Crise no Enem: mais servidores devem sair do Inep na próxima semana
Reportagem da revista VEJA revela denúncias de assédio moral no Inep. Funcionários falam em desmonte do órgão
Mais servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem e outras importantes avaliações, devem sair do órgão nessa semana, revela reportagem da revista VEJA publicada neste domingo (7). De acordo com a apuração, existe “a expectativa da saída de, ao menos, um diretor e alguns coordenadores”. O Ministério da Educação (MEC) já teria sido informado da possibilidade das saídas.
Na última semana, dois coordenadores ligados diretamente à aplicação do exame pediram exoneração. Hélio Júnio Rocha Moraes, coordenador-geral de Logística da Aplicação, e Eduardo Carvalho Sousa, coordenador-geral de Exames para Certificação, trabalhavam há mais de dez anos no órgão.
As duas saídas preocupam servidores do Inep em relação a segurança e funcionamento do Enem 2021. Durante assembléia em frente ao prédio do Inep, em Brasília, na última quinta-feira (4), um grupo de funcionários denunciou uma suposta “falta de comando técnico” da presidência do órgão e como isso pode causar riscos para o exame. Segundo eles, a atual gestão promove um “clima de insegurança e medo”.
Faltando duas semanas para a aplicação do Enem, a crise da atual gestão do Inep, comandado por Danilo Dupas, pode se agravar. Documentos exclusivos obtidos por VEJA revelam que “a presidência exercida por Dupas e algumas diretorias subordinadas a ele têm imposto mudanças no quadro de funcionários sem consulta e vetado transferências que já haviam sido acertadas previamente entre quadros do Inep e suas chefias diretas”.
A reportagem denunciou ainda um processo de auditoria interna que desagradou os funcionários. Segundo relatos dos próprios servidores, incluindo estagiários e office boys, os funcionários foram chamados para entrevistas presenciais para detalhar suas atribuições. No entanto, eles afirmam que falta domínio técnico do trabalho que é realizado por parte dos entrevistadores.
“O objetivo desses encontros não é melhorar a eficiência do Inep, e sim dar argumentos para a presidência intensificar o processo de desmonte”, disse um assessor à reportagem da VEJA. Outra funcionária disse à revista que “o clima é de medo, desconfiança, intimidação, perseguição e insegurança psicológica” no órgão. O Inep não se posicionou sobre as apurações levantadas pela revista.
Após a exoneração dos coordenadores Hélio Júnio e Educardo Carvalho, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) se pronunciou por meio do Twitter. A entidade solicitou audiência pública com o Inep e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para cobrar explicações sobre o andamento do Enem.
O GOVERNO BOLSONARO ESTÁ ACABANDO COM O ENEM!
Mais dois coordenadores do INEP foram exonerados hoje, a menos de 20 dias para a prova. Entre eles o responsável da LOGÍSTICA. 😱
Tá cada vez mais difícil para os estudantes terem segurança na prova. +https://t.co/N7I06REeGV
— União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (@ubesoficial) November 5, 2021
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