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Três livros disponíveis gratuitamente para conhecer Graciliano Ramos

Os títulos estão disponíveis na BibliON, biblioteca gratuita do estado de São Paulo. Se vivo, Graciliano Ramos estaria completando 130 anos

Por Redação do Guia do Estudante
28 out 2022, 12h36
Graciliano Ramos (1892-1953)
Graciliano Ramos (1892-1953) (Dominio público/Reprodução)
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Graciliano Ramos é considerado uma figura marcante na literatura brasileira e um dos principais autores da segunda fase do Modernismo brasileiro. Se estivesse vivo, o escritor e jornalista considerado o mais importante prosador da Geração de 30 completaria 130 anos em 2022. 

Sua obra mais emblemática – e que vez ou outra figura na lista de livros obrigatórios de grandes vestibulares – é “Vidas Secas”, que foi publicada em 1938. Ela retrata a vida de uma família de retirantes, que transita pelo sertão com uma cadela e um papagaio de estimação. O romance explora a figura do sertanejo, abordando temas como a miséria e a seca do Nordeste.

Romancista e contista de narrativa simples e direta, Graciliano destacava-se pela habilidade em abordar a interioridade humana e as reações psicológicas com o meio que se impõe. 

Confira abaixo três livros emblemáticos da literatura brasileira escritos por Graciliano Ramos. Todos eles estão disponíveis gratuitamente na BibliON, a biblioteca gratuita do estado de São Paulo.

Vidas secas 

Este é um dos maiores clássicos da literatura brasileira.  Lançado originalmente em 1938, Vidas secas acompanha a trajetória da família de Fabiano, Sinha Vitória, os dois filhos do casal e a cadela Baleia que vagam pelo sertão em busca de oportunidades. É o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa: o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação afetiva entre aqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro.

Viventes das Alagoas 

Lançado postumamente, a obra é uma reunião de textos que misturam crônica, ensaio e ficção. O livro integra o projeto de reedição de toda a obra de Graciliano Ramos, supervisionado por Wander Melo Miranda, professor titular de Teoria da Literatura da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

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Os textos híbridos que compõem Viventes das Alagoas fazem parte das colaborações de Graciliano para a imprensa a partir de 1937. Considerado um subversivo pela ditadura do Estado Novo, o velho Graça é preso em 1936 em Maceió, e transportado para o Rio de Janeiro, onde é libertado apenas em 1937. Fixado na cidade desde então, o autor de Caetés e Angústia passa a escrever artigos para revistas como O Cruzeiro, Cultura Política e jornais como Diário de Notícias e A Tarde.

O livro traz ainda em suas páginas finais relatórios feitos por Graciliano quando foi prefeito de Palmeira dos índios (AL). A linguagem burocrática e formal, característica desses documentos, é substituída por notas irônicas e sarcásticas, além de rasgos literários que simbolizam o ingresso de Graciliano na literatura.

Linhas tortas 

Publicado pela primeira vez em 1962, “Linhas tortas” reúne crônicas de Graciliano que já haviam sido publicadas em jornais entre 1915 e 1921 – muitas delas sob pseudônimos. É este livro que guarda uma das mais famosas crônicas sobre futebol, escrita por Graciliano para o jornal “O Índio”.

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Confira trecho de uma entrevista do autor, também registrada em “Linhas tortas”:

“Deve-se escrever da mesma maneira com as lavanderias lá de Alagoas fazem em seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como falso; a palavra foi feita para dizer”.

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