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Enem 2019: o que esperar da prova de Ciências da Natureza e Matemática

Será que podemos esperar uma prova mais "neutra" mesmo nas exatas e biológicas?

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 7 nov 2019, 14h20 - Publicado em 6 nov 2019, 23h58
 (Mari Helin/Unsplash/Reprodução)
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Se os assuntos cobrados no primeiro dia do Enem 2019 não surpreenderam tanto quando se considera o histórico do exame, superaram ao menos as expectativas de quem aguardava uma prova sem nenhum debate social. A começar pela redação, que propunha um tema que abria espaço, inclusive, para tecer críticas a algumas medidas do atual governo. 

Em Ciências Humanas e Linguagens, falou-se de direitos dos idosos, de discurso de ódio, escravidão e refugiados. Mas, ao menos na prova de História, dois dos temas mais predominantes nas edições anteriores ficaram de fora: não apareceu sequer uma questão sobre Ditadura Militar ou Era Vargas, como o professor Marcos Vinícius de Morais, da Oficina do Estudante, de Campinas (SP), havia previsto em entrevista para o GUIA na semana passada. 

No geral, os professores classificaram a prova do primeiro dia como “neutra” e sem grandes polêmicas, como o presidente do Inep havia anunciado há algumas semanas que ela seria. No primeiro semestre, a autarquia criou uma comissão para analisar todas as questões do Banco Nacional de Itens, que guarda as questões do exame, e separar as que não fossem “pertinentes”. 

Agora, os pouco mais de 3,9 milhões de candidatos que continuam na disputa por uma boa nota no exame querem saber o que esperar, afinal, do segundo dia de provas, que acontece no próximo domingo (10). Conversamos com os professores de Matemática, Biologia, Física e Química da Oficina do Estudante para te ajudar a se preparar. Confira!

Biologia

Dentro da prova de Ciências da Natureza, Biologia divide espaço com as questões de Física e Química. Considerando as mudanças mais sutis no primeiro dia de prova do Enem, o professor de Biologia Marcelo Pavani, que também é diretor do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante, acredita que a probabilidade de mudanças nessa disciplina também é baixa. Isso porque as questões dos anos anteriores eram, em sua maioria, eminentemente técnicas, “com enunciados curtos e diretos, frequentemente contando com pequenos excertos”. 

Ele espera, inclusive, que o tema mais cobrado nas últimas edições continuem com força nesta: a ecologia. Segundo o professor, esse é um assunto frequente devido à possibilidade de interdisciplinaridade e por ser uma temática de maior domínio por alunos em todo Brasil. A ecologia pode aparecer, inclusive, associada a acontecimentos da atualidade, como os impactos da lama de Brumadinho e Mariana nos ecossistemas e a devastação na Amazônia influenciando na regulação climática. Até mesmo os agrotóxicos, que já foram pauta no primeiro dia, podem voltar a aparecer. 

Segundo o professor, alguns temas de Biologia mais improváveis, mas que poderiam suscitar polêmica são os que falam da relação entre sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero.

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Química

O professor de Química da Oficina, André Luis Bueno, não está tão certo assim sobre a presença de questões mais críticas envolvendo meio ambiente. Segundo ele, perguntas que relacionavam, por exemplo, aumento da emissão de poluentes com assuntos da Química eram frequentes nos últimos anos de Enem, mas podem ser reduzidos para evitar debates polêmicos. Sendo assim, ele aposta em uma prova mais técnica, e destaca alguns conteúdos que podem aparecer. Confira alguns deles:

– Cálculo estequiométrico 

– Termoquímica

– Geração de energia (pilha);

– Radioatividade 

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– Biocombustíveis (bioálcool, biodiesel, biogasolina)

O professor destaca ainda uma importante efeméride deste ano que pode aparecer de alguma forma: a tabela periódica faz 150 anos. Além disso, ele também aposta que o tema da Olimpíada Brasileira de Química, que fala este ano de nanopartículas, possa ser abordado na prova principalmente no que se refere aos nanotubos de carbono.

A interdisciplinaridade, bem como a interpretação de gráficos e tabelas, também é uma aposta. 

Física

“Com base nas provas dos últimos anos e no primeiro dia de provas de 2019, os candidatos não devem esperar grandes surpresas em relação às questões de Física”. Quem afirma é o professor de Física da Oficina, Rodrigo Araújo. Ele pontua que mesmo os debates mais “polêmicos” que podem envolver as áreas de exatas, como a contraposição entre religião e ciência, sempre ficaram longe da prova de Física. O esperado, portanto, é que o perfil da prova permaneça próximo dos últimos anos. Mas, afinal, que perfil é esse? 

A prova de Física do Enem tem, segundo Rodrigo, um perfil mais conceitual — ou seja, exige mais o domínio de ideias, conceitos e a capacidade de interpretar fenômenos do que habilidades de cálculos propriamente dito. 

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“Nessas questões os candidatos devem analisar os dados apresentados em gráficos, tabelas ou diagramas e relacioná-los entre si e com os conhecimentos específicos da disciplina. Também são muito comuns os problemas em que os candidatos devem identificar o fenômeno físico envolvido em um determinado processo”, explica. Isso não significa, segundo ele, que dominar os cálculos não seja útil. Por vezes eles podem ser úteis para analisar os fenômenos expostos. 

Em relação às áreas da Física mais cobradas, o professor as enumera, baseado nos anos anteriores, na seguinte ordem: mecânica, eletricidade e magnetismo, ondulatória, termologia, óptica e física moderna.

Por fim, vale dizer que embora os temas “polêmicos” não apareçam escancaradamente na prova, os terraplanistas podem se dar mal em alguma questão que o tema apareça interseccionalmente. Um exemplo dado pelo professor é que, em 2019, completam-se 100 anos da observação do eclipse solar que ajudou a comprovar algumas previsões da Teoria da Relatividade geral de Albert Einstein. 

Matemática

Com 45 questões, a prova de Matemática do Enem é mais extensa do que a de outras disciplinas neste segundo dia de prova. Mas é a que mais costuma se distanciar de grandes debates. Pela coerência e lógica com os anos anteriores, o professor de Matemática Rodrigo Donizete Serra, o Rod, que dá aulas na Oficina, não espera mudanças. 

Entre os assuntos mais cobrados estão a estatística (leitura e interpretação de gráficos; média, mediana, moda), geometria espacial e plana, além de porcentagens, problemas com as quatro operações básicas, escalas e probabilidade.  

No mais, o professor aconselha os estudantes a praticarem a famosa técnica pega-varetas: nada de perder tempo com uma única questão! Se ela estiver difícil, pule para as mais simples e volte depois. Assim você garante uma boa pontuação pela Teoria de Resposta ao Item, método de correção aplicado pelo Enem.

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