Humor contra a censura: HQs do Fradim são cápsulas do tempo da ditadura
O cartunista Henfil, que faria 80 anos em 2024, marcou época com suas tirinhas cheias de acidez e críticas à sociedade brasileira
Um dos maiores cartunistas brasileiros, Henrique Souza Filho, o Henfil, completaria 80 anos em 2024. Henfil atuou como cronista e retratista, registrando o cotidiano sob os mais variados aspectos, com desenhos de traços dinâmicos e conteúdos marcadamente críticos e irônicos em relação à sociedade brasileira. Seus cartuns marcaram uma época em que a censura imposta pela ditadura militar (1964-1985) amordaçava qualquer pensamento contrário ao regime.
Henfil morreu de aids em 1988, aos 43 anos. Realizava transfusões de sangue para combater a hemofilia e foi assim contaminado pelo vírus. No entanto, sua obra permanece atual e relevante, como ele mesmo previu: “Morro, mas meu desenho fica”. Seu uso no Enem e nos vestibulares é a maior prova disso.
+ 7 músicas censuradas durante a ditadura militar
Em lembrança aos 25 anos de sua morte, o Instituto Henfil, o Observatório Social e a ONG Henfil relançaram a coleção Fradim, que reúne o conteúdo das 31 revistas homônimas publicadas entre 1971 e 1980. A coleção conta com um bônus: o número 0, que traz uma contextualização da obra, de seus personagens e de sua relevância para a época.
Personagens representavam problemáticas do período
Os cartuns foram originalmente publicados na revista Alterosa, de Belo Horizonte (MG), e no Pasquim. Henfil deu vida a personagens icônicos, como os fradinhos: dois sujeitos com características opostas, o Cumprido e o Baixim. O primeiro é o típico bem-comportado, enquanto o segundo é sagaz e sarcástico. Foi com essa dupla que Henfil encontrou o ponto para satirizar os dogmas da Igreja Católica, em questões como a homossexualidade, e também criticar o regime militar.
O segundo volume apresenta a Turma da Caatinga, formada pelo Capitão Zeferino, o Bode Orelana e a Graúna. Os três personagens dão voz aos problemas do Nordeste, como a seca, a violência, o atraso, a desnutrição, a mortalidade infantil e o racismo.
+ 4 HQs que recontam os anos de chumbo da Ditadura Militar brasileira
Em vida, Henfil destacou-se também na resistência à ditadura militar e na luta pela democratização do país. O comunismo, a esquerda e a militância política são temas comuns tanto nos fradinhos quanto na Turma da Caatinga. O próprio Baixim passa a encarnar o papel do opositor à ditadura, sendo preso e torturado por não obedecer à ordem vigente, não ter “papas na língua” e tentar subverter o sistema, enquanto o Cumprido simboliza a sociedade acuada e oprimida.
Por meio do humor, Henfil expressou o que não podia ser dito de forma clara naquela época. Além de prazerosa, a leitura de suas tirinhas dá uma boa ideia do clima no período da ditadura.
A coleção completa do Fradim é composta por 31 exemplares. Eles podem ser comprados avulsos na Amazon, em livrarias ou sebos.
Fradim nº 14: O Comunismo que assola o Baixim
Como se faz humor político
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