Nada Ortodoxa foi uma das séries indicadas na categoria Melhor série limitada ou filme para TV do Globo de Ouro 2021. A produção alemã que chegou à Netflix no final de março de 2020, já foi indicada a oito Emmys e venceu na categoria Melhor Direção de Minissérie (Maria Schrader). Se ainda não assistiu, estudante, vale a pena mergulhar nesse drama comovente de quatro episódios.
A série conta a história de Esther Shapiro, a Esty, jovem que cresceu numa comunidade hassídica Satmar, uma das linhas ultraortodoxas da religião judaica, em Williamsburg, no Brooklyn. Após um ano de casamento arranjado, tentativas frustadas de ficar grávida e questionamentos sobre o que lhe era ali imposto, ela decide fugir para Berlim. No novo país, ela conhece um grupo de amigo músicos e novas possibilidades de vida. O tempo todo Esther luta para deixar o passado para trás. A produção é baseada em uma história real contada na autobiografia homônima de Deborah Feldman, publicada em 2012.
Os quatro episódio da trama abordam questões históricas, culturais, religiosas e sociais muito interessantes para aumentar o repertório cultural. GUIA separou quatro aspectos de Nada Ortodoxa que merecem atenção e já são motivos para desfrutar da minissérie – além de ótimas atuações e um roteiro de qualidade.
Atenção: a seguir, o texto pode dar alguns spoilers. No entanto, a comentários sobre algumas cenas não vai estragar a experiência final.
1 – História e ressignificação
Esty é criada pela avó, uma sobrevivente do Holocausto. A série mostra como o episódio histórico deixou marcas e causou distúrbios traumáticos nos sobreviventes e em toda a comunidade. A história de seu povo sempre esteve presente fortemente na realidade da protagonista, por meio de regras e tradições. As imposições para compensar o passado estavam à frente de suas vontades e de seu bem-estar.
Por ser mulher, é obrigação procriar e povoar o mundo de judeus, compensando os mortos na guerra. A jovem foge para Berlim, justamente o epicentro do Nazismo, responsável pelo genocídio de milhões de judeus. Na cidade alemã, Esty tem um forte choque com o passado.
Há uma cena em que ela nada em um lago “hostil” na época do muro de Berlim. Um dos personagens conta que os guardas do lado ocidental atiravam em quem tentasse atravessar aquele lago, mas que agora é “permitido nadar até onde quiser”. Esty entra no lago e tira a peruca – que faz parte de uma regra de sua comunidade -, ressignificando aquele lugar.
2 – Diversidade Cultural
A série é uma ótima oportunidade para conhecer as tradições culturais herdadas pelos judeus e ir além dos esteriótipos da religião judaica.
Além disso, o enredo também apresenta diferentes culturas por meio dos personagens e o estranhamento que acontece quando elas se encontram. Quando Esty conhece o grupo de amigos músicos em Berlim, aos poucos, ela vai experimentando e entendendo elementos da cultura deles. Ao mesmo tempo, eles vão quebrando preconceitos com a cultura dela.
3 – Liberdade
Em Berlim, vivenciando um mundo completamente diferente, a protagonista luta para se libertar de crenças impostas tão fortemente durante toda sua infância e adolescência. Ela passa por uma jornada de autoconhecimento para defender suas vontades e ir contra uma realidade machista e limitante, na qual ela nunca se sentiu pertencente.
Ela fica livre para mudar de país e também para seguir seu sonho na música. Mas essa liberdade também se dá até mesmo nos simples detalhes: usar roupas que não eram permitidas antes, curtir uma festa e passar batom.
4 – Religião
A partir da série também é possível pensar no lugar das mulheres nas religiões, que em sua maioria rebaixam a figura feminina.
Uma cena que exemplifica bem a misoginia enraizada em muitas comunidades. Esty sofre de vaginismo. Por isso, em determinado momento, ela se questiona sobre o seu papel na relação sexual depois de uma tentativa dolorosa de transar com o marido. Ela justifica que segundo o Talmude, um dos livros sagrados para os judeus, o marido deve fazer com que a esposa sinta prazer durante o sexo. O marido ouve, mas a repreende duramente afirmando que mulheres não têm permissão para ler o Talmude.
Agora que você está convencido (a) que precisa assistir a série, não esqueça de comentar suas impressões sobre o Nada Ortodoxa nas redes sociais do @guiadoestudante.
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