Nesta quarta-feira (16) é comemorado o centenário do aclamado escritor português José Saramago (1922-2010). Reconhecido mundialmente, Saramago é homenageado com um importante prêmio de literatura em língua portuguesa que leva seu nome, mas em vida não foi bem assim. Ou ao menos em boa parte dela.
O reconhecimento de seu trabalho só chegou na maturidade, uma vez que suas principais obras foram publicadas depois que já havia completo 58 anos. Mas foi o tempo certo para o mundo conhecer a genialidade do autor, que até hoje é o único escritor de língua portuguesa a vencer o Nobel de Literatura.
Para compreender o que há por trás de tanto sucesso, confira a seguir cinco importantes obras do autor.
Ensaio sobre a Cegueira
O romance mais famoso de Saramago, publicado em 1995, conta a história da cegueira branca que se espalha por uma cidade. Os moradores começam a ser levados para uma quarentena em hospital psiquiátrico abandonado, enquanto a esposa de um médico é a única que mantém a visão. A epidemia faz com que os cegos se percebam reduzidos à essência humana e abala todas as estruturas sociais.
A Jangada de Pedra
Com um corte surrealista, Saramago narra a península Ibérica se desgarrando da Europa, na medida em que navega à deriva pelo Atlântico. Foi a forma que ele encontrou de tratar criticamente do isolamento dos povos ibéricos em relação a seus irmãos europeus ao longo dos séculos. Assim como Ensaio sobre a Cegueira, esta obra também foi adaptada para os cinemas.
O Evangelho Segundo Jesus Cristo
A partir de uma visão moderna e crítica da religião, Saramago reconta a história bíblica sobre a vida de Jesus Cristo. O crítico literário José Paulo Paes descreve o trabalho do autor português da seguinte forma: “Interessado menos na onipotência do divino que na frágil mas tenaz resistência do humano, a arte magistral de Saramago excele no dar corpo às preliminares e à culminância do drama da Paixão”.
História do Cerco de Lisboa
A obra fez parte da lista de leituras obrigatórias da Unicamp em 2019. Nela, o autor mistura realidade e ficção ao trazer para a narrativa um fato histórico de Portugal, que foi a tomada de Lisboa pelos mouros no ano de 1147. O personagem Raimundo Benvindo Silva, um humilde revisor de textos, comete um erro proposital ao editar um livro sobre o episódio histórico, comprometendo a veracidade dos acontecimentos.
Após descobrir o erro, a editora em que Raimundo trabalha contrata uma senhora para supervisionar seu trabalho, a Maria Sara. Os dois acabam, então, iniciando um relacionamento amoroso, que vai ser outra narrativa importante para o livro.
O conto da ilha desconhecida
Com apenas 62 páginas – ótimo para ler de uma vez só –, Saramago conta a história de um homem que pede um barco ao rei para ir a uma ilha desconhecida. Ao longo da história, a concepção do viajante do que é a tal ilha desconhecida e de como alcançá-la vai mudando, assim como a visão de si mesmo. O autor, por meio deste conto, trabalha com a ideia de viagem em vários sentidos.
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