Enem 2020: salas lotadas mesmo com mais da metade ausente
Justiça garante que estudante só refaça a prova a que não pôde comparecer nas datas de reaplicação; saiba mais
O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no último domingo (17), causou polêmica: apesar da taxa de abstenção recorde de 51,5% , candidatos relataram salas acima da capacidade. Em meio à pandemia de covid-19, mais da metade dos inscritos não comparecerem para fazer prova. Ainda assim, houve casos de candidatos barrados na porta dos locais de prova. E, entre os que entraram, o desconforto de se expor a um risco maior do que o esperado.
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De acordo com relatos nas redes sociais, candidatos que chegaram dentro do horário e com a inscrição regulamentada foram impedidos de entrar nas salas de aplicação devido à falta de espaço adequado. Uma das medidas de biosseguranças anunciadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) era o distanciamento de, pelo menos, 1,5 metro entre as carteiras dos candidatos. Na prática, porém, houve salas com capacidade máxima mesmo com alto número de inscritos ausentes.
O estudante Vinícius Koji, 17, realizou o primeiro dia de prova em São Paulo (SP) e conta que o fiscal de sua sala solicitou para os candidatos diminuírem o espaço entre cada carteira para poder comportar todos os inscritos – mesmo com cerca de dez ausentes. “O nosso distanciamento estava sendo feito de acordo com as cadeiras, uma cadeira sim, outra não. Entre as cadeiras havia uns espaços e tivemos que nos juntar um pouco mais do que o correto para que pudessem colocar mais mesas na sala.”
Koji conta que a reorganização da sala foi feita pelos fiscais e inspetores e que, em certo momento, foi chamado outro funcionário para ajudar com as carteiras. “Ele disse que já esperava que aquilo iria acontecer. Eles falavam entre si com um tom de voz meio decepcionado, como se já soubessem que aquilo iria ocorrer”. O candidato conta que a sala ficou cheia depois da reorganização das carteiras: “A sorte foi que não chegou mais ninguém e, no final, a inspetora deu um jeito para conseguir acomodar com segurança todos os participantes que estavam lá.”
Na hora da chamada, Koji percebeu que cerca de dez pessoas haviam faltado. “O que eles iriam fazer pra acomodar essas dez pessoas, caso elas tivessem ido realizar a prova?”, questiona o estudante. “Ninguém sabe, eu não sei, eles não sabiam. Provavelmente, essas pessoas iriam perder a prova.”
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O relatório oficial do Inep garante que o incidente ocorreu em apenas 11, dos 14 mil locais de prova. Segundo os dados divulgados, candidatos de Curitiba (PR), Londrina (PR), Florianópolis (SC), Caxias do Sul (RS), Canoas (RS) e Pelotas (RS) foram impedidos de entrar em salas que já haviam atingido o limite da capacidade de alunos com distanciamento entre cada carteira. Entretanto, há ocorrências da mesma situação em outras cidades do país: Mogi das Cruzes (SP), Porto Alegre (RS) e Santa Cruz do Sul (RS).
Caos em Santa Catarina
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a prefeitura e o Ministério Público Federal foram acionados pela reitoria na sexta-feira anterior à prova (15) após ser constatado que as salas da universidade estariam com 80% da capacidade de alunos, número maior que os 50% garantidos pelo Inep.
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No domingo de prova, horas antes do exame, a organização do Inep retirou algumas carteiras das salas para respeitar o limite máximo de segurança. E poucos antes do início da prova, por volta das 13h, a Vigilância Sanitária de Florianópolis chegou à universidade, mas não constatou irregularidades. Ainda assim, os limites das salas foram atingidos e candidatos ficaram de fora do exame. Eles vão precisar solicitar a reaplicação.
Reaplicação em fevereiro
O Inep ainda não se pronunciou especificamente por que alunos foram barrados na prova. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em coletiva de imprensa que a realização da prova foi um “sucesso”.
Na tarde de quarta-feira (20), a juíza Marisa Claudia Gonçalvez Cucio, da 12ª Vara Cível Federal de SP, determinou que o segundo dia de prova, marcado para esse domingo (24), não será cancelado e que os candidatos barrados têm o direito de participarem da reaplicação em fevereiro.
“Esse infeliz planejamento pode ter prejudicado inúmeros alunos, os quais devem ter garantido o direito de realizar as provas”, afirmou a juíza na sessão. Ela determinou ainda que os alunos barrados no primeiro dia devem participar do segundo dia de prova. E farão na reaplicação apenas o dia correspondente ao não realizado.
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A reaplicação do Enem ocorrerá nos dias 23 e 24 de fevereiro. Ela comportará os inscritos do estado do Amazonas, de duas cidades de Roraima, os que comprovarem covid-19 ou outra doença infectocontagiosa na semana anterior da prova (esses precisam ter seus pedidos deferidos) e os candidatos que foram fazer a prova em locais que tiveram problemas de infraestrutura (como falta de luz).
O candidato que se infectar com doença infectocontagiosa durante esta semana, tiver algum problema em seu local de prova ou for barrado na entrada por lotação máxima deverá solicitar a reaplicação pela Página do Participante entre os dias 25 e 29 de janeiro.
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