Mão na massa: inspirações para começar a agir em defesa do meio ambiente
Estudantes têm na escola um ambiente propício para desenvolver a criatividade e encontrar soluções que podem contribuir para um mundo melhor
Para quem está sempre de olho no que acontece na área ambiental, vamos combinar que pode ser meio desesperador ouvir que a Terra está aquecendo, que muitas espécies não vão sobreviver às mudanças do clima e que as ações humanas ameaçam a vida no planeta. Realmente, a atual situação de emissões desenfreadas de gases de efeito estufa é bem apocalíptica. Ao mesmo tempo, isso significa que é imprescindível unir forças de todas as áreas da sociedade para encontrar soluções para os problemas que ameaçam o planeta. Muitas vezes, a resolução de um problema surge a partir de uma simples ideia. O primeiro passo para encontrar formas de avançar pode estar no exercício da criatividade: pensar fora da caixa (sim, é um clichê) significa desconsiderar as regras que são impostas e imaginar um cenário de possibilidades em que desafios são resolvidos com soluções que ainda não existem.
Em 2018, durante a COP-24, na Polônia, a ativista sueca Greta Thunberg afirmou que “a primeira coisa que aprendi é que você nunca é pequeno demais para fazer a diferença”. Depois de ter passado anos sendo julgada por ser uma adolescente e ativista pelo clima, Greta se tornou um dos maiores símbolos mundiais sobre a resistência às imposições da sociedade. A sua ação não foi acadêmica, dentro da escola, mas ela agiu e mobilizou jovens de diversos países ao redor do mundo. Ao mesmo tempo em que o exemplo dela é extremamente importante, nem todos precisam agir da mesma forma. Para que a sociedade avance, é preciso que haja atitudes vindas de ativistas, cientistas, burocratas, empresários, além de várias outras funções que fazem a política e a economia girarem. Dentro da escola, há várias maneiras diferentes de pensar em formas de colocar a mão na massa para proteger o meio ambiente e vamos mostrar agora algumas delas.
Jovens pela caatinga
Um bom exemplo surgiu entre os alunos do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Profissional Lucas Emmanuel Lima Pinheiro, em Iguatu (CE). Desde 2015, um grupo de estudantes da instituição trabalha no projeto “Cruzando os Sertões da Mata Branca: Educação e Sustentabilidade na Caatinga”, cujo principal objetivo é valorizar e proteger a preservação da caatinga, o único bioma que é exclusivamente brasileiro. Por meio dessa iniciativa, os jovens convenceram moradores a reflorestarem suas propriedades e exigiram da prefeitura a priorização de espécies naturais da Caatinga em espaços públicos da região. Outra ação do grupo foi a participação na formação de professores da rede municipal para reiterar a importância de se ensinar para as turmas sobre o bioma. O projeto conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores a Lei Municipal 2.404/16, que tornou obrigatório fortalecer políticas públicas de valorização e preservação da caatinga. Os estudantes também catalogaram plantas típicas do bioma e organizaram um mutirão de faxina em áreas verdes.
Filtro elimina microplásticos da água
Outro caso notório é o de um aluno de 17 anos de Itajaí (SC). Gabriel Fernandes Mello Ferreira se tornou o primeiro brasileiro a vencer o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, específico para projetos ligados à qualidade da água. A ideia inovadora de Gabriel consiste na criação de um filtro que retira microplásticos da água, invenção que o aluno pretende patentear. Com o passar dos anos, objetos de plástico expostos às intempéries soltam partículas que acabam misturadas à água que consumimos. O filtro inventado pelo estudante separa essas partículas da água, tornando-a apropriada para consumo.
Unidos pelo bosque
Já uma iniciativa de estudantes de uma escola em Vila Verde (PR) foi a representante do Brasil no World Education Week 2021, evento internacional que convida instituições de ensino a compartilharem seus melhores projetos. Denominado “Bosque do Futuro”, o empreendimento foi criado em 2018 por alunos de sete a dez anos. A ideia surgiu quando os jovens notaram diversos problemas em um bosque próximo à escola, como o despejo inapropriado de esgoto. Em seguida, os estudantes prepararam uma maquete de dois metros de comprimento que representava suas ideias para fazer da região poluída um ambiente educacional capaz de oferecer contato com a natureza e com a comunidade, possibilitando a realização de trilhas, pesquisas e aulas no local.
Menos Fogo, Mais Vida
Um empreendimento mais tecnológico foi concebido por estudantes do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Coronel Rafael de Siqueira, na Chapada dos Guimarães (MT). O projeto, baseado na criação de um satélite em formato de cubo focado no monitoramento de queimadas e da mudança climática, está entre os semifinalistas da 8ª edição do Prêmio Respostas para o Amanhã, parte de um programa global da Samsung que busca impulsionar o desenvolvimento de soluções tecnológicas e científicas para problemas locais. A meta da equipe é coletar dados que permitam análises mais profundas sobre as queimadas que acometem a região e, consequentemente, sua fauna e flora. Com isso, tanto o meio ambiente quanto a saúde da população, prejudicada pela fumaça gerada por queimadas, podem ser beneficiados. O satélite vai contar com sensores de umidade, temperatura, pressão atmosférica e outros indicadores, permitindo um estudo aprofundado dos fenômenos visados. O nome escolhido para o projeto é Less Fire, More Life (Menos Fogo, Mais Vida). Veja detalhes do projeto no vídeo abaixo no minuto 2:37.
Você também pode participar
Fora do Brasil, existem outras iniciativas de jovens que podem ajudar na proteção da natureza. Como forma de incentivar alunos de escolas públicas e privadas a desenvolverem produtos e técnicas sustentáveis, diversos prêmios internacionais buscam premiar as melhores ideias. Exemplo disso é o Rainforest Kids Challenge, concurso aberto para qualquer criança ou adolescente que puder conceber ações capazes de salvar e proteger florestas pelo mundo. Existe também o Children’s Climate Prize, que anualmente premia jovens que trabalham em soluções sustentáveis para o planeta. Já o Science Days Challenge, parte da gigante feira de ciências para jovens e educadores Science Days, procura incentivar a formação de cientistas e futuros especialistas no espaço.
Os jovens foram responsáveis por um dos movimentos mais importantes pelo meio ambiente nos últimos anos, o Friday’s For Future, que teve início com a greve de Greta às sextas-feiras. Inspirados pelo discurso da jovem sueca, jovens de diferentes países começaram a se mobilizar para lutar por um futuro mais justo, igualitário e sustentável. Para os ativistas, enquanto as atuais lideranças políticas tomam decisões ineficazes para enfrentar as mudanças do clima, eles, os jovens, serão os principais prejudicados, pois terão que viver em um planeta mais quente por consequência das ações dos adultos. Por isso, as iniciativas que buscam encontrar alternativas para problemas atuais e tornar o mundo mais sustentável são soluções que podem beneficiar a qualidade de vida na Terra. Mãos à obra?