“O Ateneu”: resumo da obra de Raul Pompeia
Um dos mais importantes livros do século 19, obra supera a motivação biográfica pela técnica de um exímio prosador
Publicado como folhetim da Gazeta de Notícias em 1888, O Ateneu saiu em livro no mesmo ano. Com o subtítulo Crônica de Saudades, trata-se de um romance de inspiração autobiográfica. Narra a experiência do menino Sérgio, que perde o aconchego do lar para estudar em um internato.
Assim se inicia o romance: “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico.[…] Eu tinha onze anos”. Raul Pompeia transformou em literatura a experiência como aluno do Colégio Abílio, no Rio, entre seus 10 e 16 anos. Evidentemente, é o produto final e o modo dessa transfiguração que importam à história literária.
Narrada em primeira pessoa pelo protagonista já adulto, a narrativa se constrói pelas impressões que Sérgio tem da escola, dos professores, dos colegas e do diretor, Aristarco Argolo de Ramos, que “enchia o Império com o seu renome de pedagogo”, cujos “gestos, calmos, soberanos, eram de um esforço, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público”.
Vítima maior da ironia e das descrições meticulosas do escritor, Aristarco representa uma figura autoritária e caricatural que alguns críticos entendem também como uma alegoria do Império, vigente na época. É o Ateneu simplesmente um microcosmo, a representação miniaturizada do mundo, condição explícita de maneira recorrente no romance: “Ensaiados no microcosmo do internato, não há mais surpresas no grande mundo lá fora, onde se vão sofrer todas as convivências, respirar todos os ambientes; onde a razão da maior força é a dialética geral, e nos envolvem as evoluções de tudo que rasteja e tudo que morde, porque a perfídia terra-terra é um dos processos mais eficazes da vulgaridade vencedora”.
A classificação de O Ateneu opõe várias leituras da obra. Naturalista ou realista, impressionista ou expressionista, há um pouco de todas essas escolas no romance: naturalista ao insinuar a homoafetividade que se manifesta no regime fechado e opressivo do colégio; realista ao se deter na composição psicológica dos personagens; impressionista ao pintar lugares e pessoas que lhe fizeram bem nessa fase da infância; expressionista ao sobrecarregar nas tintas que compõem os momentos mais angustiantes da sua reclusão.
Quando se situa O Ateneu entre as mais importantes obras da literatura brasileira do século 19, isso se deve ao prosador consciente das técnicas que dominava, da capacidade de descrever minuciosamente sensações de modo novo, inventivo, surpreendente.
Raul Pompeia, autor da obra, nasceu em Angra dos Reis, em 1863, e suicidou-se em 1895, no Rio de Janeiro. Filho de família abastada, formou-se em direito em São Paulo, onde tomou contato com ideias abolicionistas e positivistas. Era bom desenhista e caricaturista, como se vê nas ilustrações que fez para o livro. São também de sua autoria Canções Sem Metro (poemas em prosa) e Uma Tragédia no Amazonas.
O GUIA DO ESTUDANTE tem um podcast focado nas obras obrigatórias dos vestibulares, o Marca Texto. Na segunda temporada conversamos com com professores do curso pré-vestibular Anglo sobre os livros cobrados na Unicamp, inclusive O Ateneu. No episódio, você encontra o resumo, interpretação, contexto histórico e análise de personagens da obra. Dá o play e bom estudo!
Título: O Ateneu
Autor: Raul Pompeia
Esse texto faz parte do especial “100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira”, publicado em 2009 pela revista Bravo!
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