi decisiva nos estudos sobre o inconsciente por meio da teoria de Sigmund Freud, pai da psicanálise

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 17 abr 2023, 13h54 - Publicado em 14 abr 2023, 16h01
Sófocles, autor de Édipo Rei e um dos três criadores do teatro épico.
 (Domínio Público/Wikimedia Commons)
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Sabes, ao menos, de quem és nascido?” A pergunta que o cego vidente Tirésias faz a Édipo, rei de Tebas, é a síntese de Édipo Rei, de Sófocles (496-406 a.C.), um dos fundadores da tragédia grega, ao lado de Ésquilo (525-456 a.C.) e de Eurípedes (480-406 a.C.). A história do homem que, sem saber, mata o pai e casa-se com a mãe teve diversas versões e larga influência sobre a literatura, chegando ao século 20 na esteira da teoria da psicanálise, criada por Sigmund Freud (1856-1939).

A versão de Sófocles contida na trilogia que abrange Antígona, Édipo Rei e Édipo em Colono conforma-se ao gênero da tragédia, descrita na Poética de Aristóteles como “imitação de uma ação de caráter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada […] não por narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando o terror e piedade, tem por efeito a purificação dessas emoções”.

Essa purificação por meio do terror e da piedade, chamada de catarse, é um dos princípios aristotélicos da tragédia, que também deve obedecer a uma unidade de espaço e de tempo (“a tragédia procura caber dentro de um período do sol, ou pouco excedê-lo”, disse o filósofo). O enredo é em geral denunciado no prólogo e baseia-se em algum mito largamente conhecido. Encenadas em geral por uma dupla ou trio de atores, as tragédias clássicas também empregam o coro, que comenta a ação em belas digressões líricas.

Enquanto Ésquilo foi responsável por elevar de um a dois o número de atores e de diminuir o papel do coro, Sófocles introduziu a presença do terceiro ator e do cenário. Ele dá menos relevo às questões religiosas que Ésquilo, tendo sabido moldar “figuras humanas de carne e osso, repletas das paixões mais violentas e dos sentimentos mais ternos, de grandeza heróica e altiva e de autêntica humanidade, tão semelhantes a nós e ao mesmo tempo dotadas de tão alta nobreza”, como observou o filólogo alemão Werner Jaeguer.

Sófocles foi um autor alinhado com o espírito da chamada era de Péricles, tempo da razão, da democracia e das artes e de um novo espírito na educação nacional grega, superando a oposição entre a cultura dos nobres e a vida do povo.

A ação de Édipo Rei tem início com o protagonista já rei de Tebas e casado com Jocasta, a mãe que ele desconhece. Uma praga assola o reino. Segundo o Oráculo de Delfos, ela só será debelada com a expulsão do assassino de Laio, o rei anterior. O soberano empreende uma busca pelo criminoso até que o vidente cego Tirésias revela que o assassino de Laio é o próprio Édipo. O rei não acredita em Tirésias e o acusa de conspiração. Jocasta aconselha-o a não acreditar em profecias, pois o Oráculo já se enganara antes, quando previra que Laio, seu primeiro marido, morreria pelas mãos do próprio filho, quando na realidade ele fora assassinado por bandidos.

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Édipo então se recorda de que, durante sua viagem de Corinto a Tebas, na época da morte de Laio, havia matado um ancião e seus servos, que lhe interpelaram no caminho. Essa lembrança, aliada à revelação de um emissário de Corinto de que ele não era filho dos reis daquela cidade, conduz ao horrível reconhecimento. Édipo matara o pai Laio e desposara Jocasta, sua mãe. Jocasta suicida-se. O rei fura os olhos e abandona Tebas.

Com essa temática universal, Édipo Rei atravessou os séculos e alcançou uma nova interpretação quando Freud a empregou em sua teoria sobre a formação do inconsciente, particularmente no que se refere à relação com a mãe. Segundo Otto Maria Carpeaux, a obra “comove profundamente os homens de todos os tempos e de todas as raças porque os crimes de Édipo são uma possibilidade escondida no nosso inconsciente”.

Título: Édipo Rei

Autor: Sófocles

Esse texto faz parte do especial “100 Livros Essenciais da Literatura Mundial”, publicado em 2009 pela revista Bravo!

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