Entenda o movimento que fez o MEC alterar a metodologia do SISU
Após críticas dos candidatos nas redes sociais, Ministério da Educação retorna ao antigo sistema de classificação das edições anteriores
No último domingo (11), o Ministério da Educação anunciou uma alteração no cálculo da nota de corte pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu). A mudança elimina a possibilidade de “classificação dupla” e faz com que a classificação dos candidatos volte a ser como era nas edições anteriores. A alteração veio menos de dois dias depois do anúncio de uma ampliação no prazo de inscrição no processo que, originalmente, se encerraria na sexta (9) e agora vai até quarta-feira (14).
O retorno à metodologia antiga é uma resposta a uma série de críticas de estudantes e professores nas redes sociais. Segundo os relatos, a “classificação dupla” e a “nota fantasma” estariam causando uma inflação nas notas de corte, prejudicando a inscrição dos estudantes. Entenda como tudo aconteceu:
🗓 6 a 8 de abril: candidatos criticam o sistema
Com a abertura do processo seletivo, os candidatos se queixaram nas redes sociais da metodologia usada no cálculo da nota de corte, e, consequentemente, na classificação parcial. O movimento conseguiu chamar a atenção de políticos e de representantes públicos.
Em um ofício que foi enviado à Defensoria Pública da União, a deputada federal Tabata Amaral (PDT) escreveu que a “nova metodologia adotada no SISU infla artificialmente as notas de corte das simulações, deixando cerca de 3 milhões de alunos sem referências para saber em quais universidades irão se candidatar”.
Recebi vários relatos de estudantes e professores preocupados com a nova metodologia do SiSU, que prejudica a escolha dos candidatos. Por isso, enviei ofício ao MEC pedindo mais prazo e que eles revejam a metodologia. Pedi tb à Defensoria Pública da União providências judiciais! https://t.co/TqtW7CjRqD
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) April 9, 2021
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Amaral também afirmou que a mudança no sistema poderia causar uma onda de estudantes escolhendo “outra instituição ou curso diferente do pretendido apenas para conseguir ter acesso ao Ensino Superior – o que pode gerar, no pior do cenário, um aumento na taxa de evasão e um dispêndio desnecessário de recursos públicos.”
🗓 9 de abril: MEC amplia prazo do processo
O pedido da deputada se juntou ao de Paulo Teixeira (PT), também deputado federal, assim como as ações civis da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Na sexta-feira (9) – originalmente, o último dia do Sisu – a resposta do Ministério da Educação foi ampliar o prazo das inscrições, adicionando mais cinco dias ao processo, que se encerra na quarta-feira (14).
Ao não levar em consideração os pedidos de revisão do sistema e do fim da “classificação dupla”, a alteração, porém, não agradou os candidatos. Em um vídeo publicado nas redes, Amaral diz que a decisão de ampliação foi um ato unilateral do MEC, sem consulta aos participantes.
A decisão de adiamento do SiSU foi tomada pelo MEC de forma unilateral e sem qualquer conexão com as nossas ações. Do nosso lado, continuaremos trabalhando para que os estudantes tenham acesso a um processo justo e transparente. Entendam 👇🏼 pic.twitter.com/1ESJRRtloj
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) April 10, 2021
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A real é que de nada adiantaria mais prazo sem mudar o cálculo da nota de corte.
O MEC decidiu, sozinho, sem consultar ninguém, AUMENTAR O PRAZO SEM MEXER NA METODOLOGIA QUE PEDIMOS PARA MUDAR.
E isso, como vocês puderam ver, ninguém pediu. A culpa é do Governo Bolsonaro.
— Movimento Acredito (@acreditobr) April 10, 2021
Com mais cinco dias de processo seletivo adicionados, muitos candidatos que já se consideravam aprovados na sexta-feira viram suas notas não passarem nas novas classificações.
só pra deixar registrado que caso o SISU não tivesse prorrogado eu já teria passado na USP xD#sisu2021 pic.twitter.com/e5ljfSdcba
— Eduardo (@thedraude_) April 11, 2021
A principal reclamação continuou sendo a nova metodologia utilizada pelo sistema.
adiar o SiSU sem tirar a dupla classificação só atrapalha mais ainda o candidato caramba
— augusto (@0tsugua) April 10, 2021
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Em vídeo, representante da aliança Faísca Juventude demonstrou sua insatisfação.
Pra além das diversas falhas, a não atualização das notas à 1hora da madrugada, o #sisu ignora a demanda dos vestibulandos de recorreçao das notas
Precisa lutar contra os cortes em defesa das cotas e pelo fim do vestibular e a estatização das privadas pic.twitter.com/svChTx45xo— ✨ Faísca ✨ (@faiscajuventude) April 10, 2021
🗓 11 de abril: MEC altera metodologia da classificação
No domingo (11), o Ministério da Educação anunciou que tanto o cálculo das notas de corte quanto a classificação parcial dos candidatos inscritos voltariam a seguir o regime adotado nos anos anteriores, antes das duas edições de 2020.
Em nota, esclareceu que “a nota do candidato parcialmente classificado no curso de sua primeira opção de inscrição não será mais computada para efeito do cálculo da nota de corte do curso de sua segunda opção.”
De acordo com o texto divulgado, o sistema de inscrição do Sisu fará a alteração em dois momentos. “[…] De zero hora até uma hora de terça-feira (13) o sistema fará o processamento e a apresentação do primeiro ranqueamento das inscrições nesse formato; o segundo momento ocorrerá de zero hora até uma hora de quarta-feira (14)”.
Segundo o MEC, os candidatos terão durante toda a terça-feira e quarta-feira para fazerem suas escolhas de acordo com a mesma metodologia que era utilizada nas edições anteriores. A decisão foi comemorada por candidatos e figuras públicas nas redes sociais.
Entramos com uma ação pedindo o fim da lista fantasma/dupla classificação pois isso ATRAPALHA os estudantes que estão tentando ingressar na universidade. Após muita pressão dos estudantes o MEC anunciou o fim da dupla classificação a partir de terça feira (13). Lutar vale a pena! pic.twitter.com/34gE10q8XD
— UNE- VIDA, PÃO, VACINA & EDUCAÇÃO 💙🥖💉✏️ (@uneoficial) April 11, 2021
“É o mínimo de respeito”, compartilhou a deputada Sâmia Bonfim.
Finalmente o MEC anunciou que vai resolver os problemas que ele próprio causou. A partir de amanhã o SISU não terá dupla classificação, é o mínimo de respeito aos sonhos dos estudantes brasileiros. Mais um episódio do governo Bolsonaro sabotando o acesso ao ensino superior!
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) April 11, 2021
Candidatos relataram também o desgaste mental que todo o processo tem causado.
O sisu é um processo tão desgastante pra saúde mental dos candidatos que faz vários dias que eu n durmo, n como, n estudo direito, pq n consigo parar de pensar nessa desgraça. Acordo pensa do no sisu, passo o dia plantada na frente da tela e n durmo esperando o corte parcial
— sujeito inexistente (@_lellie) April 11, 2021
Daora mas agora eu cai 30 posições na minha classificação pq um dia depois q era pra fechar todo mundo jogou a nota pra ela eai???? Perdi minha vaga na federal por causa de voces
— Elsa (@tomlinstriper) April 11, 2021
Haja saúde mental para aguentar tanto despreparo e incompetência no MEC em relação o Sisu 2021!!! O que mais vem por aí! #respeitopeloestudantebrasileiro.
— FagnerMenezes7 (@FagnerMenezes5) April 12, 2021
O pior é saber que esse mesmo problema afetou a inscrição das duas edições do Sisu em 2020. No ano passado, os estudantes já haviam acusado o erro e apontado como o problema prejudicava a escolha dos estudantes para a lista de espera.
Qual a sua opinião sobre as mudanças no Sisu 2020? Compartilhe em @guiadoestudante.