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Neste domingo (13), mais de 2,4 milhões de estudantes participaram do primeiro dia do Enem 2022. A prova, que contou com os cadernos de Linguagem e Códigos e Ciências Humanas e suas Tecnologias abordou assuntos como questões indígenas, anexação da Crimeia pela Rússia, desigualdade educacional na pandemia, desemprego e geografia urbana. Já a redação teve como tema os “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil“.
+ Confira aqui um modelo de redação sobre o tema escrito por uma professora
Para Sérgio Paganim, diretor do curso Anglo, o diálogo entre textos foi uma das principais características da prova deste ano. “Fazia algum tempo que a prova de redação não tinha ecos nas provas de Linguagens e de Ciências Humanas”. Enquanto a redação tratou de povos tradicionais – que incluem indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros – as questões de ambos os cadernos trataram da quase dizimação da etnia pataxó e da importância da preservação cultural de comunidades indígenas.
Vinícius Haidar, gerente de Avaliações da plataforma de ensino SAS, afirma que o Enem manteve o nível de leitura tradicionalmente exigida nos cadernos do primeiro dia. “O que chamou a atenção foi a quantidade de questões que possuíam Texto I e Texto II, o que aumentou a exigência do aluno com a atenção, o cuidado e o cruzamento entre os textos, mas não necessariamente aumentou a dificuldade de cada um dos textos”, afirma Vinícius.
Para Anderson Rodrigues, diretor pedagógico do curso Oficina do Estudante, de Campinas, no geral, a prova pode ser considerada de nível médio, justamente por conta dessa alta demanda de leitura.
“No geral foi uma boa prova, na qual o aluno tinha que estar preparado para resolver e entender a coletânea, e ter um conhecimento de mundo também foi importante neste ano. Não era uma prova que só com interpretação de texto o aluno conseguiria resolver.” relata Vinícius.
Vinícius também relata a diversidade de textos de veículos de diferentes localidades do Brasil. “A prova procurou manter uma proximidade com os estudantes de todas as regiões do país. Dentro da própria coletânea da redação, uma das fontes era um jornal do Amazonas. Então tivemos a presença de fontes bem diversas para a prova. Uma prova bem ampla em termos de cobertura geográfica.” finaliza Vinícius.
Para Sérgio a prova realizada no primeiro dia de Enem tem três aspectos fundamentais que a caracterizam. O primeiro deles é a quantidade de leitura exigida, que equilibra a tradição de possuir autores clássicos, mas que também inseriu autores modernos.
“No primeiro dia, encontramos duas questões de Machado de Assis, Joaquim Antônio de Almeida, Michel Foucault e Hannah Arendt e Sêneca, por exemplo, que são escritores e pensadores clássicos. Mas também somaram-se a eles, Clarice Lispector, Chico Buarque, Luiz Fernando Veríssimo, Carolina Maria de Jesus. Portanto, tivemos um equilíbrio de autores e temáticas.”
Outro grande aspecto, segundo Sérgio, foi a variedade de gêneros textuais. “Encontramos posts, crônica, tirinha, cartaz, mapa, texto publicitário. Uma série de gêneros textuais com seus recursos expressivos, explorados principalmente na prova de Linguagens e Códigos. A ironia, a seleção lexical, a variação linguística, mas tudo dentro da leitura de gêneros.”.
No caderno de Linguagens e Códigos, imagens como charges, pinturas e propagandas para serem analisadas ganharam destaque. Já no caderno de Ciências Humanas, os mapas foram o principal foco deste ano, com quatro questões que pediam para o candidato fizesse análises, além de duas perguntas que continham gráficos.
Além disso, a variedade de temáticas contemporâneas também foi um dos principais aspectos do primeiro dia do Enem 2022. Feminicídio, preservação dos povos tradicionais, a arte na internet, a violência no futebol, tecnologia de acessibilidade para surdos, fatores de discriminação das mulheres, exclusão digital, ocupação urbana, são alguns dos exemplos de temas que caíram neste ano. “Uma prova de leitura da sociedade, de leitura da cidadania, por isso a gente encontra uma série de temas modernos”, finaliza Sérgio.
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