O diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Anderson Soares Furtado Oliveira, pediu exoneração do cargo. A decisão foi publicada nesta quarta-feira (26) no Diário Oficial da União. Furtado ficou à frente da coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos últimos oito meses.
Em seu pedido de demissão, Oliveira afirmou que o motivo de deixar o cargo é “exclusivamente de ordem pessoal”. Segundo a reportagem do jornal O GLOBO, o servidor estava tentando deixar o cargo há algum tempo por conta de embates com o alto comando do Inep, incluindo o presidente do órgão, Danilo Dupas. No ano passado, Oliveira se posicionou em defesa da autonomia dos servidores e contra a interferência externas nas questões do Enem, contrariando a presidência.
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No documento que o GLOBO teve acesso, Oliveira também prestou contas à cúpula do órgão, que teria insinuado ausência de ações concretas no departamento que ele chefiava. O servidor listou 18 entregas feitas no ano passado pela equipe, com o destaque na elaboração de um projeto de inteligência artificial aplicada à avaliação educacional. A proposta visava soluções em correção de redações e revisão de itens.
Agora, Oliveira irá integrar a Secretaria de Educação do Estado do Paraná (PR). Para substituí-lo, o governo nomeou Michele Cristina Silva Melo, aliada do Ministro da Educação, Milton Ribeiro. Ela já fazia parte do Inep, mas até então como diretora de Estudos Educacionais.
Mais demissões
Na semana passada, após o fim da aplicação do Enem 2021, o governo exonerou Alexandre Avelino Pereira do cargo de diretor de gestão e planejamento do Inep. A decisão foi assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e publicada no “Diário Oficial da União” do dia 19 de janeiro. Pereira também estava no grupo dos servidores que foram contra os planos da cúpula de terceirizar o banco de itens das provas.
Na mesma semana, também foram exonerados três coordenadores que haviam renunciado em novembro. São eles: Marcela Guimarães Côrtes, coordenadora-geral da Gestão de Pessoas; Hélio Junio Rocha Morais, coordenador-geral de Logística da Aplicação; e Andréia Santos Gonçalves, coordenadora-geral do Desenvolvimento da Aplicação.
Crise do Inep
Em novembro, nas vésperas do Enem 2021, mais de 30 funcionários do Inep pediram exoneração coletiva. A maioria dos que assinaram a carta de demissão eram coordenadores do órgão. Na ocasião, os servidores denunciaram assédio moral, desmonte do órgão e tentativa de interferência ideológica na elaboração do Enem.
Segundo documentos obtidos com exclusividade pela revista VEJA na época, “a presidência exercida por Dupas e algumas diretorias subordinadas a ele têm imposto mudanças no quadro de funcionários sem consulta e vetado transferências que já haviam sido acertadas previamente entre quadros do Inep e suas chefias diretas”.
Apesar da preocupação com o funcionamento do Enem diante da debandada de demissões, o exame ocorreu normalmente. Mas as movimentações na equipe do órgão devem continuar, como mostrou as exonerações nas últimas semanas.
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